Me movi inquieta, a escuridão não me permitia enxergar onde eu estou ou o quê está acontecendo ao meu redor. Somente escuto gritos, o forte vento, e uivos.
Meu corpo já foi alvo de diversos seres velozes, os encontros abruptos estão me causando a falta de equilíbrio. Imensa é a multidão na qual me encontro. A tensão é evidente, e agora ao erguer minhas mãos consigo decifrar pelo cheiro do que se trata o que há. Sangue.
Inquietação, agitação, batimentos acelerados, mãos trêmulas e respiração falha. Há sangue, tamanha é a quantidade, não consigo decifrar com clareza onde estou, ou presumir como cheguei aqui.
Mas, agora, em meio a esse breu, eu consigo observar com clareza a proximidade de outro ser, um ser veloz, tal qual minha raça, mas há algo nele que é diferente. Sim.
Os olhos.
Azuis e estridentes, certamente chamativos o suficiente. Eu reconheço esses olhos azuis de algum lugar, somente não consigo me recordar no momento de onde os conheço, entretanto, a calmaria me preencheu totalmente ao observá-los de perto.
Estas eram as únicas coisas que consegui perceber em meio a esse breu.
Olhos azuis, e sangue. Muito sangue.
Acordo inquieta, me levantando em um movimento repentino. Minha cabeça está pesada, tal qual minha respiração.
Novamente este sonho.
Encaro os cantos de meu quarto em meio a tentativa de tentar recuperar meu fôlego, tão estranha como sempre fui. Ao menos ninguém está por perto para me questionar como porto tal título se meus atos provam o contrário.
Não aparento ser como os outros, bem, ao menos não como meus pais almejam que eu seja.
Levantei da enorme cama posta ao centro de meu quarto somente para poder organizar meus pensamentos antes de enfim observar o lado de fora. Escuridão. A noite chegou.
Desfiz o toque com a cortina em meio a um sorriso, logo tateando meu busto em busca da corrente de prata que levo comigo há muito tempo. Passando a observar agora o pingente, uma lua retratada, porém faltava uma parte, esta aparenta ser somente metade do pingente.
E, bem, isto não foi uma coisa que eu percebi, obviamente. Não tenho tanto foco em mínimos detalhes como deveria.
Realmente, nada parecida com eles.
Girei o pingente, somente observando a palavra que está gravada aqui, tal palavra que me favoreceu uma descoberta imediata no momento em que acordei sem recordar ao menos de meu nome.
Bora.
É curioso e instigante o fato de minha memória ser completamente vazia quando o assunto é recordar-me do que se passava antes de ter acordado aqui há quase cinco séculos.
E em tantos anos, encontrei acompanhantes em minhas aventuras, sendo estas as visões que sempre tive.
Ao menos Minji diz ser visões, afinal alguém como eu, de sangue puro da realeza dos vampiros, não poderia conseguir dormir como os vampiros de sangue ruim. Portanto, não teria sonhos.
Mas eu me questiono o que ela acharia se descobrisse que na realidade, consigo dormir e sinto as mesmas necessidades que um humano normal. Possuindo a única diferença que sou um ser superior pelo título que porto.
- Princesa. - Ouvi o chamado pela fresta da porta entreaberta, encarando Gahyeon de relance. - Seus pais a aguardam.
- Obrigada. - Sorri, observando seus olhos que seguiam me fitando neste meio tempo. - Algo a mais?
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Southern Lands - Suayeon
FanfictionMeus olhos perdidos em meio ao breu evidente somente foram capazes de identificar o azul vibrante que surgiu no cair da noite, a lua estava vermelha, tão vermelha quanto o sangue que banha minhas vestes e todo o solo que consigo visualizar, meus ner...