LOVE ME LIKE YOU DO | TAEKOOK

PRÓLOGO

Kim Taehyung.

01.05.2015.

Turnê com meu álbum Love Yourself. Tóquio sempre me pareceu agradável, um ótimo local para visitar, mas ultimamente só consigo pensar no quão monótona segue minha vida. Acordar, servir como escravo de minha empresa, dormir. Está tudo parecendo cinza... Já não consigo enxergar cores nas coisas. Flores vermelhas se tornam opacas e sem vida, me sinto como se estivesse sendo levado para a década de 50, onde não havia cor em filmes, e como se eu estivesse no filme de terror mais doloroso psicologicamente, que é minha alma.

Ultimamente, consigo apenas pensar em respirar. Já não posso comer o que quero, pois devo seguir um padrão alimentício. Não posso dizer o que desejo, pois preciso seguir um padrão de vocabulário. Não posso me arrumar do jeito que gosto, pois preciso seguir um padrão de beleza. Resumindo, minha vida está se tornando um padrão.

Devo fazer tudo pensando nas pessoas. Não posso falar algo a mais em alguma entrevista, pois devo pensar em minhas fãs menores. Não posso dizer minhas sinceras opiniões, pois pode manchar minha imagem. Mas não posso desistir de tudo, pois posso perder minha família.

Estão a procura de alguma mulher para mim, alguma mulher para eu me relacionar apenas para promover marcas e trazer uma boa imagem para meu país.

"A primeira dama do grande Kim Taehyung". É... Parece bom...

Para eles...

Amo meus fãs, amo quem me acompanha, meus fãs que me dão apoio, suporte e procuram entender sempre o meu lado, mas eles são diferentes de BigHit Entertainment e de Coréia do Sul.

É claro que sou grato a minha empresa. Ela me revelou ao mundo, revelou meu talento, me abriu portas para oportunidades que eu jamais sonharia ter, e o melhor de tudo é que mudou a vida de minha família.

Infelizmente, cegou meus pais. Tudo que eles pensam agora é no meu dinheiro e em mais dinheiro para nossa família. Pensam apenas em como lucrar mais, como me promover mais, como ser mais famoso - se for possível - e como me tirar do homossexualismo.

Quando eu completei 16 anos, revelei para meus pais minha sexualidade. Revelei quem eu era, revelei os meus gostos, e tudo que eu recebi foi um "relaxa, filho, isso vai passar, você apenas precisa encontrar a mulher certa para você, ajudaremos nisso".

Eu sou apenas um solista de 20 anos de sucesso, eu dei sorte. Dei sorte de terem gostado da minha voz e da minha pessoa.

Passarei três dias em Tóquio. Serão dois dias de turnê e um dia livre, apenas pra eu aproveitar, mas não é como se fosse funcionar.

Debutei com 18 anos, foi incrível, me aceitaram super bem e fui muito bem acolhido, mas agora parece que hoje em dia já não ligam mais para minha saúde mental, apenas ligam para minha voz e o dinheiro que eu posso trazer para meu país. Apenas ligam para o título "Kim Taehyung, o maior solista da Ásia é da Coreia do Sul".

Meu maior sonho sempre foi ter uma vida normal, como dar uma estabilidade econômica suficiente para minha família e viver minha vida. Encontrar alguém, namorar, casar, ter filhos e morrer feliz, apenas uma vida normal.

Mas não é assim que as coisas andaram.

[...]

Estou me dirigindo para o estádio, onde será feito os shows, junto de meu melhor amigo e empresário, Frajola, mais conhecido como Jung Hoseok.

Hoseok é meu fiel escudeiro, o sol das minhas manhãs, minha maior felicidade. O motivo de eu ainda estar aqui e não ter me afundado, é ter ele.

Creio que, se um dia eu não o tiver mais, eu não aguentarei.

Ele me anima, me traz felicidade, me faz amar e me faz querer continuar.

Mas não querer viver.

Estou cansado de viver.

Na verdade, eu não vivo, mal existo, eu apenas... respiro.

A passos lentos, estou escutando o que o meu hyung diz para mim, estou escutando ele falar sobre minhas faixas, sobre o quanto o estádio estará lotado e sobre quantas ONGs poderemos ajudar com o dinheiro arrecadado.

Isso foi uma exigência minha. Ajudar. Se eu vim para essa Terra com uma missão, com certeza é ajudar. Se Deus me colocou na Terra e me fez ser alguém conhecido, é porque quer que eu cumpra a minha missão.

Eu não ligo para o dinheiro. Eu dou quase tudo que ganho para instituições. Dou para orfanatos necessitados, resgates de animais, hospitais carentes, moradores de rua, para quem for. Não ligo de perder o que tenho se for para ajudar, se for para fazer alguém se sentir feliz ou se sentir melhor.

Se eu precisar me doar para salvar alguém, então eu vou. Se eu precisar dar todo o meu dinheiro para alguém fazer uma cirurgia, então eu dou. Eu não me importo. Quero apenas ser reconhecido como um homem que segue o que aprendeu na igreja que frequento, que é ajudar sem pestanejar. Sem apontar dedos.

Afinal, quem sou eu para apontar dedos para alguém? Por acaso eu não cometo erros? Nenhum pecado é maior do que o outro, então eu não sou ninguém para ofender alguém, eu não tenho o direito. Isso foi o que eu aprendi, então vou propagar.

Não quero ser reconhecido como um cantor com uma boa voz, quero ser reconhecido como um homem que conseguiu seu dinheiro e fez uso dele para ajudar quem precisou. Um homem que não se importou em se doar, um homem que se entregou em prol do bem.

Mas é claro, se a minha música, a minha voz, ou a minha atitude melhorou o humor de alguém, ou ajudou alguém de 0 para 1, ou de 1 para 2, eu já venci. Eu já consegui realizar o meu objetivo, que é fazer as pessoas felizes e se amarem.

Tendo a mesma cresça ou não, a mesma opinião ou não, eu quero ajudar, quero fazer o bem, nem que eu precise dar minha vida para isso.

É satisfatório ver que pessoas se curaram de alguma doença psicológica apenas me acompanhando, sinto que já zerei a vida.

Amor.

Amor é o que eu acho que a gente merece e o mundo precisa.

Se o mundo fosse apenas feito de amor, não haveriam guerras, destruições, fome. Não haveria maldade, pois o amor é puro. O amor é forte e move montanhas. Bom seria se todos soubessem amar....

Principalmente esses dois trombadinhas que acabaram de barrar eu e Hoseok, iniciando um assalto.