12. A Mesa com os pães

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Entrando no Santo, à direita da porta, notaríamos a mesa com os doze pães da proposição. Sua descrição se encontra em Êxodo 25.23-30. Quanto à disposição dos pães na mesa, assim lemos em Levítico 24.5-9.

"Também tomarás da flor de farinha, e dela cozerás doze bolos: cada bolo será de duas dízimas. E os porás em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa pura, perante o Senhor. E sobre cada fileira porás incenso puro que será para o pão por oferta memorial; oferta queimada é ao Senhor. Em cada dia de sábado, isto se porá em ordem perante o Senhor continuamente, pelos filhos de Israel, por concerto perpétuo. E será de Aarão e de seus filhos, os quais o comerão no lugar Santo, porque uma coisa santíssima é para ele das ofertas queimadas ao Senhor, por estatuto perpétuo".

Devemos observar em que o concerto é "perpétuo" "pelos filhos de Israel", embora a nação passe por dificuldades com seus vizinhos, não possua Templo algum e a própria Igreja de Cristo despreze Israel, desejando substituí-la. Já dissemos. Mas repetiremos. "Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós".

"... o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado" (Rm 11.25).

"De Sião virá o Libertador... e assim todo o Israel será salvo... e desviará de Jacó as impiedades" (Rm 11.26).

A mesa trata desta fidelidade do Senhor que desposou sua amada, Israel, para sempre.

"Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirá-los do Egito; porquanto eles invalidaram o meu concerto apesar de Eu os haver desposado, diz o Senhor" (Jr 31.32).

A fidelidade do Senhor não lhe permite dar carta de divórcio a Israel, ou nossa segurança em Cristo também é mentirosa e arrogante.

"Porque o Senhor Deus de Israel diz que aborrece o repúdio" (Ml 2.16).

Israel está "perante o Senhor" para sempre, ainda que o mundo os odeie. O incenso puro fala deste velar constante no zelo de Deus por seu povo.

"E será que como velei sobre eles para arrancar, e para derrubar, e para transtornar, e para destruir, e para afligir, assim velarei sobre eles, para edificar e para plantar diz o Senhor" (Jr 31.28).

Se o coração outrora cicatrizado de ódio e homicídio de Paulo pôde se derramar desta maneira: "... tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne" (Rm 9.2-3), quanto mais o Senhor que os formou desde o ventre! "Porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho" (Zc 2.8).

Os doze pães estavam continuamente perante a face do Senhor; e a cada sábado, símbolo áureo do pacto de Deus com Israel, este pão era renovado.

"As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos [nós, judeus] consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são a cada manhã; grande é a tua fidelidade" (Lm 3.22-23).

Mas devemos lembrar também que o tabernáculo fala a nosso respeito, aos que já se agregaram a Cristo dentre os gentios "Hoje".

Pois quando Paulo fala aos cristãos fiéis: "Não sabeis vós que sois o Templo de Deus, e que o espírito de Deus habita em vós?"; e, "ou não sabeis que o vosso corpo é o Templo do Espírito Santo que habita em vós, proveniente de Deus?" (1 Co 3.16; 6.19), a que templo ele se refere?

Além dos doze pães representarem as doze tribos de Israel apresentadas ao Senhor, este tipo fica mais claro ainda para a Igreja, já que somos uma "nova massa", sem fermento, para sermos apresentados ao Senhor cheios da justiça de Deus, e cujo fundamento são os doze apóstolos do Cordeiro.

"Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina; no qual todo o edifício bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em espírito" (Ef 2.19-22).

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rm 12.1).

"Limpai-vos pois do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que façamos festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade" (1 Co 5.7-8).

E por que cada bolo era de duas dízimas de farinha? Pode-se ver um sentido imediato e outro mediato (mais à frente).

Apesar da lei e do culto divino terem sido dados a Israel, o estrangeiro que se achegasse ao Senhor teria os mesmos direitos dos naturais.

"Uma mesma lei tereis: assim será o estrangeiro como o natural; pois eu sou o Senhor vosso Deus" (Lv 24.22).

"Uma mesma lei e um mesmo direito haverá para vós e para o estrangeiro que peregrina convosco" (Nm 15.16).

Este tipo é límpido em sentido mediato para a Igreja. Mostra a junção dos naturais (judeus) e gentios numa mesma massa. Já mostramos a questão do enxerto em Romanos 11.

"Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão [judeus] feita pelas mãos dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um [uma só Igreja, não denominacional, formando o corpo único dos crentes]; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito" (Ef 2.11-18).

Assim, os doze pães da proposição relacionam-se em seu caráter com o maná dentro da arca, simbolizando Cristo como alimento para todo aquele que se achega a Ele.

"Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo: porque todos participamos do mesmo pão" (1 Co 10.16-17).

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