prólogo

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|LIZZIE MORGAN|
Dois meses antes

O número está fora de área ou desligado. — encerro logo de uma vez a chamada, nervosa, prestes à tacar meu celular pela janela do carro.

— Droga, Dylan! — praguejo, furiosa, descontando toda minha raiva no volante.

Perfeito, não? Eu namoro há cerca de nove anos com Dylan James e tudo que ele não faz na porra do nosso relacionamento é atender a porcaria do telefone. Incrível.

Se eu soubesse que iria arranjar uma anta como namorado, talvez nunca teria engatado o início desse relacionamento. Dylan James só sabe ser imbecil!

Olho para o lado de fora, sentindo as gotículas de chuva pingarem e escorrerem no vidro do carro. O vento está forte, e a tempestade insiste em não passar. O que me preocupa, afinal, tenho que estar na reunião junto da Sra. Backer daqui a pouco.

Ligo a tela do celular. 18h50.

Faltam apenas dez minutos para a reunião e eu estou presa numa tempestade. Merda. Sra. Backer vai me comer viva se eu me atrasar.

A chuva aumenta a intensidade, o que me leva a acreditar que as estradas de San Francisco irão alagar se eu não tiver pressa em sair logo daqui. Abro um pouco do vidro para ver o que há em minha frente, já que por conta da chuva, a visão se embaça completamente.

Meu celular vidra dentro da bolsa. Assim que vejo, o nome Sra. Backer aparece na tela.

Merda.

— Sra. Backer? — atendo, ainda dirigindo.

— ELISABETH MORGAN! Onde você está? A Senhorita está há cinco minutos atrasada! Venha, nós temos uma reunião urgente com os nossos sócios! — grita, fazendo meus ouvidos latejarem.

— Sra. Backer, me desculpe, eu estou presa na tempestade e...

— Não, Morgan. Eu não quero saber de porcaria de tempestade nenhuma. Você tem dez minutos para estar aqui. Caso contrário, você estará demitida. Está me ouvindo? DEMITIDA. — encerra a ligação.

Porra, Elisabeth. Você é uma ótima em estragar tudo, não é?

Meu dia sempre tem que estar uma porcaria. Primeiro Dylan que me enche o saco, não atendendo nenhuma das minhas ligações. Agora a Sra. Backer me ameaçando de demissão. Só pode estar de brincadeira.

Por que eu estrago tudo? Por que?

Com muita raiva, aperto meus dedos com força no volante, acelerando o mais rápido possível para chegar na reunião dos acionistas.

Olho no relógio novamente. 18h55.

Eu não vou chegar a tempo. Eu vou ser demitida, e tudo que eu construí se irá ao pó por causa da minha irresponsabilidade.

De repente, sou interrompida dos meus pensamentos por algo. Não. Algo não, mas alguém. Alguém que está atravessou o meu caminho.

Aperto freio assim que o vejo. Felizmente, meu carro não o atropelou. Saio do carro, sentindo as gotas grossas da chuva baterem fortemente no meu cabelo, e na ponta dos meus dedos consigo palpar a brisa gélida que percorre pelo ambiente.

É um rapaz.

A ele aparenta seus vinte anos, e mesmo com a chuva, posso notar os seus cabelos loiros que percorrem até a sua nuca. Ele era dolorosamente lindo. Chegando mais perto, percebo o tom azulado no fundo das suas tão misteriosas íris. Eram azuis. Os azuis mais enigmáticos que eu já havia visto na vida. Era uma mistura do azul do céu e o azul do mar. É intrigante, mas ao mesmo tempo é lindo de se ver.

Desesperada, corro até ele, na esperança de que não tenha lhe acontecido nada.

— Você está bem? — pergunto. — Me desculpe, eu não queria te atropelar assim.

Seus olhos azuis me lançam um olhar gélido. Ele solta um sorriso de deboche, levantando-se da estrada — que eu o derrubei.

— Você é louca, não é mesmo, garota? Você quase me matou. — solta um sorriso amargo.

— Eu sou louca?! Olha essa tempestade, você acha mesmo que eu ia enxergar em estava no meio caminho? Você acha que eu so... — Foi aí que eu fui interrompida.

— Shhh — É o que diz. — Eu tenho que ir agora.

Quem é ele pra me interromper?! Argh.

— Espera, não vem nem dizer o seu nome? — pergunto, logo ele olha para trás.

— Seth.

— Por que se vai tão rápido assim? Eu posso te levar lá. — proponho.

— Não precisa. Quem eu amo está prestes a morrer, e eu não posso deixá-la ir sem me despedir. — arqueio as sobrancelhas.

Não pode deixá-la sem se despedir dela.

Sua namorada, ou, é claro, sua esposa que está no leito de morte.

— Tudo bem. Boa sorte para você, Seth. Espero que ela melhore. — é tudo o que eu digo.

— Boa sorte também — sorri

E então e ele se vai.

Assim que entrei de volta no carro, olho na tela do celular. 19h01.

É. Talvez tudo fosse diferente se ele não tivesse atravessado meu caminho um minuto depois das sete.

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Depois das Sete (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora