0.3 - Alive

18 0 0
                                    


Depois que Yuki foi embora da minha casa, comecei a arrumar as coisas para a viagem, mas não só elas também separei as que iriam para doação. As coisas que ainda servem, pois mesmo eu não querendo ainda tem muitas pessoas que precisam e não podem ter. E aos poucos a casa vai se tornado vazia e sem graça.

Quando já está tudo em seu devido lugar e embalado, levo caixa por caixa para a sala onde seria fácil de pegar quando o pessoal viesse buscar. Seria tantas coisas que ficariam para trás, mas das quais eu não me arrependo.

Bunny estava animado, tanto que eu não duvido que ele seria capaz de comprar as passagens para próxima hora, ou para o dia dia seguinte, sem planejamento algum ou algo do tipo. E ainda tinha o fato de que não me acostumei com a ideia dele ir comigo.

Mas pelo menos inicialmente eu não teria que me preocupar com onde eu iria morar. Porém com o tempo eu teria que procurar um lugar definitivo. Já que a ideia é mandar Yuki de volta, e, sendo assim devolveria as chaves da casa.

E enquanto estiver aqui procuraria alguém interessado em alugar meu apartamento, e com o dinheiro tentar abrir um negócio no Japão ou apenas procuraria um emprego. Mas acho que eles não iriam contratar um jovem tatuado, com maus hábitos, e que não está cursando nenhuma faculdade.

Foram dias procurando alguém que quisesse alugar a casa. Dias esses que Yuki ficou me perturbando querendo viajar, parecia que iríamos tirar férias, e eu já estava a ponto de querer estrangular aquela criança.

E com esses dias também vieram os primeiros sintomas, as mudanças de humor, e tudo que eu queria, era ir embora antes que alguém que conhecesse meus pais, ou os amigos daquele idiota me vissem.

Graças a Deus o dia da viagem chegou, e os pais de Bunny estavam na maior correria com as malas do filho, e no meio delas as minhas. Enquanto eu olhava o quarto pela última vez para ver se não estava esquecendo nada. Já que desde que eu aluguei minha casa, estava morando com eles. Os senhores Kimura estavam me tratando super bem, me mimando, e isso estava causando certo ciúmes no meu coelhinho.

Caminhar pelo aeroporto vendo todas aquelas pessoas rindo e felizes, fez grossas lágrimas descerem por meu rosto, a dor que eu sinto por ter que deixar tudo para trás que até então estava adormecida volta com tudo, mas eu sei que é necessário. Sinto o braço de Bunny na minha cintura, por um momento eu havia esquecido que ele estava ao meu lado, por conta do silêncio que estava entre nós.

- Tem certeza que quer fazer isso?

- Absoluta, não tem como voltar atrás. - Suspiro. - Não era você que estava animado para ir para o Japão?

- Mas tem um motivo para você querer ir não tem? Eu te conheço.

- Ele fez a escolha dele, e eu estou fazendo a minha.

- Oh, então isso é pelo seu namorado?

- Não... Quer dizer sim... Olha eu não sei. - Me irrito. - Não quero falar sobre isso.

- Eu não vou falar nada. - Ele rir. - Mas ele é um idiota.

- Faz você muito bem, e sim ele é. - Bagunço seu cabelo. - Ainda dá tempo de desistir, sabia?

- Eu não vou desistir, eu vou com você, não importa aonde, eu sempre vou estar contigo, hyung. Para te proteger.

- Eu te amo, sabia? Por mais que às vezes tu seja um chato.

- Eu não sou chato, é meu charme.

- Charme? - Começo a rir. - Isso não tem nada haver com charme.

Seguimos andando até a área do check-in, e enquanto nós verificamos se estava tudo certo eu podia sentir o peso do olhar da mulher em mim.

- Senhor, está tudo bem?

- An... Claro, está tudo bem.

- O senhor tem certeza?

- Meu irmão só está um pouco nervoso, sabe? Ficar longe de casa, dos amigos, e ele vai sentir falta dos pais.

- O sobrenome de vocês são diferentes, e dos seus pais também. Vocês realmente são irmãos? - Ela arqueia a sobrancelha.

- É que eu sou adotado. - Bunny fala baixo, como se fosse um segredo. - E eu finjo que eu não sei de nada.

A mulher fica nos olhando estranho, não acreditando na história.

- Desculpa. - Sou um tapa na cabeça dele. - Nós não somos irmãos, eu só sou o responsável legal dele, pode ver nos papéis que estão aí.

- Yah, não corta meu barato.

- Fica quieto, daqui a pouco eles não nos deixam viajar e eu vou te bater. Você sabe o quanto essa viagem é importante.

- Desculpa moça. - Ele pede se virando para a mulher. - Ele está fugindo do ex, ele era um idiota, e meu hyung não quer mais ver ele.

- Pirralho, cala a boca. - Falo perdendo minha paciência. - Ela não precisa saber da minha vida pessoal.

- Não é mais pessoal a partir do momento que eu descobri e contei para meus pais, e não podemos esquecer da tia aí.

- Você contou para seus pais? - Perguntei incrédulo. - Como você descobriu?

- Você deveria ter disfarçado melhor ou poderia ter colocado uma senha no celular.

- Você mexeu no meu celular?

- Ele estava apitando, eu queria saber quem era.

Era por esses e outros motivos que não queria ele como companhia, ele só faz merda. A mulher fica rindo e logo nos libera, nós vamos até os bancos onde iríamos esperar o nosso voo ser chamado.

E enquanto esperávamos eu peguei meu celular e fiquei olhando as coisas que tinha nele, se fosse para ir morar em outro país, começar uma nova vida, nada melhor do que apagar tudo que fosse referente ao passado, como as nossas fotos, as fotos de família, o seu número e o número dos meus pais. Se era para sair da vida de vocês, eu não iria precisar de nada disso.

Bad HabitsOnde histórias criam vida. Descubra agora