4: Tori

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Fortes baques vinham da porta do quarto, trovejando pelo ambiente rodeado de vinhas por dentro que mantinham o jovem Rowlet tão confortável apesar de tanto barulho. Por pouco não tinha entrado em seus sonhos, perturbados por visões difíceis de distinguir.

Quando estava prestes a atingir um alívio em sua mente depois do sonho tão abstrato e confuso, é acordado pelo susto com tantas pancadas teimosas.

-Tori! Vamos, acorda! -diz a voz fina tão familiar a esta altura do campeonato.

Com o rosto ainda cansado e indisponível para muita coisa, a coruja abre a porta e recebe o tão energético Scorbunny, que não hesita em saltar em Tori como primeira mensagem de "bom dia".

-Oi, Fir... -diz o Rowlet de forma seca- O que houve?

-Como assim? Eu quis te ver, já que o Kurozu disse que íamos até você hoje!

Tori decide não relevar o choque da informação que mal tinha se dado ao trabalho de lembrar depois de tanto assunto novo no dia anterior e suspira. Tinha um nome a se acostumar num mundo novo; considerava mais importante que este encontro com o coelho irritante.

Fir oferece de sua bolsa uma fruta azulada e redonda, surpreendentemente bonita e com um aroma cítrico.

-Pode pegar! Eu trouxe uma pro nosso café; Kai e Marceline já comeram.

-Como? -Tori questiona.

-O nosso grupo veio junto! -o sorriso largo deixava seu dente bem à mostra- Vamos te ajudar com a guilda! Se quiser participar, é claro...

Enquanto mordia e fazia o possível para tratar a tal fruta como uma laranja, aproveitando seu sumo tão energético; Tori ergue o rosto para dar a resposta ao colega.

-Ah, tudo bem. -responde com um certo desinteresse- Só que eu ainda não conheço esses dois...

O sorriso de Fir lentamente se desfazia, dando a entender que o tal coelho não tinha colocado isto em sua cabeça.

-Ah, é... -tinha desanimado tão de repente quanto viera ao quarto perturbar Tori- Já sei! Eu te apresento; vem!

Fir puxa Tori pela asa e corre para fora daquele quarto, correndo e ziguezagueando entre todos os Pokémon que dormiam nessa estadia; altos, baixos, quentes e gélidos, de todas as formas que conseguiam viver entre si mesmo tão discrepantes. Na entrada, a figura alta da qual se lembrava vagamente desde que havia acordado parava por lá, junto da outra mais baixa, larga e com enormes orelhas.

-Kai! Marci! -Fir os chama com um grito nada conveniente- Trouxe o Tori!

O Blaziken alto e robusto logo na manhã mostra um olhar irritado, claramente de censura ao grito do coelho hiperativo. O olhar compassivo de Marci acalma o coitado, embora não deixe de lhe calar também. Tori sentia-se sob o conforto de uma mãe caridosa e atenciosa.

-Então você é Tori. Escolheu bem o nome. -ela sorri à coruja, que nada diz- Fir nos contou tudo, nos desculpe por não nos apresentarmos. Eu sou Marceline, ou Marci, se quiser encurtar.

Com uma pisada surpreendentemente forte vinda de Marci, o Blaziken recompõe-se deste incômodo e faz o que lhe foi "pedido".

-Kai. Só isso. -e volta a encarar a rua- Já terminaram? Temos que ir.

Sem mais uma palavra de nenhum dos quatro, vão todos para a rua, seguindo pelos tijolos bem iluminados pelo sol morno da manhã até a entrada do grande castelo da guilda. Aquela estrada trazia uma iluminação confortável a Tori, de uma forma que jamais tinha sentido. Era um abraço revigorante de luz e calor que lhe despertava prazeres novos como um Pokémon.

Pokémon Mystery Dungeon: O Resgate da EsperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora