A TERCEIRA VINGANÇA

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Com a notícia que Pedro estaria do meu lado na vingança, eu não fazia ideia se Mauro ainda iria querer me ajudar. Então fui até a casa dele. 

   O caminho até lá me fez relembrar o tempo de menina. As casas não mudaram nada desde a última vez que estive aqui. E a casa de Mauro ainda era do lado da igreja do Padre Josias. 

   Chegando lá, Mauro me recebeu muito bem, mas dava para ver o ressentimento em seus olhos. 

— Eu preciso de você — Falo olhando para ele. — Do meu lado. 

— Pedro está do seu lado. Você não precisa de mim. 

— Eu preciso sim. Eu vivi sozinha a minha vida toda… eu sofri, eu… eu preciso de um amigo. — Falo. 

— Pedro chegou na fazenda no mesmo ano que você foi embora… ele e a irmã foram praticamente adotados pelo seu avô. — Ele fala com um tom frio.  

— Por que? Como assim?

— Eu não sei. Só sei isso… eles chegaram sem nada e hoje em dia frequentam a mesa da família. 

— Mesmo assim, fica do meu lado hoje a noite? Vou precisar de você. — Pergunto. 

— Ok, mas qual é o plano?

— Vou revelar um segredo. Na realidade, uma barbaridade do passado. 

   Com o passar do tempo a fazenda foi ficando mais calma, tirando o fato de que ninguém aguentava mais o Kleber mandando em tudo e sendo extremamente grosso.

— Quero todos com um sorriso no rosto… Hoje a noite é minha. Só minha. — Kleber fala enquanto estou na sala lendo um romance. 

— Ursão… preciso de mais jóias. — Comenta Ana. 

— Você precisa parar de ser inconveniente… já é feia. Quer ficar parecida com uma árvore de natal?

   Depois disso saio da sala. Não suporto a ignorância dele. 

   Então fui até o quarto de Ramon. 

   Ele está triste e sem ânimo para levantar da cama e se arrumar. 

— Tudo bem primo?

— Eu fui na igreja hoje… e o padre Josias disse que não queria alguém como eu na igreja. Então, não. Não está tudo bem… — Ele fala chorando. 

— Isso é horrível… mas primo, você não pode fraquejar. Não pode mesmo. Eu tô com você. 

— O povo dessa cidade é muito tradicional, não é como em São Paulo. Aqui eles querem acabar com gente como eu. 

— Gente como você? Ramon, você é normal como qualquer outra pessoa. Primo… pelo amor de Deus, entende que você é normal. E se alguém dessa cidade fizer qualquer coisa com você… eu juro que acabo com a pessoa. 

— Prima, eu te amo. 

   Nós se abraçamos e eu ajudo ele se arrumar para o jantar. 

   Quando desço, Mauro já está na sala me esperando, e aparece que está furioso. 

— Que aconteceu? — Pergunto. 

— Kleber me expulsão do jantar. E ainda fez questão de lembrar que eu não sou mais o advogado da família. Eu estou com ódio dele. 

— Calma. Hoje é o fim dele. 

   Depois que o xerife Carlos e o padre Josias chegaram, Kleber ficou ficou falando o quanto era bom ser dono de toda a fazenda e um monte de outras coisas.

   Agora quer fazer um discurso antes de servir o prato principal. Ele levanta e começa:

— Eu sempre fui muito humilde e sempre…

   As palavras dele me enoja. Como um homem pode ser tão baixo e repugnante?

— CHEGA! — Falo completamente alterada. — Eu… eu preciso contar uma história do passado, e é bom que o xerife preste muita atenção. 

— Cala a boca garota… — Kleber fala. 

— Cala a boca você. Eu sofri muito no passado por conta desse crápula, mas a coisa que mais me machucou emocionalmente. Foi… foi ser estuprada pelo meu próprio pai.  

   Todos ficaram em silêncio e se entreolhando. 

— Eu tinha 14 anos. Uma menina… e eu fiquei assustada. — Não consigo mais falar e começo a chorar. 

   Mauro se levanta e me abraça. 

— VOCÊ NÃO VAI FALAR NADA SEU CRÁPULA? — Mauro fala super alterado. 

   As luzes da casa começam a piscar e Kleber se levanta da cadeira. As caras de todos era de tremendo espanto. Menos a de Ricardo. A dele era de ódio mesmo. 

— Eu vou falar… — Kleber começa com um tom de frio. — eu não me arrependo de nada. Eu estuprei ela. Foi bom no começo, mas depois ficou cansativo. 

— Monstro… que… — Mariana fala chorando. 

— Cala a boca anta, deixa eu continuar… — Kleber continua. — Ela andava com uns shorts curtos e com umas blusinhas que me deixavam louco. Um certo dia ela estava de vestido e pediu para fazer alguma coisa que não me lembro. Eu comecei a estuprar ela com ela acordada, mas ela gritava muito… então comecei a fazer isso com ela dopada. Eu não me arrependo de nada. 

— Kleber Castro Campos, você está preso. — Fala o xerife Carlos. 

 

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