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YOONGI

Joalin demorava mais que o normal. Resolvi tomar o remédio por mim mesmo enquanto navegava pelo celular e olhava as fotos minhas antigas: umas em festas com amigos, outras em pescaria com minha ex, Hyuna. O pior de tudo, que eu ainda não aceitava, era o modo como tudo acabou e como muito desses amigos não são meus amigos, apenas Hoseok e Namjoon.

Minhas lamentações foram interrompidas por Joalin adentrando o local com o nariz avermelhado e trêmula. Me levantei, dei alguns passos, mas travei lembrando de minhas limitações.

— Joalin, o que foi? Foi assaltada?

— vejo a marca em seu rosto. — Quem fez isso, Joalin? – aquilo me deu uma certa angústia.

— Nada… — uma lágrima escapa. — Já tomou seu remédio?

Ela passa por mim, apenas pego em seu pulso, a impedindo.

— Yoongi! — ela me olha surpresa.

— Eu perguntei o que houve. — reforcei firme e a soltei, me afastando dois passos.

— Eu… meu pai. Ele reapareceu e... — ela soluçava. — Ele queria ba-bater em mi-minha mãe, tentei intervir. — ela desaba chorando, colocando suas mãos no rosto. — Ele queria levar meu irmão...

— Fica calma, senta aqui. — aponto pro sofá e ela se senta.— Calma.

Vou até a TV e ligo em um programa de comédia.

— Volto já. Aproveita e coloque suas luvas.

Vou até um canto afastado da casa e ligo para Hoseok.

— Alô?

— Hoseok, o que um cara que não pode se aproximar nem 5 passos de uma garota pode fazer para confortá-la em um momento delicado?

— Uau, você consolar alguém… Pesado.

— Sem brincadeira fútil, diga logo!

— Assista com ela algum filme legal e aconselhe ela, você tem conselhos bastantes precisos. Tenta não ser grosseiro.

— Ah ok, valeu! — desligo e volto até a sala, então me sento. — Eu tomei o remédio, não se preocupe.

— Ah... que bom.

— Me conte sobre ele. — a encaro.

— Sobre meu pai?

— Sim! — concordo.

— Bem, minha família se mudou pra cá quando meu irmão tinha só dois anos. Agora ele está bem grandinho e se chama Otto. Meu pai começou a sair demais, gastar dinheiro em bebidas e com prostitutas. Minha mãe queria divorciar, mas ele não aceitava e antes dela conseguir o divórcio, ele pediu ajuda dela para pagar uma dívida absurda, senão ele seria morto. Ela disse que ajudaria em nome de nós e depois ele sumiu, não ajudou a pagar a dívida, e na verdade, até hoje estamos pagando. Falta pouco.

— Essa dívida.. — ele interrompe. — Foi com o que mesmo?

— Bebidas, mulheres... Boates de luxo. — vejo ela morder seus lábios apreensiva. Nunca tinha reparado como seus lábios eram avermelhados.

— E quanto ainda falta para pagar? — subo o olhar para seus olhos.

— Cinco mil. Pagamos de pouco em pouco, porque minha mãe precisa pagar a casa, escola, comida e plano de saúde.

— Entendo.

— E só agora consegui emprego. — ela dá de ombros.

— Bem, você quer ver  um filme comigo? Quem sabe... tomar um vinho? — sugeri.

— Não se importa?

— O que?

— Não se importa em beber vinho com uma babá pobre como eu? — ela sorri ladino e eu fecho a cara.

— Ha, ha. Estava demorando — pego o controle. — Hoje você irá assistir um filme francês comigo.

— Ai... não, Yoongi.

— Que foi? Você deve conhecer meu gosto sofisticado.

— Mas eu não sou sofisticada. — ela forma um bico em seus lábios.

— Pois vai aprender na marra a ser uma.

— E se eu não quiser?

Coloco o filme "O fabuloso destino de Amelie Poulain".

—  Não pedi pra assistir, babá Joalin. —  estico minhas pernas no sofá. — Eu mandei... — enfatizo. — Assista.

— Ah...ok! — ela vira o rosto e encara o filme, que por sinal, era bom.

[...]

Ela trouxe o vinho, vestia já suas luvas e o cabelo estava preso.

— Bom, vamos beber. — pego e nos sirvo.

— É cem porcento álcool? — ela pergunta.

— Não, é metade metade. —  entrego a sua taça. — Um brinde à França.

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Revisado e corrigido 11/11/2020

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