Domingo, 5 de setembro de 2002
A pequena Dahyun, curiosa ainda que muito nova, observava com as mãozinhas apoiadas na janela a enorme movimentação do outro lado da rua. Estava confusa com todos aqueles homens carregando várias caixas para a casa anteriormente ocupada, então afastou-se da janela e deu uma leve corridinha até sua mãe, que estava na cozinha preparando o café da manhã.
- Mamãe. – A voz baixinha de uma Dahyun de cinco anos ressoou enquanto esta puxava a barra do vestido de sua mãe, tentando chamar sua atenção. – Quem é toda aquela gente do outro lado da rua?
- São nossos novos vizinhos, Hyun. – A mais velha abaixou para ficar na altura da filha, bagunçando seus cabelos. – Ouvi dizer que eles tem uma filha mais ou menos da sua idade. Vai ser legal ter alguém pra brincar, não vai? – A menor logo abriu um sorriso, batendo palminhas em animação. Sempre quis ter uma amiguinha que pudesse brincar todos os dias. – Seu papai e eu vamos chamá-los hoje para o jantar, assim pode conhecer sua amiga. O que acha? – Sorriu, recebendo um abraço da parte da pequena, que estava mais ansiosa do que nunca para conhecer a vizinha.
As horas se passaram rápido, e antes que percebesse, a Kim já conseguia ver um casal entrando por sua porta com uma garotinha – talvez um pouco mais velha que ela – atrás de suas pernas. Ela tinha uma franjinha e olhos castanhos grandes e amendoados; sabia que ela atendia por Momo e ficou quieta a maior parte do jantar enquanto os pais da coreana conversavam animadamente com os novos moradores.
- Momo, querida. – A mãe da mais velha disse, acariciando o rosto de sua filha ternamente. – Por que você e a Dahyun não vão lá pra dentro brincar um pouco enquanto conversamos? Ela mostra os brinquedos dela pra você e outro dia você mostra os seus pra ela. – A garota pareceu um pouco insegura, talvez até amedrontada com a possibilidade, já que era tímida demais para tal, mas logo se viu cedendo ao pedido da mãe. Não poderia dar nada errado, afinal.
A coreana então pegou-a pela mão, levando-a corredor adentro para um destino que até então desconhecia, mas em questão de instantes, se situou no quarto da outra garota.
- Vamos brincar, Momo! – A mais nova chamou, sentando-se de pernas cruzadas no chão em frente a várias bonecas, que vinham acompanhadas de casinhas e carros. Ela logo pegou uma boneca e entregou nas mãos da japonesa, que, ainda meio sem reação, demorou um pouco para sentar-se ao lado da mais nova amiga e começar a brincar com ela.
Entre horas e mais horas de contos de fadas, Dahyun e Momo perceberam – ainda que em seus próprios universos infantilizados – o início de uma verdadeira e duradoura amizade, que, por mais banal que tivesse começado, não haveria de terminar tão cedo.
Segunda feira, 4 de julho de 2005
Os anos haviam se passado rápido, e claro, a amizade das garotas havia resistido a todo o tempo. Dahyun, agora com seus oito anos, estava deitada ao lado da amiga no gramado do colégio. As duas encaravam o céu azulado, buscando dar nomes às formas das nuvens enquanto mantinham seus mindinhos fortemente entrelaçados. Faltava apenas alguns meses para que Momo fizesse onze anos e, por obrigação, tivesse que mudar de escola e ficar longe da coreana até que esta atingisse a mesma idade. Seriam longos dois anos até que elas se reencontrassem nas aulas novamente.
- Hyun. – A mais velha chamou, atraindo o olhar da outra para si. – Promete que vamos ficar juntas pra sempre?
A Kim a encarou por alguns segundos, surpresa com a pergunta repentina. Logo, abriu-lhe um sorriso, apertando o mindinho da outra com o seu próprio.
- É claro que sim, Moguri. É uma promessa de mindinho, vamos ficar juntas pra sempre. – Momo retribuiu o sorriso, voltando a olhar as nuvens com a amiga em seguida, jamais soltando seu mindinho durante todo o tempo.
