Adeus.

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    Dizer que o passado foi eternamente bonito seria lorota, mas de qualquer maneira, eu tive momentos bons e que eu não teria mudado mesmo se pudesse.

    Minha família sempre fora amável, todo o amor que eu poderia ter recebido, não me foi negado em momento algum por meus pais. Eu tive um irmão, que feriu os meus sentimentos de um jeito em que eu me senti destruído, insuficiente, zerado.

     Eu perdoei. Eu perdoei a todos. Eu perdoei a todos e perdoei a quem mais me machucou. Eu perdoei Frank.

     Um amor que te consome e te faz se sentir vivo, mas o mesmo amor que de um segundo para o outro te corrói. Meu amor foi extenso, meu amor foi infinito, eu amei Frank Iero desde o primeiro dia.

     “Tá doendo muito?”

    Você apenas tinha esbarrado em mim, você não planejava me machucar, não é?

    Mas um dia eu senti que havia algo errado, que esse amor tão grande que você me jurava pelas noites, não passava de uma mentira. Você dizia que eu era o único.

     O único.

     Náuseas, dores, vômitos. Tudo que restou de mim, tudo o que sobrou do antigo Gerard Way. Eu não era mais ninguém.

     Em dias bonitos e brilhantes eu te pintaria em todas as minhas telas, sua imagem era suave e calma. Eu poderia te pintar pelo resto da minha vida, você sempre gostou de receber desenhos meus e eu queria que fosse algo nosso. Uma das coisas que você gostava em mim, era isso que eu pensava todas as noites.

      Chorar se tornou cotidiano. A sua falta me doía, eu me senti machucado tantas vezes pelo seu amor afiado.

    Amor. Beijos. Sexo. Atração.
    
     As quatro palavras que formavam as suas noites longe de mim, com outra pessoa. Você não estava me amando, você não estava me beijando, não estávamos fazendo sexo e você não sentia mais atração por mim. Frank, foi melhor assim.

    Eu sei que você não mentiu quando disse que me amava, que nunca deixou de me amar, eu sei que o amor ainda estava presente. Mas não como antes.

      Quando eu pensei que sofreria de novo eternamente, eu conheci outro jeito de sofrer. Eu conheci a tal falada morte. Eu estava vivo, mas morto.

      Eu estava quebrado, por dentro e por fora. Um dia eu fui belo, um dia os olhos dele me analisavam e se orgulhavam de mim, um dia eu me amei. Tudo isso pareceu bonito, mas era ruim, isso me corrompeu.

      Câncer.

       Escutar essa palavra sempre é ruim, mas acredite, pode ser pior quando sai da boca do seu próprio médico. Lágrimas e lágrimas. Um erro do hospital, a desculpa do ano.

       A culpa não foi da minha família, não foi do meu irmão, não foi o enfermeiro  que trocou os exames e nem de Frank. A culpa não foi minha, com certeza a culpa não foi minha.

      Eu fui ingênuo, o mundo estava contra isso, ele sabia o que aconteceria após. Eu soube, mas eu já não estava mais vivo, não doeu saber. Não dói mais.

      Se eu tivesse ficado por mais tempo, seria pior do que toda a minha vida. Eu não teria suportado a dor de tudo que aconteceu depois que eu fui. Todos foram embora, e você também, meu amor.

     Frank, por mais que a minha partida tenha influenciado tudo isso, acha que se eu ainda estivesse aí, você não teria feito aquilo? Você também se foi, mas eu não te vejo aqui, pra onde você foi?

     O que te atraiu naquele caminhão que você se deixou ser levado? Você me culpou nos seus últimos segundos? Você desejou que eu estivesse vivo, não foi?

      Era o nosso fim, nosso amor foi a nossa perdição. Eu te amei, você me amou, mas amor não foi o suficiente.

      Então eu parti. Nós partimos.

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