Medo

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Acabo de acordar. É de manhã. 

Sinto uma coceira no meu rosto, passo a mão no local e sinto que feriu. Vou até o banheiro pra dar uma olhada.

Me olho no espelho, no reflexo, a imagem de um homem que não conheço. No lugar dos olhos, um grande vazio, escuro e solitário, desse vazio, saem rios e rios de sangue, do mais escuro que você possa imaginar. O nariz também sangra, mas é pouco... Ligo a torneira pra limpar aquilo e limpo.

Levanto novamente pra olhar o espelho, vejo meu reflexo, seco meu rosto e saio do banheiro. 

Não estou mais em casa... De repente não consigo respirar pelo nariz, abro a boca pra poder respirar. Depois de alguns segundos, meu nariz volta ao normal e consigo respirar por ele, Fecho minha boca. Dentro de alguns minutos, não consigo respirar pelo nariz de novo. Quando tento abrir minha boca para poder respirar, não consigo, meus dentes estão grudados, se eu fizer algum movimento com a boca eles podem sair do lugar. Volto a respirar pelo nariz e meus dentes desgrudam.
Começo a andar com alguns amigos, na rua, vejo uma garota, difícil dizer quem... Mas eu à conhecia de algum lugar. Vou falar com ela, me parece uma boa idéia fazer isso! Chegando nela, aperto sua mão e a abraço como faço com todos os meus amigos.

Ela olha pra mim e me beija, sinto a melhor sensação de prazer que alguém poderia sentir. Abro meus olhos, estou em casa. Passo a mão no meu rosto, sinto que feriu, vou ao banheiro dar uma olhada no espelho. No reflexo, a imagem de uma mulher, seus cabelos são negros e bem lisos, na boca um batom vermelho bem forte, no lugar dos olhos um grande vazio, escuro e solitário. Desse vazio saem rios e rios de sangue, o nariz também sangra mas é pouco...

Ligo a torneira para limpar aquilo, limpo. Levanto minha cabeça para olhar o espelho, vejo meu reflexo, seco meu rosto e saio do banheiro.

Não estou mais em casa e uma multidão atrás de mim me observa com olhos de tristeza. Olho para trás e lhes dou um pequeno sorriso de tristeza e medo. Olho para frente, tem uma corda me esperando, vou andando em direção a corda. Subo alguns degraus e coloco meu pescoço ali.        

Pulo.

Sinto agonia e falta de ar. Por um momento, me lembro da linda mulher que vi ao me olhar no espelho, queria falar com ela... Queria saber se depois de tudo aquilo, continuaria a doer. A luz em minha vista fica fraca a cada momento, então tudo apaga. Fica tudo preto, não vejo nada.

Oque é isso? Eu morri? Não consigo saber. Fico sentado em um chão frio, numa sala escura. Não da pra ver nada. Meu rosto coça, passo a mão e sinto que feriu. Escuto uma voz bem baixinha e doce vindo de longe, me dizendo, que todos nós, estamos apodrecendo.
Derrepente o escuro da sala começa a ficar mais escuro. Dos meus poros, saem linhas de um sangue vermelho claro. No belo lugar escuro, sentado no chão, sou a única coisa que emana uma luz forte, mas mesmo assim, uma luz que é incapaz de iluminar a densa escuridão.

Minhas mãos suam e tremem de medo. Um medo simples e sem razão. O chão começa a tremer, como se um grande e pesado animal se aproximasse de mim lentamente. O chão frio se abre e caio mais ainda no escuro gelado.

RuínasOnde histórias criam vida. Descubra agora