Olhei novamente para os números pintados na porta, aparentemente estava tudo certo. Então quem era aquela pessoa que ainda me encarava e com o andar preguiçoso se aproximava de mim. Estava vestido com uma calça de moletom e camiseta pretos, seus cabelos na altura dos ombros estavam desgrenhados.
-Vai me responder quem é você e por que diabos está invadindo minha casa? – ele encostou-se no batente da porta, como se bloqueasse minha passagem para dentro do apartamento, conseguia ver impaciência em sua expressão.
-Deve haver um engano, eu tenho a chave deste apartamento e eu acabei de assinar o contrato com proprietária. –Levantei a chave até altura dos olhos dele, o chaveiro balançava levemente.
De forma ríspida ele puxou sua chave da fechadura e fez o mesmo movimento que eu.
-Eu cheguei primeiro, então cai fora.
Ele estava prestes a bater a porta na minha cara, quando eu coloquei meu pé na frente.
-De jeito nenhum, eu já paguei o adiantamento! –Ele me olhava ainda mais impaciente. –Você e eu iremos agora no escritório da proprietária.
-Você e eu?
Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, peguei-o pelo braço e o arrastei pelo corredor em direção as escadas, não me dei o trabalho de olhar para trás para me certificar que sua expressão estava puro ódio. Eu não ligava para ser sincera, naquele momento eu estava revoltada e esperava que alguém me explicasse o que estava acontecendo.
Antes de terminar de descer as escadas, o cara em um movimento brusco puxou o seu braço fazendo-me solta-lo instantaneamente, eu teria caído se não estivesse me segurando no corrimão.
-Eu posso ir sozinho. –Ele passou por mim, descendo as escadas com a mesma preguiça de antes, colocando as mãos nos bolsos da calça.
Suspirei, ainda surpresa com a brutalidade a qual ele puxou o braço dele, por pouco não saí rolando escada abaixo. Idiota! Fuzilei as costas dele com meu olhar, esperando que ele conseguisse ouvir todos os xingamentos que eu estava desferindo a ele em meus pensamentos.
Dei duas leves batidas na porta, cujo a placa informava que ali se encontrava o escritório da administração do prédio. Eu estava impaciente, o idiota tinha se recostado na parede atrás de mim, como se estivesse alheio a toda situação, antes ele parecia muito irritado, mas agora parecia estar com zero interesse de resolver a situação, estava preguiçosamente olhando para o teto ainda com as mãos dentro dos bolsos.
Após alguns segundos, a senhorinha abriu a porta e ao me encontrar, ajeitou seus óculos na altura dos olhos, para que pudesse me olhar através de suas lentes.
-Eiko-chan, em que posso lhe ajudar? Já se instalou em seu novo lar? –Seu sorriso se alargou ao ver o cara atrás de mim. –Yuki-kun, o que está achando da nova casa? Já arrumou seus pertences?
Só pode ser brincadeira! Pensei com a irritação ainda aumentando dentro de mim.
-Não, eu ainda não me instalei devidamente na MINHA casa, porque aparentemente, já tem alguém morando lá. –Eu olhei para trás esperando que fosse bem claro a pessoa de quem eu estava falando.
O rosto da proprietária começou a tomar um ar de confusão, com impaciência eu comecei a explicar toda a situação para ela antes mesmo que a boca dela começasse a abrir para fazer qualquer tipo de pergunta.
-Ah, meu deus que cabeça a minha, esqueci de avisar, que o apartamento é compartilhado e...
-Como você esquece de dizer algo tão importante como esse? – Eu estava incrédula e minha voz estava trêmula e eu sentia que estava quase gritando.
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Damn
RomanceEssa história não tem um final feliz, não espere algo assim dela, algo como viveram felizes para sempre, isso não existe, não aqui. Duas almas destinadas a se encontrar e o que as liga é a morte, a gélida e solitária morte. Aos 18 anos Eiko Suzuki...