Daquele momento em diante, elas souberam que estariam juntas pra sempre, que seus corações bateriam como um só.
Ali, souberam que eram soulmates.
Quarta feira, 5 de dezembro de 2018
Lembrando-se das memórias mais felizes que tinha ao lado de Dahyun, um sorriso tímido apareceu no rosto de Momo, que agora lutava contra a fria ventania de Seul. Apertou-se mais ao seu casaco, subindo as escadas do prédio onde morava com pressa. Morreria por um jantar e um banho quente agora.
Mas não foi bem isso que ela encontrou ao abrir a porta.
Ele a encarava com uma certa raiva, o cenho franzido, os punhos apertados. A japonesa engoliu em seco, tentando ignorá-lo. Colocou sua mochila atrás da porta, onde ela sempre ficava e tirou seu casaco, murmurando apenas um "boa noite" baixinho. Seu corpo gelou quando ele lhe pegou pelo pulso, os dedos grandes apertando firmemente a pele e deixando uma sensação incômoda de dor.
- Onde você estava, Momo? – Rosnou, irado pelo horário que ela havia chegado em casa.
- Com a Dahyun, Heechul. – Respondeu num tom baixo, tentando desvencilhar o aperto alheio em seu pulso, mas, pelo contrário, ele apenas a apertou mais forte.
- Não, baby, onde você realmente estava?
- Eu já disse onde eu estava. – Finalmente soltou-se dele, se afastando bruscamente.
- Isso não é hora de mulher minha estar na rua. – Pegou-a dessa vez pelos ombros, aproximando seus corpos de um jeito claustrofóbico. – Que não se repita. – Ela apenas suspirou e concordou com a cabeça baixa, rumando em direção ao único lugar daquela casa que sabia que não seria perturbada. Claro, seu ateliê era seu lugar sagrado de paz.
Porém, ao ver o estado do local, jurou que sentiu o coração parar por alguns instantes.
Suas mais preciosas e queridas telas estavam jogadas aos cantos, algumas rasgadas no chão. As tintas caras, que tanto trabalhara para conseguir comprar estavam espalhadas pela mesa, as cores se misturando e dando vida a um tom feio marrom-acinzentado. Parecia que um furacão tinha passado por ali e bagunçado tudo o que um dia ela havia construído.
- Heechul! – Ela gritou, chamando pelo namorado desesperada. – O que você fez aqui?
- Ah, porra, Momo. – Ele reclamou, irritado com a garota. – Escuta, eu precisava de um lugar pra guardar minhas coisas. – Apontou para uma escrivaninha com umas caixas em cima. – E suas telas ocupavam espaço demais. – Hirai sentiu lágrimas quentes escorrerem por suas bochechas, ainda estarrecida com a perca de todos os seus trabalhos. Tinha dado tanto de seu tempo naquilo. – Qual é, Momo, para com essa porra, não chora. – Disse, já nervoso e dando as costas. – Elas eram umas porcarias mesmo. – Sussurrou, andando de volta até a sala com uma cerveja em mãos, sentando-se novamente no sofá.
Talvez ele estivesse certo, afinal.
Todas suas telas eram horríveis, e seu trabalho não valia a pena ser apreciado.
Mesmo com todo aquele esforço, ela era e sempre seria insuficiente.
-----------------------------------------------------------
opa salve salve
nao sei fazer nota final aqui eh isto
enfim gente pelo amor de deus eu nao tenho nada contra o heechul, ok? inclusive Homo casal do milenio, porem eu precisava de alguem p ser o filho da puta da historia e ele foi o sorteado
btw, to pensando em manter os capitulos nesse comprimento, mas me digam se vcs preferem eles maiores ou menores
desculpar ok
eh isto amo vcs
YOU ARE READING
Gray - Dahmo
RandomOnde Momo é insegura e toda vez que se sente insuficiente, uma mecha cinza aparece dentre os cabelos de Dahyun, sua soulmate.