Você o escolheria?

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- Você pode me esperar lá dentro? - Falei para o mais novo ao pararmos na calçada da minha casa, entregando-lhe as chaves em seguida. Changkyun me encarou confuso e eu apontei para a senhora caminhando do outro lado da rua. - Vou ajudar a vizinha com as sacolas. - Ele virou-se para vê-la, logo pegando minha mochila enquanto ajeitava os livros em seus braços.

- Claro. - Sorriu pequeno, indo em direção a minha casa enquanto eu atravessava a rua rapidamente.

Havíamos ido caminhando, pois "Jay hyung" precisou resolver alguns assuntos e Changkyun decidiu que aproveitaria seu momento de "liberdade" para exercitar as pernas, como o mesmo havia dito. Claro que eu sabia que isso era apenas desculpa para passar mais tempo comigo, já que eu começaria a estudar assim que colocasse os pés dentro de casa.

- Senhora Park? - Chamei em tom brando, observando a mulher me encarar com curiosidade. - Deixe-me ajudá-la. - Apontei para as sacolas em suas mãos, recebendo um sorriso e um menear de cabeça em concordância.

- Obrigada, rapaz. - Peguei as sacolas de suas mãos, aguardando que ela voltasse a caminhar. - É tão difícil encontrar jovens educados como você. - Senti minhas bochechas corarem, fazendo-me negar com a cabeça enquanto a encarava.

Andamos alguns metros mais a frente, parando na porta da casa que ficava praticamente de frente para a minha. A Park empurrou a madeira devagar, adentrando a moradia enquanto eu a seguia timidamente. Tirei meus tênis com os pés e a acompanhei até a cozinha.

- Pode colocar ali. - Apontou para a pequena mesa quadrada e eu assenti antes de deixar as sacolas sobre o móvel. - Obrigada. - Agradeceu sorridente e eu neguei com a cabeça.

- Já estou indo. - Apontei para a sala, assustando-me quando ela ficou séria de repente.

- Espere. - Vasculhou em sua bolsa de mão, tirou dali algo que deduzi serem notas de dinheiro e as estendeu para mim. - Aqui.

- Não é necessário. - Balancei as mãos diante do corpo, arregalando os olhos ao me sentir nervoso pela proposta.

- Por favor, aceite. - Ela sorriu amável e eu suspirei antes de negar mais uma vez.

- Não posso, até porque não fiz isso com a intenção de receber algo em troca. - Toquei levemente em sua mão, empurrando-a para perto de seu corpo.

- Seus pais realmente o educaram muito bem. - Guardou o dinheiro de volta e eu sorri aliviado com isso.

- Obrigado. - Fiz uma leve reverência, sem jeito pelo recente elogio.

- Agora pode ir lá com seu namorado. - Arregalei os olhos com suas palavras, mexendo em meus óculos de modo desajeitado.

- Ele é apenas um amigo. - Sorri envergonhado, perguntando-me se alguma vez cometi algum deslize enquanto estava na rua com Changkyun.

- Eu sou velha, mas não sou cega. - Ela riu brevemente e eu senti minhas bochechas e orelhas esquentarem. - Fique tranquilo, não contarei a ninguém. - Tocou em meu braço com suavidade e eu comprimi os lábios antes de assentir.

- Obrigado. - Falei calmo, acompanhando-a até a sala a passos pequenos.

- Aquele rapaz me lembra muito o meu neto. - Parou diante da estante, indicando a foto de um rapaz, vestido com roupas de inverno escuras e sorrindo para a câmera.

- E onde ele está agora? - Continuei a observá-lo, notando a leve semelhança que ele tinha com Changkyun devido ao formato do rosto e sorriso travesso.

- Em algum outro país com a minha filha. Não nos vemos muito, pois ela não permite. - Sorriu um tanto triste e eu pude sentir o aperto em meu coração.

Good Boy 《ChangKi》Onde histórias criam vida. Descubra agora