Capítulo Um

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Coffeyville (Kansas), 11 de Outubro de 1996.

Escuro, paredes gosmentas e fedorentas, ar me faltando, perseguição e eu? Eu sou a presa. Tenho que correr mais rápido, mais rápido! Não posso parar nem por um segundo, estarei morto se o fizer.

Correr nunca foi meu forte, mas talvez o eu de agora se pudesse, diria ao eu sedentário que ele devia treinar com mais afinco. Por que eu não nasci com um corpo atlético? Por que existe uma doida sanguinária tentando me matar? Movimentei mais e mais meu corpo em direções que era totalmente desconhecida por mim.

Meus pulmões clamavam cada vez mais por ar, meu peito ardia em contra partida, minhas pernas já nem as sentia mais. Há quanto tempo estou correndo? Dias? Horas? Minutos? Segundos? Eu já não tinha noção alguma do tempo.

Por que mesmo eu me prendia a uma vida tão sofrida, por qual motivo ainda desejava viver? Já não bastava meus últimos anos gastados vivendo em orfanatos e reformatórios, agora estava correndo para salva uma vida tão miserável.


Estava a ponto de desistir da vida, quando recebo o sinal de que realmente devo desistir. Um beco sem saída, a minha traseira havia paredes esverdeadas e caindo aos pedaços e a minha frente a qualquer minuto ela me alcançaria.


Eu podia aproveitar a distancia e correr o mais rápido possível, mas estava cansado tanto fisicamente quanto mentalmente. O que seria de mim se eu sobrevivesse? Talvez eu fosse para outra cidade, ou eu voltaria para o reformatório, talvez eu apenas morresse em outro local por outras mãos.


Era muitas possibilidades, que resumiria a uma vida trágica, poderia achar que e apenas drama, mas não era. A necessidade de correr pela vida, não me fez ver minha vida toda, mas também não atrapalhou de pensa sobre ela.

Encurralado, entre a cruz e a espada, finalmente meu perseguidor apareceu. Seus olhos cor de mel, frios e calculistas, sua expressão não mostrava nenhuma piedade, seus cabelos escarlates contrastava com a escuridão da noite.

A Perseguidora Escarlate foi este nome que dei a ela por falta de opções. Não que eu soubesse seu verdadeiro nome ou algo parecido. A Garota me encarava como se quisesse arrancar meus braços a fora.

As batidas frenéticas do órgão esmagavam minha caixa torácica, sem dó nem piedade. Os sons estremeciam minha audição sensível. Ela podia ouvir? Podia esmagá-lo apenas com as mãos? Meu coração pularia cada vez mais alto, ate que por fim saísse goela a cima?

Se minhas perguntas fossem respondidas seria aliviante, mas não era o caso. A Assassina retirou de seu casaco uma Hardballer, fazendo em fim o choque da morte se assentar.

– Por quê? Por que!?– Meus gritos pareciam cada vez mais um sussurro. Ela não respondeu, apenas apertou o gatilho, e tudo que eu consegui sentir foi um calafrio e um gosto amargo de ferro na boca.

Era assim a morte? E a luz e paz que sentíamos depois? Por que apenas uma dor alucinante, frio e o gosto de ferro na boca? Este seria meu próprio sangue? Não quero morrer, não assim, não deste jeito!

–Eu devia te proteger. – Murmurei, me contorcendo ao chão, e vendo o brilho rubro, levei minhas mãos ao local, e quando as levantei, elas estavam manchadas com meu próprio sangue. Sim, isto era a morte.

Mesmo querendo me entregar a inconstância. Mantive meu olhar firme na garota Escarlate, e pude observar mais atentamente sua face decidida e fria mudar quando proferi as palavras. Era espanto e arrependimento.

O que estava acontecendo? Ela era algum tipo de assassino frio, então por que o arrependimento. Eu mesmo morrendo ainda queria protegê-la, pois foi sempre assim.

Lord Of Darkness - Lord of the Trone - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora