O PREÇO A $E PAGAR

8

YOONGI

Ela que começou. Essa babá idiota. Agora quer bancar a mal humorada.

Ao descer para tomar o remédio de gotas, ela lia uma revista.

— Eu já arrumei toda a casa e deixei seu remédio em cima da bancada.

Suspiro e dou meia volta, indo até ela.

— Não pode me tratar friamente só porque não acredito em Deus.

— Você não acredita. — ela se senta me encarando. — Você só não tem ninguém para culpar e culpa Deus. Diz que não acredita, quem tem olhos para ver, veja, mas se quer fingir de cego e mudo, — dou de ombros. — se você acredita ou não,  não muda o modo como irei te tratar. Mas no momento que você o culpa, já afirmando sua existência para culpá-lo e ainda age como um bipolar comigo, isso cabe a mim se lhe trato com afetividade.

— Achava que havia aprendido a perdoar e ter amor.

— Claro que aprendi, como você. A diferença é que pratico, não lhe ofendi e não estou lhe desmerecendo.

— Está sim.

— Em que exatamente?

— Me evitando ou me tratando fria...

— Não foi o que você queria? Aliás, não ia tomar seu remédio? — ela se deita.

Ok. 1 a 0 para mim.

Depois de tomar o remédio, fui para meu quarto. Certamente estava inquieto, andava de um lado para o outro. Não posso dormir com essa culpa ou esse sentimento, ela teve dias horríveis. Peguei meu celular e liguei para ela, que atendeu.

— O que foi?

— Está vestida?

— Estou, por quê?

— Suba aqui. Estou mandando.

Desligo.

JOALIN

Adentro seu quarto cansada. Ele estava no piano, não entendia.

— O que foi? — cruzei os braços.

— Sente-se em minha cama. Você vai me ouvir tocar.

— E se eu não quiser?  — dou de ombros. Seus olhos profundos e obscuros me encaram de forma que me deixava tensa.

— A última vez que eu toquei com todo meu coração, foi na última noite que eu estava bem de saúde... — engulo seco e concordo, me sentando na cama.

Me sentei e observei ele começar a tocar as sinfonias. Seu olhar dedicado e sério, suas mãos articuladas e sua postura perfeita trazia um peso de elegância e equilíbrio. Ao final do toque da música, Yoongi se virou e me encarou, arqueando as sobrancelhas.

— Está chorando? — pergunta surpreso.

— Eu... achei lindo. De verdade, você tem um talento e tanto.

— Me desculpa. — ele pede cumprindo os lábios. — Você tem razão... Eu sou um babaca, vazio e culpo todos para justificar minha dor.

— Mas você pode mudar isso, Yoongi. E estou aqui pra te ajudar, mesmo você não querendo. — sorri e ele apenas deu um sorriso ladino.

— Preciso dormir.

— Tá, boa noite...

— Boa noite! —  me levanto acenando.

Revisado e corrigido 11/11/2020