— Tem certeza que não quer ir com a gente, Mads? - Cata perguntou parando seu carro do outro lado da rua da casa dos meus tios. — Vai ser legal, minha mãe vai fazer aqueles docinhos que você gosta.
— Sim, meninas. Eu tenho trabalho de Química do Professor Fernandez pra fazer... - inventei a primeira desculpa que veio em minha cabeça. Não que eu não quisesse passar a tarde com as meninas, eu só queria ficar em casa e não ter que segurar vela, as duas juntas pareciam dois coelhos, já havia perdido a conta de quantas vezes as duas se pegaram pesado na minha frente.. — E, claro, eu preciso aproveitar a paz e o sossego de estar sozinha em casa... - enfiei meu corpo no meio dos bancos da frente e beijei a bochecha de cada uma.
— Onde sua prima má está? - Esmie perguntou. Ela não era do tipo de odiar alguém, mas se odiasse, Valéria seria essa pessoa.
— Eu não sei e nem faço questão de saber, o importante é que ela não está em casa. - dei de ombros. — Vocês não querem entrar? Eu tenho jujubas no meu quarto.
— Não! - responderam juntas, quase em desespero.
— Nossa... - fiz beicinho.
— Não é com você Mads, o problema são com os dono da casa, cê sabe... - Esmeralda disse meio sem graça. — Seus vizinhos podem contar que o casal de lésbicas entrou na casa deles e depois você vai ter que aguentar sua prima e a mãe dela te enchendo o saco que nem da ultima vez.
— Eu sei. - eu saí do carro — Se comportem e usem preservativo... - pedi divertida fechando a porta.
— A gente não precisa disso! - Catalina disse divertida.
— Tá deixando ela com vergonha, Catalina - Esmeralda falou segurando o riso, com certeza eu estava vermelha.
Falar sobre sexo me deixava com vergonha... mesmo que elas fossem minhas amigas, não era comum falar disso, eu vinha de uma família em que exigia que a mulher se guardasse até o dia do casamento, seria uma vergonha se soubessem que eu simplesmente ficava sempre com um homem que provavelmente não seria nada além de um ficante.
— Amor! Olha pra Mads! Ela se faz de santa! Até a cara dela é de safada. - a loira se defendeu. — Ela fode toda noite com o gostoso do Mendonza. - sussurrou essa parte.
— Não é bem assim... - apertei as alças da minha mochila, tentando não rir. — Não é toda noite.
Nós três nos olhamos e caímos na gargalhadas.
— Eu vou entrar, tchau meninas. - acenei pra elas. — Se divirtam.
— Se cuida, Mads - Cata acenou e deu a partida no carro, catando pneu.
Entrei na casa onde morava e tranquei a porta subindo direto para o quarto que diziam ser meu. Eu sentia que não. Aquela casa não era minha, aquele quarto também não. Eu me sentia totalmente fora de lugar naquela casa, com aquelas pessoas.... Meu tio era o único que gostava de mim, pelo menos eu achava. Ou é isso ou ele finge muito bem.
Joguei a mochila na cadeira da minha escrivaninha, tirei toda minha roupa e vesti um blusão velho que me acompanhava desde os meus quatorze. O meu plano era assistir séries até a hora de dormir. Aquele era com certeza o melhor plano.
Abri a gaveta da minha cômoda e tirei de lá uma embalagem de salgadinhos e outra de marshmallow e corri até a cozinha pra pegar duas latinhas de refrigerante de cereja. Aquele seria meu almoço.
Eu estava terminado de comer enquanto assistia um novo drama no meu notebook que a Yoon havia me indicado quando meu celular vibrou. Soltei um palavrão e desbloqueei o celular. Um "M." apareceu na tela. Era o gostoso do Mendonza.
"Ocupada?"
"Indo ai"
Eu me xinguei mentalmente por ter aceitado e pausei meu vídeo. Levantei da cama e fui me vestir.
Depois de procurar por algo aceitável para usar, algo que não fosse uma calça e um moletom, o que eu normalmente usava, eu acabei escolhendo um vestido lilás curto e soltinho com alças finas e decote reto, o tecido era leve, mas o que mais me agradava era com certeza a estampa de flores amarelas.
Adrian disse que gostava de me ver usando vestidos, segundo o garoto, me deixava ainda mais bonita. E eu fazia o gosto dele... Por que? Bem, porque quando eu agrado ele, ele me retribui de ótimas maneiras.
Eu gostava de vestidos, mas eu só os usava na frente de Adrian. Eu não tinha vergonha dele, afinal, ela já tinha me visto de muitas maneiras e muitas vezes.
Me joguei de volta na cama e tratei de terminar de comer e de ver meu episódio antes que ele chegasse.
Quase meia hora se passou, e nada dele chegar, eu estava prestes a por outra vez meu blusão, só que eu ouvi a janela ser aberta, nem me dei o trabalho de olhar, eu sabia que era ele.
— Oi. - ele disse fechando a janela. Levantei o rosto e o vi de costas fechando as cortinas. Ele era sempre tentava ser o mais cuidadoso possível.
Se bem que na verdade, se fosse por ele, todos sabiam dos nossos encontros, mas minha única condição quando começamos foi que ele manteasse tudo em segredo.
Eu não queria ser conhecida como a marmita do Mendonza. Ou melhor, como outra. Isso já era demais.
— Achei que você tinha treino depois da aula. - falei, sem tirar os olhos da tela do meu notebook.
— E eu tinha, só que o otário do Gael ficou doente então eu aproveitei para dar uma passadinha na casa da minha garota favorita... - ele se sentou na ponta da cama e puxou meu notebook.
— Ei! - dei um tapa na sua mão, mais ele fez que não sentiu.
— Não gosto de coisas legendadas... - disse olhando feio pra tela do aparelho.
— Eu gosto... - tomei-o de volta e pausei meu vídeo. Levantei da cama e coloquei meu notebook sobre a escrivaninha. Iria voltar a assistir quando ele fosse embora.
— Sabe do que eu gosto, Madeline? - perguntou me puxando pra sentar de uma vez no seu colo, me fazendo soltar uma exclamação assustada.
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VICIOUS
RomanceMadeline Baudin era a herdeira de uma grande fortuna. Sendo filha única, ele sempre foi amada e mimada na mesma intensidade pelos pais, o que não a prepara para o mundo e quando eles acabam falecendo em um acidente trágico, a garota que sempre viveu...