"Música, em momentos sombrios".

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Eu não consegui dormir, e nem parar de chorar, eu sentia que iria acabar me afogando, afogando minha alma assim, mas não deu pra me conter, estava acontecendo coisas demais, na minha vida, e eu não era uma pessoa forte como deveria, olhei pra o lado e peguei a foto que eu estava com minha mãe e meu pai, eu sempre pensava neles, mas nesses momentos de fraqueza pensava ainda mais.

Eu tinha três anos na foto, e me lembrava perfeitamente, a gente estava de férias, em um sítio, não era um lugar tão mágico quanto os lugares que as crianças da minha sala costumavam ir, mas estar com eles dava mais cor e vida a tudo, eu estava sorrindo muito, por que meu pai tinha feito um balanço pra mim, fazia tempo que eu pedia um, minha mãe estava exausta, como sempre. Ela trabalhava muito, até descobrir que tinha câncer, a partir desse dia vivia de repouso, e eu me sentia péssima, por vê-la sempre tão triste, sempre deitada, como uma senhora de idade, eu demorei um tempo pra entender, e ela acabou morrendo, partiu das nossas vidas sem se despedir, mas eu sabia que ela olhava por mim de onde quer que estivesse.

Meu pai, eu não via desde a sua morte, ele sumiu, eu entendo a sua dor, pois senti a mesma, mas não tinha idade e maturidade para fugir como ele, então fui obrigada a ficar nos cuidados legais da minha tia avó, que era um horror de pessoa na maior parte do tempo.

A vida não é fácil, sei disso desde muito cedo, mas sei também que tudo passa, e que eu ia conseguir, precisava conseguir superar isso tudo que estava acontecendo agora, minha mãe se orgulharia se eu fizesse isso, e era o que eu tentaria fazer.

Melanie estava arrasada com tudo, se sentia a culpada pelo o que aconteceu, mas que culpa ela tinha se minha vida era um caos?

Ela me ligava o tempo todo, queria me convencer de sair com ela, mas eu não iria, claro que não, eu sabia que poderia até me sentir bem, mas também sabia que merecia passar por isso, e que precisava de um tempo só meu, pra resolver as coisas.

Meu celular vibrou, era o Mateus.

" Oi Lya? Pode falar?"

" Oi, as coisas estão meio complicadas aqui, mas posso falar sim.."

" Eu queria me desculpar, não sabia que o Caio gostava de você, juro que se soubesse, não teria te convidado pra sair"

" Podemos não falar sobre isso? "

" Claro, então sobre o que quer falar?"

" Na verdade, no momento sobre nada, então tchau"

Quando ele visualizou, desliguei o celular, não precisava quebrar cabeça falando com esse cara também, se bem que eu devia ter me desculpado com ele, mas tudo bem, eu poderia fazer isso depois, ele iria entender, precisava que entendesse.

Acabei escorregando, e caindo no chão, aproveitei a oportunidade, peguei o violão, nada  melhor que uma boa música, em momentos tristes.

As notas da minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora