Capítulo 2

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 - Pai - chamou Benício, enquanto era carregado nos braços por Miguel.

- oi, meu amor - voltou sua atenção para ele, enquanto parava na frente de sua humilde casa, fazendo malabarismo para acomodar seu irmão nos braços, as sacolas do supermercado e tirar as chaves do bolso.

- Hoje, eu perguntei a tia Rita, por quê, a cor do meu cabelo é diferente do seu, ela não respondeu e mandou eu perguntar ao senhor - Benício apesar de ter apenas três anos, era uma criança muito inteligente, possui sua voz infantil, mas conseguia na maioria das vezes pronuncia-las corretamente. Miguel pensou em como responder essa pergunta ao irmão, sem aguçar mais a sua curiosidade, Bení, sabia que Miguel era seu irmão, no entanto, acostumou-se a chama-lo de pai.

- Lembra do que eu te falei sobre a mamãe ser loira? - perguntou colocando o irmão sentado no sofá gasto e ajoelhando-se em sua frente, seu irmão olhou com os olhos atentos e balançou a cabeça eu um aceno. 

- Por isso, seu cabelo é dessa cor, se chama loiro, você é um loirinho fofo. - falou enquanto enchia o rosto do irmão de beijos, esse que rindo mandava-o parar.

- Eca Pai, ta me babando todo.- falava enquanto Miguel se afastava.

- assim você me magoa- falou com uma voz chorosa, para vir a reação do irmão.

- Não, não chola não, eu te amo. - falava enquanto os olhinhos se enchiam de lagrimas, Miguel vendo isso se derreteu todo.

- Tudo bem, meu amor, eu também te amo, agora nada de choro e vamos tomar banho, jantar e...

- Não quelo dormir - falou interrompendo o irmão.

- ah mais o senhor vai sim, deixo assistir um pouquinho de TV antes.

o irmão o olhou e acenou que sim, com os dois indo em direção ao banheiro, era uma casa pequena, mas que eles sabiam que aquele era o lar deles, portanto se sentiam agraciados, eram muito unidos, sempre foram apenas os dois, quando estavam juntos viviam declarando amor e carinho, era uma relação além de irmão, era uma relação de pai e filho.

Terminando o banho e o jantar e a sessão de perguntas infinitas do Bení, assistiram um pouco de desenho e foram dormir, a casa apenas havia um quarto, assim dividiam, além do quarto a cama.

- Boa noite, meu amor, durma bem, eu estou aqui e sempre vou está, amo você. - era o que todas as noites repetia Miguel para reafirmar ao irmão que ele sempre estrá por perto.

- Boa noite, pai, eu amo você. - era o que sempre respondia Bení e logo dormia.

Miguel, ficou algum tempo olhando para seu irmão, pensando que não teria mais como viver sem esse amor, eles apenas tinham a eles, um ao outro. além disso, pensava o quanto teve que mudar sua vida para se adequar a nova realidade, sempre foram uma família sem riqueza, mas sua mãe o ensinou que o amor, supera todas as dificuldades, era difícil compreender isso nas noites quais dormia com fome, mas confiava nas palavras dela e hoje ele fazia de tudo para Benício nunca passar pelo mesmo, não queria que seu irmão tivesse essas lembranças tão dolorosas, queria uma infância cheia de sorrisos, uma infância que ele não pode ter, pela constante violência que presenciava em sua casa pelos seus pais, sobretudo, pelo seu pai.

Miguel, estava feliz, tinha finalmente se formado, depois de tantas noites em claro estudando, coisa que para ele o fortalecia, pois daria uma vida melhor ao seu irmão e foi com esses pensamentos que o sono o levou, uma sensação de agradecimento, porque apesar de todas as coisas, ele tinha o suficiente.


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