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Quinta feira, 6 de dezembro de 2018

- Meu Deus, Hyun, o que é... Isso? - A japonesa perguntou após se deparar com a amiga pela primeira vez no dia, vendo sua mecha cinza que até o dia anterior, não existia.

- Não sei, Momoring. - A garota bufou, claramente infeliz com o crescimento repentino da mecha. - Não fui eu que fiz, ela só... Nasceu da noite pro dia, literalmente. - Passou os dedos sobre os fios esbranquiçados que tinham crescido bem na frente, perto de sua franja, e jogou-os para trás, tentando ignorar sua existência. - Acho que estou ficando velha.

- Bom, isso é estranho. - Momo murmurou, se sentando ao lado da soulmate na mesa.

- É sim. - Disse em um tom ainda mais baixo, segurando sutilmente as mãos da mais velha por baixo da mesa. - Não comeu desde que chegou. - Apontou com o queixo para o almoço inteiramente intacto da outra, que apenas suspirou e desviou o olhar. Claro, não se podia enganar Kim Dahyun. - O que houve?

- Não foi nada, Dubu, de verdade. - Respondeu, soando levemente ríspida e desesperada. Momo era péssima em mentir, e talvez fosse esse um de seus maiores defeitos.

- Moguri, por favor. - A Kim suplicou, olhando-a diretamente nos olhos. Merda, era impossível resistir àquele olhar de cachorrinho perdido.

- Tudo bem. - Suspirou profundo, apertando cada vez mais as pequenas mãos da coreana entre as suas. Precisava de um porto seguro agora, e ela era a única que poderia ser o seu. - Ontem, quando eu cheguei em casa depois de ter ido tomar sorvete com você, o Heechul começou a me perguntar várias coisas, disse que estava muito tarde pra eu estar na rua e perguntou onde eu estava realmente, sendo que eu tinha falado a verdade. Mas, tudo bem, eu entendo, ele só se preocupa comigo. - Abaixou a cabeça para fitar as mãos entrelaçadas, um sorriso triste surgindo em seu rosto. Era isso, não era? Heechul apenas a amava muito para deixa-la livre. Quem ama cuida, afinal.

- Momo, isso não é saudável. - Dahyun disse firmemente, indignada com a tamanha indiferença da amiga sobre o claro abuso do namorado. Como ela não via que estava num relacionamento tóxico? - Teve algo além disso?

A Hirai ponderou por vários segundos, os olhos fixos no cenho franzido, formando uma expressão preocupada da Kim. Estava num impasse : contar o que houve com suas telas e deixá-la mais preocupada do que já estava ou não contar nada e continuar com essa sensação estranha dentro do peito. Encheu os pulmões de ar e o soltou lentamente antes de endireitar os ombros e responder :

- Tá tudo bem, Hyunnie, sério. - A maior assegurou, abrindo-lhe um sorriso falso e doído. Odiava tanto omitir as coisas pra melhor amiga. - Não houve mais nada, depois disso ele foi pra sala e eu fui dormir, não se preocupe, ok? - Deu um beijo rápido na bochecha da garota, vendo-a ficar sem reação e corar violentamente, gaguejando um pouco ao começar a próxima sentença.

- B-Bom Moguri, eu tava pensando da gente ir naquele parque de diversões que inaugurou aqui perto. O que acha?

- Acho ótimo. - A japonesa sorriu, sentindo Dahyun deitar a cabeça em seu ombro. Adorava o quão próximas as duas eram, há anos eram assim. Não podia negar que sim, tinha um certo apreço pela coreana desde as épocas de quando eram mais jovens, mas nunca o disse. Aliás, agora era tarde demais para confessar quaisquer sentimentos; ela namorava e sabia que provavelmente Sana e Dahyun tinham algo a mais do que apenas amizade, então apenas resolvera ignorar essa sensação até que ela desaparecesse por completo.

Ela não se foi.

- Me dê um segundo, Hyun, só vou ligar pro Heechul rapidinho avisando que nós vamos ao parque, só pra ele não se preocupar, sabe? - Desencostou a cabeça da garota de seu ombro, se levantando em seguida. A mais nova a olhou de cima abaixo, talvez julgando a atitude, mas com pena. Pena de saber que sua amiga, que sempre fora tão independente, estava se sujeitando a um papel ridículo de submissa.

Gray - DahmoWhere stories live. Discover now