O RETORNO

110 17 10
                                    

Meu único desejo é de vingança. Minha única vontade é de chegar lá e falar tudo que sei sobre todos que me fizeram mal, mas preciso e tenho que chegar como se fosse amiga de todos. Mesmo assim tudo tem limites. Tudo mesmo. 

   Quando eu tinha quinze anos fui vítima de uma armação, uma armação planejada e executada pelos meus pais e tios. Fui ridicularizada e saí como se fosse uma prostituta. 

   Depois disso fui morar em São Paulo, refiz minha vida e hoje estou aqui em frente a fazenda do meu falecido avô João Castro. 

   Meu avô morreu faz 7 dias e ainda não houve a leitura do testamento. Acredito que meu pai, Kleber Castro, deve estar ansioso tanto quanto meu tio, Ricardo Castro, deve estar. 

   Segundo revistas de fofocas, meu pai se separou da minha mãe tem um ano e ele logo se casou com uma moça que tem 25 anos, a mesma idade que tenho. Minha mãe também assumiu um relacionamento com um cara mais jovem. Provavelmente algum gigolô que está interessado no dinheiro dela. 

   A fazenda é tão grande que estou andando já tem uns 10 minutos e ninguém me viu. Vou direto para o estábulo ver meu cavalo. E não faço ideia se ele ainda está aqui. 

   Entrei e tudo está muito mudado por aqui, mas reconheço Galeão, meu cavalo, e corro para perto dele. 

   Obviamente ele não me reconheceu, mas eu reconheci e ter a chance de matar a saudade foi uma experiência única. 

   Estou parada olhando para Galeão quando um homem alto e de cabelos negros se aproxima. 

— Olá, o que faz aqui?  — Sua voz era grossa. — Ou melhor o que faz aqui? 

— Me chamo Elisa Castro Campos.

— Elisa… Ah você é da família, lamento pela recente morte do seu parente João. — Ele é simpático. 

— Meu avô… foi um choque quando soube da morte, mas enfim, me ajuda a andar com o cavalo? 

   Passamos a tarde andando de cavalo. Pensei que eu não levava mais jeito para isso, mas me enganei. Depois fomos andar pelo Rio e tomamos banho. 

— Eu ainda não perguntei seu nome. — Falei enquanto colocava minha roupa para voltarmos a fazenda. 

— Pedro. Apesar de eu não te conhecer, — Ele pega na minha mão. — Quero te agradecer pela tarde maravilhosa que me proporcionou. 

   Eu deveria ter beijado ele nesse momento, mas não aconteceu. 

   Minha chegada na mansão da fazenda foi na hora do jantar, mesmo sendo 7 horas. 

— Oi família. — Falei com um tom debochado enquanto Pedro estava do lado. 

   Não tem como descrever a cara de todos, mas com certeza a cara de espanto do meu pai, Kleber, foi a melhor. 

— Elisa, o que está fazendo aqui? — Fala Kleber. 

   Não respondo. 

   Minha mãe, Mariana, se levanta e provavelmente vai me abraçar. 

— Meu amor — Diz ela enquanto abraça o Pedro e me ignora completamente. — Você sumiu. — Ela olha para mim. — Oi Elisa, quanto tempo. 

— Eu conheci sua filha hoje cedo. — Diz Pedro. 

   Foi uma total surpresa o namorado da minha mãe ser logo o rapaz mais simpático que conheci aqui. 

   Meu primo Ramon, que agora deve ter uns 19 anos, se levanta e vem me abraçar. 

Segredos ocultosOnde histórias criam vida. Descubra agora