Chapter Three

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Sherlock 

Ficar perto de John doía muito em mim, eu não conseguia mais raciocinar ao seu lado. Antes eu adorava fazer as mais incríveis deduções em segundos, apenas para ouvir suas palavras de admiração. Eu gostava de ouvir John me elogiar, dele dizendo que foi "brilhante!" ou "incrível!" . 

Com o tempo, as deduções se tornaram lentas e eu demorava cada vez mais para descobrir um caso bobo. Casos que antigamente eu olhava e conseguia dez pistas apenas dando uma olhada, agora resultaram em apenas duas pistas e olhe lá. 

Meu companheiro de flat começou a notar meu estado e eu me sentia extremamente mal por mentir ou ter que simplesmente que afastá-lo todas as vezes. 

"O que há, Sherlock?" 

Ele me perguntava e de modo rude eu respondia: 

"Não há nada, John! Deus, pare de fazer essas perguntas idiotas como se você se importasse de verdade." 

Amar John Watson doía. 

Eu conseguia ver em seu olhar que ele se sentia magoado do jeito que eu respondia, e após essas respostas ele ficava quieto em seu canto sem dizer mais nada. 

Em um dia não consegui mais respondê-lo assim, porque ele se sentou em sua poltrona e ficou encarando o nada por um bom tempo. Percebi que havia pegado pesado daquela vez, e lembro exatamente das minhas palavras: 

"Você não é meu amigo! Não sei nem ao menos porque ainda mora aqui, Watson. A porta está aberta para ir embora, vá." 

Eu me odiei cada segundo em que disse aquilo, pensei que talvez se eu o afastasse Hanahaki pararia. Mas não era bem assim que funcionava, aquilo apenas me magoou mais ainda e também o magoou. 

Eu me aproximei do meu médico que estava cabisbaixo na grande poltrona. Ele encarava a TV desligada, de braços cruzadas. Sua expressão era aborrecida mas ao mesmo tempo havia chateação. 

Há algum tempo atrás eu não iria entender o porquê dele estar daquele jeito, provavelmente só o largaria ali e iria fazer algum experimento. Mas após algum tempo morando com o ex-militar me rendeu algum conhecimento sobre a natureza humana. 

Eu o abracei, de uma maneira bem desconfortável, mas o abracei. Percebi como seu corpo ficou tenso, pelos ombros erguidos e o modo como suas mãos apertaram os próprios braços. 

– O que está fazendo, Sherlock? 

– Estou pedindo desculpas. 

– Pelo que? 

Ah, John gostava de me fazer admitir quando estava errado. E isso me fez sorrir contra seu cabelo. 

– Por ter sido um idiota com você. Me desculpe por isso, Watson. Não queria… – Fiz uma careta procurando as palavras certas – ferir seus sentimentos. 

Pude ouvir John rir, eu amava aquele som. Era como a melhor orquestra que eu já poderia ouvir. O violino mais bem tocado de toda minha vida. 

– Você é um idiota. 

Ele me puxou mais para a poltrona e ali dividimos o espaço minúsculo, nos abraçando em uma posição estranha. 

Sua cabeça pousada em meu peito, e seus braços atravessando minhas costas, uma de suas pernas atravessava a minha. E eu tentava retribuir aquele abraço da melhor maneira. 

Não irei mentir, havia ficado surpreso com sua atitude. Não esperava que ele pudesse me puxar para uma situação daquelas. 

– Sei disso. Me desculpe novamente, perdoado? 

Just Breathe - Shortfic Johnlock: Hanahaki DiseaseOnde histórias criam vida. Descubra agora