Lágrimas Sinceras

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Shaka



A minha vida se resume a permanecer no santuário, sei que sigo um líder cruel mas quando Saga tomou o poder eu só tinha dez anos e não tinha condições de o enfrentar, o tempo passou, cresci e me acostumei com a vida confortável que tenho, a minha única preocupação é meditar e treinar o meu cosmo.

Como reencarnação de Buda, eu deveria lutar contra as maldades existentes no mundo, mas nunca fiz isso, acho que isso é um erro, mas pensar em sair da minha zona de conforto para ajudar os mais necessitados não é algo fácil a ser realizado.

Hoje recebi uma ordem direta do mestre para ir a um país no norte da Europa para obrigar as pessoas a fazerem o que o seu governo corrupto manda, a minha vontade é reclamar dessa ordem pois deveria ter mandado outro cavaleiro no meu lugar mas como não quero problemas, acho melhor a cumprir.

Uso os meus poderes para me teletransportar para o país onde realizarei a missão, começo a andar pelas ruas e vejo que a população é muito humilde, isso me faz lembrar-me da minha infância na Índia, tenho ignorar essas lembranças, tudo o que desejo é cumprir rapidamente minha missão e voltar para a minha casa.

As pessoas da região ignoram o meu apelo de seguirem as ordens do seu governo, então a minha missão é matar todos, algo que eu nunca fiz, não sou um homem cruel para usar os meus poderes contra civis, mas tenho que seguir as ordens do santuário.

Balanço a minha cabeça tentando esquecer os meus pensamentos, tento me concentrar na minha obrigação, é mais difícil que imaginei, sinto um aperto forte dentro do meu peito, nesse momento abro os olhos, estou acostumado a manter eles fechados e através do meu cosmo enxergar as coisas.

Os meus olhos azuis encontram os olhos negros de uma criança, ela me pergunta quando a matarei, no lugar de responder, fico mais angustiado, é a primeira vez que percebo que terei que matar mulheres e crianças, isso vai contra tudo que estudei sobre o budismo.

Lágrimas começam a caírem no meu belo rosto, é como se a minha alma chorasse para lembrar-me dos propósitos que deveria seguir, de todos os ensinamentos que recebi dos monges que me criaram quando fui abandonado para morrer, sei que eles se decepcionariam muito comigo se fizer algo cruel apenas para cumprir ordens malignas.

Coloco a minha mão direita sobre a cabeça daquela criança e digo que não lhe farei nenhum mal mas tentaria a proteger de todas as pessoas malignas, mesmo que ainda não soubesse como ajudar todas as pessoas daquela comunidade.Minha mente está muito confusa, meu coração está aflito, resolvo voltar para o santuário apenas para pegar as minhas coisas e conversar com o meu querido discípulo, o treino há 8 anos, era uma criança de 9 anos quando chegou ao santuário e por seremos do mesmo signo fui designado para o treinar.Foi difícil treinar alguém com costumes tão diferentes que os meus, lembro das vezes que cozinhei carne mesmo sendo vegetariano, fiz isso porque sei que não posso o obrigar a seguir a mesma alimentação que eu, com o tempo e a convivência passei a lhe amar como se fosse o meu irmão.Uso os meus poderes para ir direto para a minha casa no santuário, onde encontro o meu discípulo, parece que ele entende a minha dor e abraça-me fortemente, deixo-me levar por seu carinho e choro intensamente em seus ombros.Após acalmar-me, conversamos sinceramente, arrumamos as nossas malas e saímos do santuário no meio da noite, não sabemos o que o futuro nos reversa só temos certeza que esse lugar jamais foi o nosso verdadeiro lar.

Santuário: A Origem do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora