Renascença

A floresta IV

As vezes o desespero toma conta de nosso corpo, o medo restringe os movimentos. Não é fácil se dominar e agir por conta própria em algumas situações, no entanto, tudo é diferente quando o que possui o seu corpo, possa ser a causa da sua morte.
Um urso enorme rugia sobre suas duas patas traseiras. Seu pelo vermelho brilhava com a luz das chamas refletida.
Indiferente da fera, a agressividade era massiva nas outras criaturas ao redor de seu alvo.
Herstell teve poucos segundos para tomar seu corpo de volta e se esquivar contra o ataque do urso. Os movimentos bruscos ainda faziam seu corpo tremer de dor.
Mesmo com todo o desespero e aflição, estava preparado para esse tipo de situação. Respirou fundo e bateu com as duas palmas no chão.
A terra em baixo da pequena horda de animais começou a tremer e trincar, em segundos abriu um buraco que fez com que se afastassem alguns centímetros. Das profundezas da rachadura, muitas raízes saíram e proliferam, crescendo até folhas de dois metros que cobriam o solo. Um botão gigante de flor se abria lentamente, mas seu perfume ja fazia com que alguns animais desmaiasse. A cada pétala um animal. O urso do perdendia seus sentidos e demonstrava tontura, e por fim a flor de lótus estava aberta e o urso escarlate dormindo.
Herstell arfava, seus pulmões ardiam pelo excesso de fumaça. Enfim ele se reergueu e correu em direção ao elefante colossal que lutava contra um homem alto e musculoso. A fera estava machucada em uma de suas lindas orelhas, mas ainda tinha muitas vantagens que deixava claras as chances de derrota do seu desafiante. Ele golpeou o homem com suas presas de madeira e barriu alto. Em seguida caminhou em direção a seu alvo, seus passos eram pesados e afundavão suas patas no chão.
Herstell entrou em sua frente.
O animal abriu suas orelhas, exibindo os belos ornamentos e cores como uma borboleta.
_ Se acalme! _ Berrou Herstell.
O animal barriu e o chão tremeu.
_ Se acalme!
"Porque esses animais não me entendem como Atlas?" Pensou.
"Eles te entendem, só não o acham dignos do respeito" . Explicou a Deusa.
"Mas não basta todos esses 187 anos treinando?"
"Não, você terá que conquistalos... Salvar a floresta seria um bom começo."
"Certo!"
_ Se acalme grandão... Você é enorme em...
O animal recuou com a tromba agitada.
_ Você realmente é um colosso...
_ Eu vou te matar!! _ O homem havia se levantado e estava apontando uma arma para o elefante.
O animal barriu e ficou sobre as duas patas.
_ Não! Você não vai fazer nada. _ Herstell fuzilou o homem com os olhos. _ Abaixe a arma devagar... Ou nós vamos morrer. _ ordenou.
O homem acatou.
Herstell voltou sua atenção para o animal.
_ Escuta grandão, vou te chamar de Tifão, pode ser?
A fera pareceu se acalmar.
_ Tifão, eu preciso da sua ajuda, precisamos apagar esse fogo e salvar a floresta.
O animal barriu novamente agitando suas orelhas.
_ Não se preocupe com essas pessoas. Elas não vão te ferir, mas se não fizermos nada o fogo vai destruir nosso lar...
O elefante se acalmou.
"Acho que consegui".
_ Tifão, tem um rio bem próximo daqui, você conseguiria chegar lá?
O animal barriu e foi em direção ao lago com passos largos e pesados.
Herstell respirou fundo.
_ Ei! _ o homem lá atrás gritou.
_ Diga. _ respondeu Herstell se virando.
_ Você meio que salvou minha vida... acho que te devo algumas desculpas.
_ Sim você deve, mas não temos tempo pra isso agora, seu amigo ali não parece bem e a floresta não pode virar cinzas.
_ Cer... Certo. _ O homem ficou surpreso com a resposta. _ O que eu posso fazer pra ajudar?
Foi a vez de Herstell ficar surpreso.
_ Você pode colocar esses dois pertos um do outro.
_ Uhum. _ Ele correu em direção ao homem com rabo de cavalo que estava encostado em raízes trançadas.
Enquanto isso Herstell se aproximou do homem que esteve caído desde sua chegada. Havia um ferimento fundo em sua barriga.
"Isso deve ter doído"
Quando os dois homens estavam inconscientes estavam lado a lado, Herstell se concentrou em outra meditação de segundos. Uma aura verde emanou em seu corpo. O homem grande o olhava boquiaberto como o garoto algumas horas atrás.
Em um intervalo de 30 segundos o homem viu passar por si uma borboleta amarela limão, ela brilhava como olhos de panteras à noite. Em seguida uma horda de borboletas idênticas tomaram a cena, pousaram delicadamente sobre as feridas dos dois homens caídos.
_ Mas que merda é essa?
"Parece que já ouvi isso antes".
_ Pronto, vamos embora. Eles ficarão bem.
_ Quê? Mas e esses insetos?
_ São borboletas, elas irão curalos. Gastei o restante da minha energia pra isso.
_ Hã? Não entendi...
_ Não temos tempo pra isso, depois lhe explicarei tudo.
_ O que vamos fazer?
_ Há um rio aqui perto, acho que eu conseguiria usar a água dele.
_ Tem uns baldes do carro do outro lado da ponte, vou buscá-los.
Quando olhou para o outro lado do abismo, uma frota de carros se aproximava deixando uma cortina de poeira vermelha para trás.
_ Essa não! _ disse o homem.
_ O que foi? _ indagou Herstell se virando para o horizonte.
_ Meus reforços chegaram.