Por Dois Olhares ¦ pjm+jjk

Honra

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O garotinho de bochechas avantajadas e olhar afiado encarava o boneco de madeira, concentrado. Aquele era seu inimigo, quem poderia colocar em risco a paz do reino no qual seu pai fazia de tudo para mantê-la. Com o pensamento em mente, empunhou a pequena espada de madeira e se preparou para golpear o objeto inanimado que acreditava fielmente que poderia atacá-lo de volta.

O teria feito, se cabelos pretinhos e uma espada igual a sua não tivessem entrado em seu campo de visão e o bloqueado de acertar o que tanto almejava, antes de derrubar a que estava em suas mãos. Olhou para o chão, frustrado e curioso sobre aquele que havia interrompido o treino diário do príncipe herdeiro e a ousadia que teve em derrotá-lo.

— Ei! — o garoto gritou do nada, assustando o pequeno nobre que ainda tentava assimilar tudo. — Eu sou o Jeongguk, tenho oito aninhos. Qual seu nome?

"Qual seu nome?"?! Jimin fez bico, achando que aquele garoto só podia estar fazendo graça consigo.

— Park Jimin, dez anos. — disse, ainda sem tirar o bico dos lábios e cruzando os braços, querendo intimidar o outro.

— Woaah, Park Jimin?! Como o príncipe?! — arregalou os olhos, impressionado que poderia ter um amigo com o mesmo nome do herdeiro.

— Como o príncipe? — tombou a cabeça, confuso, como aquele menino poderia não saber quem era? — Eu sou o príncipe.

O moreninho arregalou os olhos novamente, só então prestando atenção no outro. A postura reta, o olhar mais sério que a maioria de crianças na sua idade tinham e suas roupas que, com toda a certeza, não eram de segunda mão ou reaproveitadas como as suas próprias. Não tinha dúvidas, era um nobre.

Estava em apuros. Desde bem novinho havia sido ensinado a não tratar da família real como qualquer outra, qualquer pessoa pertencente àquela linhagem deveria ser tratada com máximo respeito e cautela. Não gostava muito das histórias que costumava ouvir durante o dia na praça da vila, onde passava as noites depois de passar a manhã e parte da tarde tentando conseguir comida para si e alguns outros meninos que ficavam por ali.

Deixou a espada cair, apenas para se ajoelhar da maneira que achava correta diante daquele com quem falara tão informalmente minutos antes.

O Park ficou completamente sem jeito. Para o garoto, ver pessoas como ele se portando de maneira tão submissa a alguém tão novo não fazia sentido algum. Ainda não podia fazer nada pelo seu reino, porque acreditavam que tinham que se curvar diante de si?

Antes que pudesse dizer algo, dois guardas seguraram o menor pelos braços, o levantando bruscamente e ralhando consigo. Estava atônito, mas tinha que fazer algo diante daquela situação. Respirou fundo antes de gritar a plenos pulmões.

— Soltem-no!

Os guardas pararam, assustados com a repentina atitude do príncipe, que raramente dava ordens.

— Não me ouviram? Soltem ele agora! — gritou mais uma vez, aos mãos apertadas em punho, nervoso com tudo aquilo.

Assustados mais uma vez, os homens não perceberam que apertavam os braços frágeis do garotinho com uma força demasiadamente desnecessária, Jeongguk se segurava para não desabar em lágrimas, tanto pela dor, quanto pela situação que havia causado.

— Alteza... — um dos guardas decidiu se pronunciar. — Não podemos deixar esse menino aqui, ele invadiu as propriedades do palácio e —

— Mais uma palavra e suas famílias receberão suas cabeças em bandejas de prata nas próximas horas. — Jimin interrompeu, olhando sério para o homem. — Não irei repetir, sou o futuro rei deste lugar e me devem obediência. Soltem-no.