XIX - Corpos e Fantasmas

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O mundo estava em chamas

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O mundo estava em chamas. O mundo estava em chamas e eu precisava correr. Era tudo que eu sabia enquanto o fogo consumia meus braços e pernas, descendo pela minha garganta, fazendo meus olhos cegos.

No fim das chamas, Fox me esperava. Estava inteiro vestido de branco, com uma coroa, sorrindo de forma ansiosa.

-Você, Bethany, aceita Fox como seu legitimo marido? – perguntou uma voz nas chamas.

Ele estendeu a mão para mim, como se pudesse me tirar das chamas tão facilmente assim – Sim – eu arfei, engasgando. Ele enfim conseguiu segurar minha mão.

-E você, Fox, aceita Bethany como sua legítima esposa? – perguntou a mesma voz, agora fora das chamas, em um lugar iluminado. Isis olhava para nós dois. – Fox?

Fox olhava para minhas mãos, cobertas de fuligem negra, confuso – Eu não posso. Não posso me casar com você Bethany.

-Não, ele não pode – Isis riu. Atrás dela, um espelho refletiu uma estranha para mim. Uma garota tão negra quanto à noite havia tomado meu lugar, tão coberta de escuridão que eu sequer conseguia encontrar seus olhos ou sua boca. Em volta, o salão inteiro parecia confuso.

Em seus rostos eu via Alicia. Apolo estava lá. Isabel também, balançando a cabeça em desaprovação.

E então, o fogo nos alcançou, consumindo todos nós com chamas.

Acordei tossindo, com a fumaça real da fogueira que Tuwalole apagava. Havíamos cavalgado o dia anterior inteiro, e dormido em torno da fogueira, sob as estrelas, o mais perto do fogo que podíamos ficar sem que as brasas nos ferissem. Meu acesso de tosse acordou Uzuri, que estava aninhada contra mim.

-Já é de manhã – ela murmurou, voltando a cabeça para cima com os olhos apertados.

A verdade é que estava apenas amanhecendo – o céu ainda era mais cinzento do que azul, mas quanto mais tempo pudéssemos ganhar, melhor nossa situação. Acordamos todos os outros com cuidado, e então guardamos tudo novamente na carroça e comemos junto aos cavalos antes de todos começarem a montar.

-Precisa de ajuda? – perguntou Kambami, aparecendo ao meu lado e se abaixando com as mãos juntas para me ajudar. Agradeci com um sorriso cansado, e montei ignorando a dor nos meus quadris e seguindo junto a Azizi e Tsehai no fim o grupo.

-Você sabe, toda essa formação foi pensada para protegê-la – riu Tsehai, os olhos firmes no caminho pedregoso em nossa frente – Assim, não faz sentido que siga no final do grupo.

-Não precisam me proteger – suspirei, me arrumando na sela, e então sorri – Mas se eu me esforçar um pouco mais vocês provavelmente vão acabar me carregando o resto do caminho.

-E isso atrasaria a todos nós – concordou Azizi, felizmente se juntando a mim a caçoar – Talvez devesse ter aceitado ir com Cléo na carroça. Ela parece bastante confortável.

O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora