Capítulo 12

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Uma semana depois Miguel tinha tirado o gesso da perna e ia muito bem com as costelas, Benício ficou animado, podia ver o pai se locomover novamente, mas achava maneiro riscar e desenhar no gesso. Nesse tempo que se passou as coisas foram se encaixando e eles criando suas próprias rotinas e isso agora incluía Antônio vir almoçar todos os dias, isso se sucedeu através de um pedido do irmão mais novo e um olhar ansioso do mais velho. A verdade era que todos, exceto Bení estavam confusos. Miguel sabia de sua preferência pelo sexo masculino, mas não admitia que se sentia de alguma forma atraído por Antônio, oque mascarava acreditando ser um sentimento de admiração e gratidão.  Durante esse período mais diálogos fluíram entre eles, pois sempre o tenente se via encarregado de ajudar na locomoção ou ajeitar alguma coisa para Miguel, Marta nem sempre conseguia sozinha, o que para Miguel era bastante vergonhoso, perdeu as contas de quantas vezes durante esse tempo, Antônio o viu sem camisa, era bastante constrangedor, mas o homem maior parecia não perceber, era muito atencioso e cuidadoso, sentia que se descuida- se o menor poderia se machucar novamente. 

Dessa forma seguiu a semana, Benício e Antônio em uma relação que se Miguel não soubesse que o irmão o amava sentiria ciúmes, eles desenvolveram uma relação muito saudável e bonita, percebia- se reciprocidade. Enquanto a ele, pegou- se inúmeras vezes, observando-os juntos, era lindo, sobretudo quando os dois estavam em algum tipo de mundo paralelo, o mesmo era esquecido, mas Bení sempre gritando um eu te amo, e as noites não tinham mudado, sempre afirmavam seu amor um pelo outro, a não ser pelo fato da presença constante do Antônio, nunca dormiu com eles, mas já ficou inúmeras vezes sentado em uma poltrona, que Miguel começará  apensar que foi posta ali para aquela finalidade, entendia a situação, foi por muito tempo apenas ele e seu irmão, mas sentia medo também, percebia que a presença do tenente na vida do seu irmã estava sendo marcante e quando eles fossem embora como funcionária as coisas, temia que seu irmão fosse sofrer, além disso ele só conseguia dormir quando Antônio ia embora, o que por algumas noites eram bastante demoradas, era realmente incomum.

Antônio, era um homem sério, muito responsável, cuidava de tudo com seu jeito imponente, não esqueceu do que tinha prometido a si mesmo no Hospital, investigar o que de fato aconteceu com o Benício no dia que foi hospitalizado e ao por pessoas investigando isso, descobriu que a senhora não mora mais na casa, não sabia como iniciar essa conversa com Miguel sem deixa-lo preocupado, tudo indica que não foi uma acidente, alguns vizinhos disseram que antes do Benício ser levado, ouvia-se gritos, mas a criança não quer ou não se sente confortável com isso, e não deixa aberturas para diálogos, Antônio perguntaria a Miguel se podia levar o mais novo a um psicologo, por muitas vezes ambos sutilmente tentam falar sobre isso, mas claramente a criança criou uma barreira emocional, o que deixa Miguel frustrado e Antônio descontente, ele não entendia o por quê, apenas se sentia bem quando ambos os irmão estavam satisfeitos, embora, não demostra-se isso, no seu íntimo aquela situação acalentava a solidão que é sua fiel companheira, ou era. 

Admirava muito o cuidado e a relação dos irmãos, realmente  eram pai e filhos, um não viviam sem o outro, durante esse período de recuperação que o irmão mais velho não podia se locomover sozinho, Benício foi um fiel companheiro, até o momento do irmão esta sem o gesso, o que foi uma felicidade para todos. 

Ao olhar para o relógio, Antônio viu que já se passavam das uma hora da madrugada, estava no escritório que tinha feito em seu apartamento, sendo sexta feira, queria agilizar as coisas para segundo, com o pensamento de passar o final de semana livre para os meninos, pós isso automaticamente corrigiu seu pensamento, para Benício, tinha aprendido a amar o garoto. Rindo desses pensamentos ouve um barulhe alto, possivelmente vindo da cozinha, rapidamente se levante e vai ao encontro, não seria estranho se encontra-se Benício, a criança as vezes o procurava nesse horário para leva-lo de volta a cama, Miguel nunca percebia. No entanto, não foi isso que encontrou.

- Desculpa, eu só queria pegar o...o açúcar, eu não imaginei que os outros iriam cair - Caso não fosse preocupante devido as costelas ainda em recuperação, a imagem de Miguel sentado, com diversos potes ao redor teria sido divertida, mas o alarma da preocupação soou na cabeça do Antônio.

- Sabe que não pode fazer muito esforço, o médico falou que suas costelas estão indo muito bem, mas que ainda pode se ferie caso não repouse, avise, eu teria baixado essas potes se soubesse que você não alcança, venha. - falou tudo isso já levantando Miguel com cuidado devido ao ferimento, o menor estava quente de vergonha, ele apenas queria fazer um doce para eles amanhã, não imaginou que seria tão difícil  e por que aqueles potes tão altos? estava envergonhado e indignado.

- Eu queria fazer um doce, estou cansado de ficar parado, eu me senti inútil, você faz tanto, a Marta, eu quero fazer algo que... que você goste, que o Bení goste. - falou, enquanto era levado à uma cadeira, tendo Antônio ao seu encalço, mas diante de tudo proferido o maior frisou a parte do: que... que você goste.  Respirou fundo, existia uma razão para isso, e com certeza ele se sentia na obrigação, era o pensava devido a tudo que fez, mas o mesmo não queria que ele se senti-se dessa forma, além de tudo todos estão sendo beneficiados.

- Miguel, não está em condições de fazer essas coisas, mas eu e o Benício vamos aceitar quando estiver recuperados, quanto a isso, se você quiser comer algum doce me diga que eu compro, e não quero que fique com esse sentimento de inutilidade, você está doente, apenas logo se recuperará e poderá fazer muitos doces, quantos quiser, porque compro o que for necessário. - falou sério, falou isso para deixar claro que não estava fazendo por obrigação, mas sim, porque sentia- se bem, nunca imaginou que sua vida tomaria essas proporções, mas resolveu abraçar essas possibilidades. Além disso, disse olhando nos olhos do outro, que ficará claramente emocionado, desde os primeiros momentos juntos, Antônio percebeu que um pequeno gesto de ajuda que fizessem para Miguel, tornava-se motivos de lágrimas, analisou desde o incio que o mesmo era emotivo.

- Desculpa é que você é tão bom para gente, eu e ele tanto tempo sem ajuda, apenas um ao outro, eu.. eu me sinto querendo te agradecer todo momento, você fez mais do que o esperado- falou já levantando e dando um abraço surpresa no maior que inicialmente não entendeu aquilo, porque ele estava o abraçando? Antônio ainda estava no inicio de sua adestração a sentimentos, talvez porque estive nos últimos dias envolto de pessoas amorosas, devolveu o abraço, apartado o suficiente para não machucar, o menor ficava na altura o seu peito e ali descansou o rosto, sendo isso o fim da racionalidade de Antônio, que desceu o rosto ao cabelo dele e cheirou de leve: paz.


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