"De saco cheio."

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*Primeiro capítulo:*
Olá! Me chamo Merlya, tenho 18 anos, e  uma vida normal, quer dizer eu tinha uma vida normal,  até o oitavo ano quando conheci  o Mateus, e ele disse que gostava de mim, sabe, parece que eu passei tanto tempo tentando encontrar o amor, e depois que ele finalmente bateu a minha porta eu simplesmente quis ignorá-lo. É meio estranho, você deseja tanto uma coisa, mas quando não liga mais, ela simplesmente acontece.
Eu não podia, não podia dar bola para os meus sentimentos, eu estava no terceiro ano do ensino médio, agora tudo parecia decisivo, muitos estavam se decidindo, expandindo seus horizontes, mas eu já sabia exatamente o que queria fazer pro resto da minha vida, eu queria me dedicar a música, e não podia deixar que um cara, tirasse o meu foco, sabia disso, mas quando estava perto do Mateus nada parecia importar, e era por isso o meu medo.
Desde o baile, o cara havia sumido, nem sequer me mandou uma mensagem, e agora, quatro meses depois não saia do meu pé, fala sério. Eu devia dar um ponto final nisso, e eu ia, só estava esperando a oportunidade perfeita. Ah não, lá vinha ele descendo os degraus, direto na minha direção, corri. Mas acabei tropeçando e caindo no chão, tão desengonçada, fico pensando às vezes se só eu sou assim. Ele já estava de frente pra mim. Calma Lya, calma! Um, dois, três.
- Oi Mateus, tudo bom?
- Oi Lya, tudo ótimo, só queria saber se você quer fazer o trabalho comigo, o de física, é em dupla.
- Ah desculpa, eu vou fazer com o L.P, desculpa mesmo, ele me chamou antes.
- Chamei é? - Perguntou Caio agora ao meu lado.
- Claro que chamou seu bobo, vamos! - Falei pegando seu braço com um pouco de força demais e saindo do alcance daquele garoto, que conseguia me deixar desconcertada sem nem mesmo fazer esforço.
- Lya, todo mundo sabe que você gosta do mauricinho, tipo desde o oitavo ano, por quê não se casam logo? - Perguntou meu melhor amigo com a maior cara de deboche.
- Dá um tempo seu idiota! - Falei já correndo pra fora da escola, e deixando o L. P sozinho, como garotos podem ser tão irritantes?
Cheguei em casa, e minha tia como sempre estava deitada no sofá, ela não perguntou como foi na escola, nem se eu estava bem, nunca fazia isso, a essa altura do campeonato eu já havia me acostumado, fui direto pro quarto, e depois de trancar a porta, peguei meu violão, e comecei a tentar pegar os acordes da música que eu estava escrevendo, não foi difícil, vinha ensanhando a meses, logo ela estaria boa, para oferecer a alguns cantores da minha cidade.
Todos saiam ganhando, eu precisava do dinheiro e eles de letras com qualidade, não era tão ruim assim, mas eu queria mesmo era ter coragem, coragem pra cantar e tocar aquilo que faço de melhor, esse dia com certeza iria chegar. Até lá eu precisava me dedicar pra compor ainda melhor.
Depois de duas horas ensanhando, fui tomar um banho e desci para comer, mas quando vi a sopa que minha tinha feito acabei perdendo a fome, e decidi ligar para o L.P pra irmos jantar fora de casa. Logo vesti o casaco e saí noite a fora.
Depois de meia hora eu passei a pensar que meu amigo não vinha mais, e foi isso que aconteceu, então decidi pedir um hambúrguer e um milkshake pra viagem, já estava pagando a mulher, quando Mateus apareceu meio do nada ao meu lado, pra minha surpresa Caio estava atrás dele. Eu olhei com cara melhor que consegui para o Mateus eu matei o L.P com o olhar.
- Oi Mateus, você nos dá só um minuto?
- Claro - ele falou sorrindo, e se afastando de nós.
- Caio, fala sério! Por quê você trouxe esse cara?
- Eu não tive culpa, ele me viu na rua, e me seguiu pra saber se eu ia te encontrar. Desculpa, vamos comer? Tô morto de fome - Disse por fim, saindo de perto de mim.
- Ah seu idiota! - falei, como se ele pudesse escutar a quase cinco metros de distância, fui até eles e pedi a moça que colocasse, meu pedido em um prato, agora ia comer lá mesmo, e foi isso que ela fez não muito contente.
- Yae Mateus, o que faz por aqui? -  Perguntei, pois já não aguentava o silêncio.
- Só tava passando, e decidi ficar um pouco com vocês.
- Ah claro! - falou L.P meio que desconfiado.
- Bem, acho que já faz uns dez minutos que estamos aqui, queria poder ficar mais, mas já tá meio tarde, então tenho que ir.
- Tudo bem, quer que eu te leve até em casa? - Perguntou Mateus.
- Não, eu tô bem, o Caio vai me deixar em casa.
- Na verdade Lya, eu ainda tenho que passar na loja de games, vou comprar umas coisas, pode ir com ele. Depois a gente se vê! - Falou como se tivesse incomodado no mesmo ambiente que eu e o Mateus, e ele também mentiu, não gostava de jogar videogame, e ele sabia que eu sabia disso. Que idiota!
- Tá bom, então vamos Mateus?
- Claro!
Eu saí com o Mateus, deixando o L. P sozinho na mesa, não era certo, mas eu estava com raiva, por quê ele tinha mentido? Nós éramos melhores amigos, nunca  mentiamos um pro outro, se não queria me deixar em casa era só ter dito, percebi que o Mateus tava meio calado, provavelmente percebeu que eu não parecia estar bem.
- Aconteceu alguma coisa? Eu posso ir embora se você quiser - falou meio triste
O que eu tava fazendo? Não podia fazer ele se sentir assim.
- Desculpa, eu só estou um pouco pensativa, mas tô bem, e não precisa ir embora, gostaria mesmo que fosse me deixar em casa! - falei sorrindo sem querer, por quê em parte eu não tava mentindo.
A gente começou a conversar, e eu comecei a suar quando ele pegou na minha mão. Talvez eu devesse dar um chance pra ele, já não me parecia uma maneira ideia ficar com aquele garoto.
- Lya, eu posso..- ele não completou a frase, invés disso tirou uma mecha do meu cabelo, e eu percebi que estávamos próximos de mais, e agora o que eu ia fazer?
Ele foi se aproximando, e eu meio que fiquei nervosa com isso, e gritei.
- Tá tudo bem? - Ele perguntou confuso
- Tá sim, tenho que ir Mateus, tchau e obrigada - falei já me virando e acelerando o passo, agora já estava pertinho de casa, não precisava mais que me acompanhasse, quando olhei pra trás, ele tava com a cabeça baixa, como se quisesse raciocinar, entender o que tinha acontecido, eu lamentava por ele, mas nem eu estava entendendo.

As notas da minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora