morte (parte 1)

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Certo dia me perguntaram qual era a maior dor que eu já passara,

falsamente respondi que não saberia responder aquela questão por enquanto.

Menti, pois toda dor de reviver tal momento, me quebraria,

Pois apenas eu soube como era acordar sem motivo algum para abrir os olhos naquele dia,

Pois apenas eu soube o sentimento de semanas passadas em devaneios e planos,

Pois apenas eu soube que teria de acordar naquele fatídico dia e olhar nos olhos dele,



E o fiz, entrei no carro como se fosse uma manhã qualquer,

Ouvi nossa música como se fosse a melhor,

Beijei-lhe o rosto como se fosse o único,

Despedi-me como se fosse lástima

Disse que o amava como se fosse último,

Virei as costas,
apenas uma lágrima escorreu,
uma só,
não havia mais sentido em sensações,

andei à esmo em um local já conhecido, percebi cada efêmero detalhe pela última vez,

E naquela noite deixei meu coração ser frágil pela primeira e última vez, o transformei em pedaços no chão daquele box de banheiro, até que se fizesse a metamorfose para esta gélida pedra.

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Quebrado outra vezOnde histórias criam vida. Descubra agora