Gangsta Hood

Acordo forçado

Após mais alguns minutos no lado de fora Nig e Rome voltam pra casa de Lil e se juntam aos outros. Eles então formam uma rodinha em volta dos sacos e começam a contar o dinheiro. Enquanto faziam aquilo preferiram desligar a televisão e deixar apenas o rádio ligado para ouvir as notícias.

-700, 800, 900... 10.000 -diz Lil separando as notas ao lado de uma pilha de 100.000 que havia acabado de contar- Pega mais uns maços aí dentro do saco pra mim, Flow.

Flow estava ocupado na sua contagem e faz questão de demonstrar isso aumentando a voz e contando em voz alta.

-Tsc, eu pego, vai -diz Lil se esticando até o saco e pegando mais alguns maços de dinheiro. Assim que se senta ao lado da pilha novamente ele olha para o sofá que Biu estava deitado e o vê à toa, mexendo em seu braço enfaixado.- Moleque, por que não tá contando o dinheiro?
-Terminei de contar esse monte e parei pra esticar o braço um pouco -diz Biu esticando e recolhendo seu braço cautelosamente.
-Pois então pare de esticar o braço e volte a contar a grana -diz Lil jogando um monte de maços em cima dele- Temos que terminar de contar tudo isso e depois separar a grana pra dar pro safado ainda hoje.
-Que horas nós vamos? -pergunta Biu.
-Que história é essa de "nós"? -indaga Rome- Você não vai pra lugar nenhum.
-Qual é Rome, se sair alguma faísca eu posso ajudar, porra -argumenta Biu.
-Você não consegue nem andar direito, Biu. Suas duas pernas tão zuadas, você só seria uma preocupação a mais pra gente. Eu não posso deixar você correr esse risco. Você vai ficar aqui -Rome bate o martelo e então volta a contar o dinheiro.

Biu balança a cabeça pros lados, indignado, mas não insiste, apenas continua a contagem do dinheiro.

-800, 850... 900... 20.000. Mais 180 ali... 200. Beleza, já contei 200 mil até agora -diz Flow separando os maços ao lado do monte que havia contado.
-Aqui já tem 300 -diz Lil apontando para seu monte.
-Demorô, 500 então. Tem quantos aí já Rome? -pergunta Flow.
-Tô quase nos 200 -responde ele enquanto contava.
-Boa, 700. Nig?
-Quase 200 também -responde Nig com a voz meio rouca, pelo fato de não estar falando muito.
-Certo, 900. Falta 100 pra fechar. Tem aí Biu?
-Tô nos 50 ainda -diz Biu passando nota por nota.
-Pode crer. Vamos separar tudo num saco e quando vocês terminarem aí coloquem junto -diz Flow pegando os montes de maço e jogando dentro do saco.

Após terminarem a contagem eles separam o milhão do resgate em um saco e colocam em cima da mesa.

-Tá aí, contadinho -diz Flow parado em frente ao dinheiro com as mãos na cintura- 1 milhão de doletas...
-Valeu ae rapaziada por me ajudarem nessa -diz Rome em tom de discurso.- Vocês sabem o quanto isso é importante pra mim. Eu não conseguiria fazer isso sozinho.

Todos assentem com a cabeça; inclusive Nig, que ainda estava desolado.

-Bom, apesar de toda a confusão a gente ainda se deu bem. Dá só uma olhada naquilo -diz Flow apontando na direção do resto do dinheiro- A gente separou 1 milhão e olha o tanto que sobrou. Nem parece que a gente mexeu em nada.
-É... Tem grana de sobra pra todos nós -diz Lil de braços cruzados.
-E bota grana nisso. Ali tem mais dinheiro do que tudo que a gente já viu durante todos esses anos no rap -diz Flow.
-E isso graças ao Nig -diz Rome em tom solene- Se lá no banco ele tivesse feito o que eu disse pra fazer a gente só teria a grana do resgate e mais uns trocados.
-Mas pelo menos conseguiríamos escapar e não precisaríamos fazer o que fizemos e ter que passar o resto da vida se escondendo como vamos ter que fazer daqui em diante -diz Nig.
-Se você acha que se aquelas explosões não tivessem acontecido nós não precisaríamos ter que nos esconder você está enganado -diz Lil- Só o fato de termos entrado armados no banco, rendido os clientes e roubado 1 milhão de dólares já ia ser o suficiente pra nos fuder legal. O que você fez piorou as coisas? Piorou, claro. Mas as coisas já estavam bem arruinadas antes disso acontecer, então você não pode se culpar sozinho por isso. Todos nós temos um pouco de culpa, mas se fosse pra apontar o maior culpado seria eu. Afinal de contas fui eu quem deu a ideia de fazer o assalto, lembra?