O PREÇO A $E PAGAR

7

JOALIN

— Brinde.— brindamos. Era até engraçado.

O filme era legendado e não era tedioso. Às vezes, eu o olhava de relance. Como ele tinha uma pele tão incrível? Era tão branco como a neve.

Achei fofo o modo que ele, mesmo não podendo e não gostando de mim, me consolou. Aliás o vinho até que era bom.

— Gostou?

— Hum? — o olho.

— Do vinho. — ele me olha.

— Sim, realmente é ótimo.

— E o filme?

— Não gostei.— volto a encarar o filme sorrindo ladino.

— O que? — ele pergunta.

— Brincadeira, bobo.

— Argh. Chata você, hein?

— Olha quem fala, senhor bactéria.

— Vai pro inferno. — sorri quase rindo.

[...]

Depois que organizei o básico da casa, Yoongi disse que eu poderia ir para a casa cedo. Amanhã eu dormiria aqui.

Saí da sua casa bem aliviada, realmente me senti bem melhor. Ao chegar em casa, subi e vi meu irmão dormindo. Fui até ele e depositei um beijo em sua testa.

— Anjo.

Saí e fui para meu quarto me deitar.

[...]

Brr brr brr.

Abri os olhos com dificuldades pela preguiça, mas fui me arrumar para o trabalho. Ao descer, me sentia disposta.

— Filha! Olha o que chegou pra você. — minha mãe me entrega um envelope amarelo.

— Tá... —  franzi o cenho.

Ao abrir, havia um papel e tinha escrito:

"Cinco mil foi depositado para pagar as dívidas de seu pai, esse foi o preço que recebe por ter assistido filme comigo."

— Então, o que diz? — minha mãe pergunta e meus olhos brilharam olhando aquilo.

— Eu... Eu..  — olho para ela.

— Sim?

— Vou trabalhar logo. Te ligo mais tarde contando tudo.

Pego minha bolsa e saio apressadamente dali. Yoongi ficou louco.

[...]

— Cinco mil, Yoongi?! — pergunto enquanto cortava legumes.

— Sim... Cinco mil! — ele se senta no balcão, respondendo de forma simplista.

— Não precisa, eu estou trabalhando para isso.

— Joalin. — ele me interrompe com calma. — Eu só te livrei de uma dívida que atrapalhava, aliás eu tenho bastante dinheiro. Agora só se preocupe em pagar seu aluguel, comprar roupas pra você e ajudar seu irmão.

— Ok... — ele sorri. Uau! Ele sorriu, estou emocionada. Paro fingindo uma careta de choro.

— Você é extremamente besta. Já terminou meu almoço?

— Quase. Quem manda acordar tarde. Você já tomou seu remédio? — coloco a panela no fogo.

— Sim... — ele responde com um suspiro pesado. — O que tinha no contrato?

— Qual contrato? — me concentrei ajustando a intensidade do fogo.

— Do emprego... Enfim.

— Você está falando até demais. — confiro a panela fervendo.

— Olhe para mim.

— Estou concentrada....

Sinto suas mãos me virar e ele ficar tão perto, mas rapidamente ele se afastou.

— O que tinha no contrato?

— Bem... O modo de me vestir tinha que mudar, não posso lhe tocar, dormirei aqui aos finais de semana... E só!

— Talvez seja a verdade, mas não toda...

— E o que você quer que eu fale? — franzi o cenho.

— Nada. Quando estiver pronto, leve para o quarto.

Ele sai da cozinha rapidamente. Esse menino é estranho às vezes.

Ao me aproximar de seu quarto, escuto  as sinfonias, era o toque mais lindo que já ouvi. Entrei limpando a garganta e ele parou de tocar.

— Se eu pedisse pra continuar tocando, continuaria?

— Não, eu estou tocando para distrair a fome. — ele toma a bandeja, colocando sobre as pernas e começa a devorar.

— Você nem para para agradecer o alimento. Vai morrer engasgado.

— Não oro por quem não existe. — ele comenta ríspido.

— Por que ele não existe para você?

— Não vê? Eu? O caos no mundo? As doenças?

— Acha que Deus tem culpa nisso? Você não acha que os humanos também não tem culpa por entrar nesse caos? Será que você não está com essa doença pra aprender como ser uma pessoa melhor?

— E sua mãe merece? — ele me encara.

— O que?

— Merece levar um pisa de seu pai? Ou sofrimento?

— Não.

— Eu também não com essa doença madura. Não me importo com sua pena ou fé. Cai fora daqui.

— Yoongi, eu....

— Cai fora! — ele ordena, falando alto.

Suspiro. Apenas vou até a porta e o olho.

— Me desculpe.

Saio do quarto.

Revisado e corrigido 11/11/2020