Prólogo

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O barulho.

A ardência.

E então a ficha cai.

Um tapa.

Ele me deu um tapa. De todas as coisas que eu achei que ele pudesse fazer, por essa eu não esperava. Meu rosto ardia, e as lágrimas já desciam rapidamente por meu rosto e eu não conseguia me controlar, fechei a mão em punhos para evitar que elas tremessem mais.

- Me desculpe. - Ele tenta se aproximar e eu dou um passo para trás. - Eu não queria… Eu juro.

- Não chega perto. - Dou mais um passo para trás.

Ele fica me olhando enquanto o silêncio só aumenta. Os olhos vermelhos, os cabelos bagunçados, não restam dúvidas somente certezas do que estava acontecendo ali, então resolvo ir embora.

- Não, espera. - Ele falou segurando meu braço. - Não vá, vamos conversar pelo menos.

- Conversar? Isso é tudo o que você tem a dizer? - Puxo meu braço com força. - Depois de tudo que eu fiz por você? Desse tapa? Eu disse que seria a última vez que faria aquilo por você.

- Eu não vou fazer novamente. - Ele suspira e passa a mão pelo cabelo. - Eu prometo. Essa foi a última vez.

- Quantas vezes eu vou ter que ouvir isso até que alguma coisa realmente aconteça? - Pergunto, tentando manter a calma. - Sabe o que você me disse a semanas atrás? Você ao menos lembra? Não, não é?

Pelo silêncio percebo que ele realmente não lembrava, e isso definitivamente era o que mais me irritava. Eu queria tanto levar aquele namoro adiante, mas ele só dificultava as coisas.

- QUANDO TUDO AQUILO ACONTECEU, VOCÊ DISSE QUE SERIA A PORRA DA ÚLTIMA VEZ - Gritei, tudo que eu menos queria era me estressar, mas isso estava sendo difícil. - Mais você parece não saber o que significa ÚLTIMA. - Gritei novamente.

- Você sabe como é difícil. - Ele tenta justificar.

- Eu não vou ficar aqui vendo você se acabar desse jeito, isso acaba aqui.

- O que você quer dizer isso?

- Acabou, eu não quero ver isso acontecer mais uma vez.

- Você está dizendo que quer terminar? - Ele pergunta.

- Sim.

- Então é isso? Você vai me deixar?

- Olha, não é a primeira vez e nem vai ser a última, 'tá legal. - Ele suspira tentando manter a calma. - Eu não posso ficar correndo atrás de alguém que só sabe valoriza essas merdas e não me valoriza.

- Você quer ir? Então vai, mais depois não vai vir querendo voltar como se nada tivesse acontecido.

- Pode deixar, que dessa vez o idiota aqui, não vai vir atrás de você novamente, muito menos quando você me ligar chorando pedindo ajuda. - Falo segurando as lágrimas. - Eu só espero que você se arrependa de tudo que está fazendo. - Me virei indo em direção a porta e saí.

E o dia que tinha tudo para ser o mais feliz das últimas semanas se tornou o meu pior pesadelo. Mas eu não iria desistir fácil das coisas, ainda mais por ele. Eu lutaria e começaria tudo do zero se for preciso, mais não aqui, não no lugar que só me está me trazendo tristeza.

Caminho lentamente até uma cafeteria ali perto, peço um chocolate quente, e me sento em uma mesa no fundo enquanto aguardo ser chamado. Pego meu maço de cigarro, meu doce e fiel companheiro e fico olhando-o, tentando decidir se fumo ou não.

Bad HabitsOnde histórias criam vida. Descubra agora