Para quebrar o silêncio eu digo:
-Você é casado?
-Bem...- Ele responde.- Por enquanto sim, como eu disse, é difícil de explicar. Eu sei que nao nos conhecemos bem mas pelo que vi nós dois estamos passando por momentos difíceis agora entao, acho que tentar uma amizade nao seria tao ruim...
Nao entendo oque ele quis dizer mas sei que também preciso de alguém para conversar e desabafar.
-Tudo bem, sem problemas.
Continuamos e chegamos a um Hospital em uma parte um pouco distante da cidade. Ele paga o taxista e descemos, entramos e vamos até a recepçao.
-Viemos visitar a Linda Clark.- Diz Marco enquanto se apoia no balcao.
-Cartoes de visitante por favor. -Pela expressao dessa recepcionista ela com certeza esta tendo um dia pior que o meu.
-É que ela deixou o cartao de visitante em casa mas eu estou com o meu, ela pode entrar comigo nao pode?
A mulher nos olha de cima a baixo.
-Preencha esse formulário com suas informaçoes senhora.- Ela diz enquanto me entrega uma ficha. -Quarto 220, quinto andar.
-Obrigado. -Diz Marco com um sorriso simpático. Nos viramos e ele pega a ficha de minha maos. -Nao vai precisar disso. -E joga a mesma no lixo.
Entramos no elevador e sua presença me intimida. Me sinto pequena ao seu lado, nao de um modo grosseiro mas sim de carinhoso e protetor, me sinto protegida, algo que nao sinto a anos. O elevador para e andamos até o quarto 220, ele é branco e cheira a flores, as janelas estao com uma fresta e as cortinas balançam por causa da brisa da manha. As cortinas também sao brancas, o sol entra fraco no quarto e nao faz calor, o sol esta fraco pois ainda sao 9:05. Bocejo mas nao quero dormir, apenas meu corpo esta cansado, talvez por ter acordado as 5 da manha e pouco tempo depois ir tomar um drink. Na cama há uma mulher jovem deitada. Seus cabelos sao lisos e longos, sua pele branca como as cortinas e lençois aqui presentes. John anda até ela e deposita um beijo em sua testa, nao questiono.
-Essa é Linda... ela tem 26 anos e somos casados a 5 anos. A alguns meses atrás ela caiu da escada do sótao enquanto eu nao estava em casa. Desde entao ela nao acordou, está viva mas nao acorda, nem mesmo se mexe. Ainda estou esperando ela virar de lado e roncar, nao sei, qualquer coisa que mostre uma reaçao.
Nao digo nada. Nao consigo. Estou em pé no mesmo lugar de quando entrei e estou congelada, simplesmente nao consigo me mover. Marco está sentado em uma poltrona ao lado de Linda. Vou até ele e deposito minha mao em seu ombro mas logo tiro por vergonha, o mesmo nao se move nem tira os olhos dela.
-Eles disseram quando ela vai... -Ele me interrompe.
-Nao. Ela nao vai, pelo menos nao por enquanto. Posso te perguntar algo?
-Claro. -Respondo rapído.
-Você tem filhos?
Nao, mas sempre quis ter. John nunca quis, sempre dizia que isso iria nos atrapalhar e que nao teríamos sossego.
-Nao... quando um nao quer, dois nao fazem nao é? -Dou uma risada sem graça - Mas e você?
-Também nao. Linda nunca quis.
E o silêncio reina. Eu (de novo) nao sei oque dizer e quero ir embora, quero correr, voltar para casa e voltar para as cobertas. Reiniciar esse dia e ficar em casa. Nao contar para John que descobrir a traiçao, se bem que se eu nao dissesse nada ele provavelmente diria so para poder acabar com tudo.
-Você vem aqui todos os dias?
-Sim. -Ele responde de cabeça baixa e depois me olha. -Todos os dias.