-Diga "Ahh"... –Um casal a nossa frente parecia não se importar com os que estavam a sua volta, ambos aparentavam ter criado um mundo só para eles, sendo exageradamente carinhosos um com o outro. Eu não pude deixar de encara-los com um olhar que era um misto de julgamento e curiosidade, ainda mais quando a menina enfiou um takoyaki na boca de seu namorado, era extremamente vergonhoso assistir àquela cena.
-Quer fazer aquilo também? –Senti o hálito de Yuki soprar em minha bochecha, tirando a minha atenção do casal. Quando virei meu rosto, percebi que Yuki estava tão próximo que nossas respirações se misturaram, como eu não respondi, ele abriu levemente a boca e soltou um longo "Ahh" esperando que eu colocasse o takoyaki que eu estava segurando em sua boca.
Eu não o fiz, então Yuki segurou a minha mão firmemente, e levou a sua boca até o takoyaki, seus lábios encostaram nos meus dedos, fazendo um leve arrepio percorrer até o meu braço, tentei puxa-la, porém ele continuava apertando-a firme e gentilmente.
-Ei... –Falei em um murmúrio, tentando me desvencilhar.
-O que? Você parecia estar admirando aquele casal. –Quando Yuki voltou a olhar diretamente nos meus olhos, a ponta de seu nariz tocou no meu, e senti o meu rosto queimar inteiro.
Me afastei bruscamente, me levantando do banco onde estávamos sentados, desta vez ele me soltou sem que eu precisasse fazer um cabo de guerra com o meu próprio braço. Talvez pelo fato dele ter conseguido arrancar de mim a exata reação que ele queria.
-Você deve estar sonhando. –Pigarreei, olhando para todos os lados menos para onde se encontrava Yuki. –Eu estou indo para casa.
A fim de colocar um ponto final naquela conversa e disfarçar meu rosto que estava completamente vermelho, comecei a andar apressadamente, desviando das pessoas que vinham em sentido contrário sem me preocupar se Yuki estava vindo atrás de mim.
Porém alguma coisa me chamou a atenção pela minha visão periférica, o reflexo de uma pessoa vestida com sobretudo preto em uma das vitrines, me fez parar em um sobressalto. Olhei exasperada para onde a pessoa estava, e eu quase tive a impressão de reconhecer o rosto e aqueles fios dourados caindo nas bochechas sob o boné preto, porém foi tudo rápido demais, a pessoa sumiu assim que um pequeno grupo de pessoas passou.
Tentei ir naquela direção, na esperança de confirmar minha dúvida, mas uma mão segurou meu braço e eu me virei de forma abrupta, como se tivesse sido acordada de um devaneio.
-Para onde você está indo, a gente mora para lá... –Yuki apontou para a direção à qual eu estava indo segundos antes.
-É eu sei... –Dei mais uma olhada para o local.
-Alguma coisa aconteceu? –Yuki parecia tentar decifrar a expressão no meu rosto.
-Eu só achei ter visto alguém conhecido... –Suspirei. –Não é nada com que se importar, do jeito que ando ultimamente, não duvido que tenha sido invenção da minha própria cabeça.
Dei um sorriso amarelo para ele e colocando as mãos dentro do bolso do meu casaco comecei a andar. Yuki não me acompanhou, quando me virei para saber o porquê, ele ainda olhava para o lugar ao qual eu indiquei antes, com a sobrancelha franzida, parecia ter se perdido em pensamentos.
-Você não vem?
-Hm... –Ele fez que sim com a cabeça e começou a caminhar em minha direção, ainda olhando para o mesmo ponto de antes. Parecia que algo tinha lhe interessado, no entanto eu não perguntei, pois eu tinha certeza que havia visto coisas então não havia necessidade de gastar energias naquilo.

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Damn
Storie d'amoreEssa história não tem um final feliz, não espere algo assim dela, algo como viveram felizes para sempre, isso não existe, não aqui. Duas almas destinadas a se encontrar e o que as liga é a morte, a gélida e solitária morte. Aos 18 anos Eiko Suzuki...