Lana.
Filha de Elvis.
Filha de Marilyn.
Melhor amiga de Jesus, estava entediada.Depois de um período sem criatividade, ela sente o peso do ócio.
Vestindo a camisola azul que furtou do set do clipe de "High by the beach" e com chinelinhos felpudos vermelho retrô de saltinho, Lana está com o celular na mão.
Ela decide que era hora. Abril estava chegando e com ele seu show no LollaPalooza.
Ela queria uma parceria brasileira que surpreendesse os fãs.
Ela decidiu entrar num famoso site de notícias brasileiro e lê:
"Os jovens de hoje em dia só querem saber de tatuar o meme do Zeca Pagodinho"
Ela parou.
Respirou fundo.
Pegou o beck.
Acendeu.
Puxou.
Segurou.
Lana soube que tinha achado o que procurava.
Enquanto soltava a fumaça ela leu seu nome em pensamento.
Ela não sabia ao certo como pronunciar.
Puxou de novo.
Segurou.
E soltou a fumaça falando baixinho com voz suave:
"Zica Peigoudínio"
Ou ao menos era assim que ela achava que se pronunciava "Zeca Pagodinho".
Ela viu potencial e decidiu pesquisar mais sobre ele.
Ela colocou para tocar a playlist "This is Zeca Pagodinho" e ficou interessada.
Ela nunca tinha ouvido algo assim.
E nasceu uma obsessão ultraviolenta: Lana passou a ver tudo sobre ele enquanto ouvia a playlist.
Jogou seu nome no Google imagens.
Decidiu que a sua foto favorita era aquela no açougue com a luz neon que poderia estar em um de seus clipes.
Aquela luz azul alinhada à simplicidade daquele sujeito de chinelo, e sem camisa, escolhendo carne fascinou Lana.
De forma tão arrebatadora que ela sentiu seu corpo elétrico.
E enquanto tentava escolher só um brasileiro para o próximo clipe o inesperado aconteceu.
A cada foto.
A cada música que ela ouvia e jogava no Google Tradutor:
"If I want to drink, I drink. If I want to smoke, I smoke I pay for everything I consume with the sweat of my job" *
"Go laze, Go laze" **
Lana tinha certeza de que ele era judeu por causa da música:
"Jewish of me, Jewish"***
A cada notícia que traduzia:
"Toda vez que fico bêbado no shopping compro um cachorro"
"Zeca Pagodinho ajuda vítimas da chuva em Xerém com quadriciclo"
Lana sentia.
Ela quer aquela parceria.
Ela quer falar com ele.
Ela descobre seu telefone.
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Enquanto isso em Xerém, o cheiro de feijão toma conta do ar.
Ele consegue ouvir a panela de pressão que está cantando junto com a caixinha de som do Paraguai na cozinha.
"Bota lenha na fogueira neném, deixa o feijão cozinhar" está tocando.
Ele está afastado, no sofá.
Um copo de cerveja na mão.
Um isopor com cerveja e uma bandeja com 12 copos sujos.
A cada lata aberta um copo novo. Ele não reenche o copo.
Diz que a espuma da anterior prejudica o sabor.
Ele sabe e ninguém pode falar com mais propriedade de cerveja do que ele.
É domingo. Ele está assistindo ao Esquenta da Regina Casé.
"Bota lenha na fogueira neném, não deixa o feijão queimar"
Telefone toca.
Uma mulher na cozinha atende, parece confusa por alguns instantes e grita para ele:
- "Ô Zeca! Tem uma mulé aqui falando enrolado... Falando de zika. Uns negócio esquisito qui só. Será que é do mosquito? Tá falano que chama Lana Del Rey. Cê sabe quem é?"
Ele exita.
Pensa.
Toma um gole de cerveja.
O nome parece familiar.
Ou será que ele está confundindo com o carro?
Difícil pensar com a cabeça cheia de álcool.
Então ele diz com copo em riste e sorriso no rosto:
- Lana Del Rey? Nunca vi nem comi eu só ouço falar.
* Se eu quiser beber, eu bebo. Se eu quiser fumar, eu fumo. Pago tudo o que eu consumo com o suor do meu emprego.
** Vai vadiar, vai vadiar.
*** Judia de mim, judia.
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Lana Cancela
FanficNo lustre do hospício uma mosca observa atenta duas loucas conversando no quarto 5. Elas falavam sobre a realidade alternativa 398. Qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência, apenas um desdobramento caótico. ...