Chapter Five

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Sherlock 


Eu não havia percebido que Watson estava sentado em minha cama, apenas percebi quando ouvi o mesmo fungar baixinho. 

Me virei em sua direção e ele segurava aquele estúpido chapéu, que as pessoas insistiam para mim usar. Afinal, qual era a graça dele? Chapéis, trazem calvície antecipada se são usados frequentemente. 

– Deus, jogue esse negócio fora. – reclamei pegando de sua mão e fazendo uma careta para o mesmo e o jogando longe. 

– Por que você não me contou? – murmurou, sua voz era parcialmente irritada. 

– O que? 

– Por que não me contou, Sherlock?!

John se levantou e caminhou até mim, eu percebia a raiva em seu olhar e um misto de tristeza também. Eu o encarei sem reação, na minha cabeça havia ensaiado sobre esse dia diversas vezes mas na pratica havia sido um pouco diferente. 

– Porque… eu sabia que você iria se culpar. – Sorri tristemente me separando dele e sentando na ponta da cama. 

Minha cabeça parecia um bolo de pensamentos, e não havia nenhum bom. Eu não conseguia me concentrar devidamente e me sentia extremamente angustiado. Aquela conversa me incomodava. 

Pelo silêncio de John, eu sabia que estava certo. Ri tristemente com a minha dedução correta. 

Observei minhas próprias mãos, tentando me concentrar nelas e esquecer que estava naquele ambiente. Mas a verdade é que único que me fazia esquecer de coisas ruins, era John. 

– Como eu não percebi antes. – Eu o ouvi murmurar.

– Você vê, mas não observa, Watson. 

Ficamos minutos em silêncio, que pareceram cerca de uma eternidade para mim e talvez para meu médico. Quando de repente um choramingo foi escutado por mim. 

Virei em direção de John, e ele estava com a mão sobre a testa e chorava baixinho. Essa cena foi uma das que mais me marcaram em minha vida, e a que mais partiu meu coração. 

Imediatamente me levantei da cama e corri em sua direção, o puxando para perto onde ele recostou sua cabeça em meu ombro e se agarrou a mim. 

Eu o abracei de volta de forma desajeitada, e pousei minha mão em sua nuca como ele já havia feito em mim uma vez. Segurei em suas costas lhe dando o apoio necessário e tentei sussurrar coisas bonitas em seu ouvido. 

Eu era capaz de fazer tudo por John. 

– Está tudo bem. 

Eu disse, mesmo sabendo que estava mentindo descaradamente. Nem eu mesmo conseguia acreditar naquela mentira. 

– Não, não está! 

– Mas, isso é o que é. 

Ele me apertou novamente e chorou baixinho em meu ombro, molhando o fino tecido do roupão azul. 

Eu não era muito bom no quesito pessoas em geral, e muito menos sentimentos de pessoas. Não sabia como lidar com eles, o que fazer – a não ser que fosse tirar vantagem deles – , nem ao menos sabia como reagir. Mas, no quesito John Watson, eu era capaz de tentar tudo. 

– Não quero te perder, Sherl. 

Eu não esperava ele dizer aquilo, meu corpo enrijeceu e me senti sufocado. Eu apenas queria que ele me amasse além de seu amigo. 

– Não queria ir embora também, meu elementar. Mas, por agora, nós iremos focar no presente. Ainda estou vivo, oras! 

Me separei dele e fiz uma pose engraçada o ouvindo rir e logo em seguida fungar. Eu era capaz de tudo para fazer John rir. 

– Um dia todos morrem, meu caro. A morte chega para todos. 

Me aproximei novamente e pousei minha mão em seu rosto, acariciando e retirando as lágrimas que molhavam seus olhos. 

– Ela só não precisava vir agora para você, e ainda mais por minha culpa. – murmurou a última parte. 

– Não se culpe, era exatamente por isso que não queria te contar. Nada disso é sua culpa, você não é obrigado a amar alguém de volta, a vida é sua e você faz o que bem desejar, tudo bem? Não se sinta na obrigação de amar alguém por pena. 

Watson respirou profundamente tentando se recompor novamente e sua expressão agora era de alguém determinado e eu admirava isso nele. John era o homem mais forte que eu conhecia. 

– Eu vou estar aqui por você. Não posso forçar um sentimento em mim, mas posso prometer estar por você aqui a todo momento. Irei te apoiar e te ajudar, você é meu melhor amigo. Eu te amo muito, Sherlock Holmes. 

Eu pensei que aquela frase me rasgaria por completo, que um girassol gigante fosse sair de dentro de mim. Mas não, meu peito apenas se aqueceu totalmente e eu me assustei achando que iria morrer ali mesmo, mas era aquele aquecimento gostoso e de sensação boa. 

Aquelas famosas borboletas voavam em meu estômago, fazendo uma total festa. Meu jardim estava em felicidade ali dentro, as flores mais belas cresciam e eram aparadas corretamente por John e minhas borboletas voavam livremente sem nenhum único arranhão. 

Tudo isso na verdade estava sendo causado por adrenalina e noradrenalina circulando em meu organismo, mas esse termo de borboletas no estômago sempre me agradou. Poucas coisas no qual eu concordo. 

Abracei John fortemente, e foi minha vez de chorar sobre seu ombro naquele dia. Seu abraço era a coisa mais maravilhosa nesse mundo. 

Eu era capaz de fazer tudo por John. 

Just Breathe - Shortfic Johnlock: Hanahaki DiseaseOnde histórias criam vida. Descubra agora