Sinto-me tão confortável ao acordar que não quero abrir os olhos. Sinto através das pálpebras a luz solar infiltrando-se pelo ambiente. Está tão quentinho e gostoso... Hum... Reviro-me na cama. Espera! Esta não é minha cama! A minha não é tão grande e confortável assim. Sento-me abruptamente, relembrando o que aconteceu na noite passada. Mas aquilo foi outro sonho louco, correto? Mais uma peça que a minha mente quer me pregar... não é?! Onde estou?
Olho ao redor do quarto, se é que pode se chamar assim, o meu apartamento inteiro caberia dentro dele. O quarto tem uma aparência suntuosa, com uma decoração que eu chamaria de histórica, já que não entendo muito sobre o assunto. A cama é imensa e tem um dossel cor de vinho. Há vários quadros espalhados pelo ambiente, assim como grandes janelas. Paro a minha análise quando o percebo ali, sentado imóvel em um canto mais escuro. Puxo uma respiração profunda de apreensão. Observo que ele está com as roupas elegantes de sempre, e parece que tem preferência por cores escuras.
Será que ele sabe que cores escuras ressaltam seus magníficos olhos, que agora voltaram a ser cinzas? Mas o que estou fazendo?! Em vez de pensar nos olhos dele, eu não deveria entrar em pânico e sair gritando?!
O meu coração pega a deixa e começa a acelerar. Ele se vira para mim, com a sombra de um sorriso e um olhar divertido, como se pudesse ler meus pensamentos.
Ai! Agora estou em pânico e mortificada de vergonha ao mesmo tempo. O que há de errado comigo?
— Bom dia, Leila — Damon finalmente fala, quebrando o silêncio. Ele me cumprimenta de maneira calma e serena, mas seu olhar se mantém fixo em mim, como se quisesse se certificar de que a sua presa não escapará.
Fico temporariamente muda, sem saber o que fazer para o meu cérebro voltar a ter alguma conexão com a minha boca.
— Vejo que está surpresa em me ver. E eu estou satisfeito que finalmente esteja aqui, em meu domínio.
Como assim? Seu domínio? O que isso quer dizer? Penso, mas logo consigo fazer minha boca se mover.
— Onde estou? Quem é você? Ou seria... o que é você? Por que sempre está em meus sonhos? Por que você me persegue? O que aconteceu na boate? Você matou aquele homem? Ele parecia estar tentando me ajudar! Você sabia? O que estou fazendo aqui? O que quer de mim? — De repente, todas as palavras saem, aceleradas, em uma enxurrada de questionamentos.
— Você tem muitas perguntas... É compreensível.
Damon se levanta e começa a caminhar pacificamente pelo quarto, como se fosse comum ter uma mulher desesperada em sua cama. Entretanto, talvez seja, afinal, eu não sei nada sobre ele, sequer sei se esta é realmente sua cama. Tal pensamento apenas piora os meus batimentos cardíacos. Será que vou ter um infarto?
— Não poderei responder a todas elas hoje, mas vamos começar com o básico. Você está, como eu já disse, em meu domínio: o Reino da Guerra. Eu sou Damon, o Rei do Norte.
Sua fala é orgulhosa, e ele continua a caminhar pelo quarto de maneira tranquila. Para diante de uma janela e olha através dela.
— Eu estava na boate porque alguém estava atrás do que é meu.
Então, ele deixa de contemplar a paisagem e olha para mim.
— E eu sempre protejo aquilo que é meu. Nunca duvide disso, Leila! — Suas palavras saem tão penetrantes e profundas, como se estivesse fazendo uma promessa.
Engulo em seco, sem conseguir saber o que pensar sobre sua declaração.
— Sim, eu matei o homem com quem lutei ontem. Você já deve ter pressentido que não sou uma pessoa muito dada a negociações e ao diálogo. E não acredite que todas as pessoas que dizem querer te ajudar realmente querem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Reino da guerra (Degustação)
ChickLitUma estória de amor sobrenatural. Leila tem tido sonhos com um homem misterioso, que resolve aparecer pessoalmente em sua vida. Ela não sabe nada sobre ele, mas uma coisa ela sabe de forma inequívoca: Ele não é bom, ele é perigoso! Envolvida em um...