|LIZZIE MORGAN|
As pontas dos meus dedos doem.
Os calos a cada ponta que, de quando em quando insistem latejar, enquanto meus dedos roçam levemente as seis harmônicas cordas do meu violão dourado, me transmitindo uma sensação intensa de paz e tranquilidade.
Toco violão há sete anos.
Comecei as minhas aulas quando minha mãe me deu um violão preto de aniversário. Tive um ataque de choro quando, no ano seguinte, o meu violão queimou-se junto às outras coisas em um incêndio que houve em minha casa.
Mas agora, com vinte e três anos de idade, aqui estou eu, feliz, dedilhando algumas músicas que me vem na cabeça.
Noto a silhueta de Evan, meu irmão mais velho, ao meu lado. Nós moramos juntos há três anos. Pra ser mais exata, no tempo certo em que havia acabado a faculdade.
— Sabia que eu adoro quando você toca? — profere, sentando-se ao meu lado, fazendo com que o incenso do seu inebriante perfume chegasse às minhas narinas.
— Sim. E sabia que você está incrivelmente cheiroso hoje, Evan? — Meu irmão me lança um olhar de ofensa.
— Que absurdo! Só hoje que estou cheiroso? Nos outros eu sou o quê, Elisabeth Morgan? — efeminou sua voz instaneamente, fazendo com que eu voltasse uma gargalhada.
— Um porco com um cheiro repugnantemente cheiroso. — brinco.
— De onde tirou isso? — diz, com um sorriso estampado em seu rosto.
Dou de ombros.
— Sei lá. — sorrio.
Durante alguns minutos, retornei a dedilhar mais algumas músicas. Algumas eram mais difíceis, outras um pouco mais fáceis. Meu irmão e eu éramos uma ótima dupla musical. Eu com o violão, ele, é claro, com a sua lindíssima voz.
Desde pequenos, sempre compartilhávamos um dueto juntos dos sucessos que estavam bombando. Os nossos preferidos sempre foram os The Beatles, ou, se preferir, Led Zeppelin. Mas, óbvio, o nosso prefiro de todos: The Police.
— Isso tá ótimo, Meg. — É assim que Dylan me chama, desde quando crianças. E eu odeio. — Mas, e aí, como está o seu namoro de quase nove anos com... você sabe, aquele sujeito?
O "você sabe", era pelo simples fato que meu irmão detestava o sujeito pelo qual eu havia engatado meu relacionamento que, por sinal, perdura há quase nove anos.
— O sujeito pelo qual você se refere, Evan, é o meu namorado. E, bem, respondendo a sua pergunta, nós não estamos lá na nossa melhor fase. — é tudo que eu digo.
— Como assim?
Eu contaria a Evan? Melhor não.
Ah, quer saber? Dane-se!
— Dylan não é o mesmo já tem um bom tempo. Tem mais ou menos uns dois meses que eu ando notando essa drástica mudança. Nós não estamos saindo direito, só nos falamos pelo celular, e tudo que ele sabe me dizer é que está ocupado por causa do trabalho. — reclamo.
Suas sobrancelhas se unem.
— Meg, sinceramente, eu não sei... — diz, soltando um longo suspiro. — Você não acha que ele pode estar te traindo? Sei lá, do jeito que ele é... Você sabe, eu nunca fui com a cara desse sujeito. Desde o colegial.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois das Sete (HIATUS)
RomanceEm uma misteriosa noite tempestuosa, estava Lizzie Morgan, apressada, na esperança de chegar à tempo numa reunião com os acionistas, para não perder o emprego. Mas, por uma ironia do destino, no centro da encruzilhada que é a vida de Lizzie, seu ca...