0.5 - Treehouse

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Enfim consegui olhar tudo depois de dormir por quase dez horas. Arrumei minhas coisas no lugar, e aos poucos o quarto foi ficando como eu queria, do meu jeito, Bunny disse que se eu quisesse poderia pintar as paredes da cor de minha preferência, mas ainda não tinha me decidido.

Agora sem nenhuma preocupação tomando meu tempo, precisava procurar um médico e avisar os pais de Yuki. Eu não sabia como ele iriam reagir, pois apesar deles serem legais, isso não muda o fato que eles eram pais, e os senhores Kimura mesmo no pouco tempo que nos conhecemos, cuidaram melhor de mim do que meus próprios pais, em todos os meus vinte um anos.

Pego o telefone e meu notebook para pesquisar uma clínica que fosse perto, já que eu não conhecia a região. Me assusto quando o celular começa a tocar.

- Alô?

- Kyong? Como você está? Como estão as coisas por aí? - Pergunta Sayuri.

- Vão bem, e aí? - Resolvo ignorar a outra pergunta. - Estava pensando em vocês a alguns minutos.

- Coisas boas, eu espero. - Ela gargalha. - As coisas aqui, estão como sempre. Tirando o fato que não temos alguém gritando pela casa. Falando nisso, e o Yuki? Como ele está?

- Bem, neste momento está jogado no sofá, resmungando para televisão. - Nós rimos. - Quer falar com ele?

- Não, eu já conversei com ele, só perguntei por hábito. Eu só queria realmente saber como você está. Quando eu liguei mais cedo, você estava dormindo.

Nós fizemos uma pausa, e ficamos assim por alguns minutos. Eu fico olhando para o armário como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo.

- Tem alguma coisa lhe incomodando que quer me falar?

- Talvez. - Falo, brincando com um pano.

- Quer me contar? - Pergunta.

- Não sei, vocês podem não gostar.

- Tudo no seu tempo, não se sinta pressionado, eu vou enten...

- Estou grávido. - Falo de uma vez.

O silêncio do outro da linha é assustador, me sinto desconfortável com aquilo.

- Espera, deixa eu ver se entendi direito. - Ela respira fundo. - Você disse que está grávido?

- Sim. - Suspiro. - Quer dizer, eu posso estar errado, já que ainda não fui ao médico.

- Ai meus Deus, eu não acredito! Vou ser avó. - Ao fundo posso ouvir Iori perguntando quem está grávido. - Nós vamos ser avós.

- Yuki, vai ser pai? - Bato levemente na testa.

- Não querido. - Ela rir. - Nosso filho mais velho.

- Eu não acredito nisso. - Respiro fundo, esperando uma reação negativa. - Sou muito novo para ser avô.

Eles parecem ter aceitado tudo numa boa, enquanto eu estava quase surtando.

- Ah querido, não seja tão careta. - Eles continuaram conversando como se eu não tivesse na linha.

- Sayuri. - Chamo. - Eu ainda estou aqui.

- A seu irresponsável. - Ela gritou do nada. - Como você muda de país estando grávido? Como vão ficar as coisas quando sua barriga crescer? Você ao menos foi ao médico?

- Eu precisava me mudar, não tinha mais condições de eu ficar aí. E eu vou me virar, não se preocupe vai dar tudo certo, e sobre o médico, estou procurando um.

- Eu posso te ajudar com isso. - Ela suspirou. - Ainda tenho o contato da minha obstetra.

- Meu deus, qual é a necessidade. - Começo a rir. - A mulher nem deve atender mais.

- Ela se tornou minha amiga, e ainda trabalha. Vou procurar o número dela, depois eu te passo.

- Obrigado, por tudo. - Faço uma pausa. - Acho que não vou conseguir te pagar pelas coisas que fez, e faz por mim.

- Não precisa, você foi um anjo que entrou nas nossas vidas. - Sua voz falha no final da frase. - Eu que tenho que agradecer pelo o que você fez.

- Então... Na verdade eu ainda não tenho certeza. - Troquei de assunto antes que aquela conversa fosse para algo que eu não gostava de falar. - Pode ser só coisa da minha cabeça.

- Sinceramente, eu pensei que você fosse mais responsável. - Nós rimos. - Mas vou te deixar em paz, depois nós conversamos.

- Até.

- E por favor, se cuida. - Ela suspirou. - Não estamos mais por perto para te ajudar. Mas ainda estaremos aqui.

- Obrigado, tchau. - Desligo.

Fico ali olhando para a parede como se as respostas para todas as minhas perguntas estivessem ali. Logo Yuki entra na cozinha, ele abre a geladeira e pega uma garrafa d'água e coloca na minha frente, ele pega um copo enche, ao terminar de beber me oferece, mas eu recuso.

Ele fica me olhando silenciosamente, e o clima vai ficando meio tenso, enquanto isso várias coisas se passam pela minha cabeça. Porém a única coisa que eu consigo focar, é que Yuki ouviu minha conversa, já que ele está estranho.

- Não tenho dinheiro. - Falo qualquer coisa.

- O que te faz pensar que eu quero dinheiro? - Ele resmunga.

- Não é isso? O que foi?

- Nada. - Mas ele parece desconfortável.

- Eu te conheço, aconteceu alguma coisa?

- Não sei, me diz você. - Nesse momento minha mente fica em branco. - Aconteceu alguma coisa?

- Sua mãe. - Falo, ele franze o cenho. - Acabei de falar com ela, fiquei sabendo que enquanto dormia, ela ligou.

- Não é sobre isso que estava falando. - Ele faz uma careta. - Você sabe muito bem do que eu estou falando, além que tem estado estranho nos últimos dias.

- Está tudo bem, são só algumas coisas que estão me perturbando, nada de mais. - Me levanto e dou um abraço em Bunny. - Você não precisa se preocupar.

Bad HabitsOnde histórias criam vida. Descubra agora