Reconhecendo

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Acabei sonhando com o momento em que Neji morreu na guerra, e lembrei das palavras que ele me disse, que eu teria duas vidas em minhas mãos. Pensei em Hinata, em nós dois de mãos dadas, na certeza que senti naquele momento de que tudo daria certo, apesar das perdas. Finalmente compreendendo que aquele sentimento sempre esteve lá. Mesmo quando eu não me dava conta dele. Eu sempre amei Hinata, como demorei tanto para reconhecer?

Ao acordar, no entanto, a autodepreciação novamente me golpeou com força. Por mais que Kurama tivesse me acalmado e garantido que Hinata ter se declarado para mim não foi viagem da minha cabeça, ainda assim, era algo muito grandioso de se imaginar.

Obvio que devia ser viagem minha, em qual planeta um mulherão daqueles seria apaixonada por mim desde criança? Balancei a cabeça e decidi perambular pela vila logo cedo, talvez alguém precisasse de mim. Afinal, meus pensamentos quase me massacravam. Tomei meu café rapidamente e disparei pelas ruas, o festival rinne estava para começar e muita gente já se movimentava, cada qual com seus preparativos.

Eu queria uma missão, se Kakashi-sensei me desse uma, talvez conseguisse tirar Hinata dos meus pensamentos. Só que estava tudo tranquilo após a guerra e nada de novo acontecia. Foi quando ouvi a voz de uma mulher soar, ela me chamava efusivamente e eu temi ser mais uma daquelas fãs enlouquecidas que conquistei depois da guerra. Mas não era o caso. Quem me chamava era uma senhorinha muito fofa, ela mexia em uma barraca e me olhava como se eu fosse o único que poderia ajudá-la. Fui até lá e não esperava encontrar Hinata abaixada no chão, pegando alguma coisa. Quando ela levantou por impulso, com um vaso de flores em mãos, nossos olhares se encontram e senti meu coração queimar. Era como se eu a visse pela primeira vez na vida, meus olhos deviam brilhar, ou, era bem possível que Hinata visse os dois corações que brotaram no lugar deles.

Me aproximei, só para sentir minhas bochechas queimarem ao me deparar com tanta beleza. Cara, ela era linda demais, assim ficava difícil raciocinar. Consequentemente desviei meu olhar, tentando disfarçar o constrangimento.

— Hinata-chan. - recitei, evitando seus olhos.

— Naruto-san. - respondeu e eu senti meu coração quebrar um pouco mais.

Por que Hinata não me chamava mais de Naruto-kun? Eu amava como meu nome soava em seus lábios rosados, era tão... Carinhoso e inocente.

— Que bom que apareceu, a jovem Hinata está me ajudando com as flores, mas tem alguns vasos bem pesados e eu queria pedir que ajudasse a menina. - explicou a senhora que eu pensava se chamar Yumi, me limitei em apenas assentir.

— Não precisava, eu consigo carregar tudo sozinha. - garantiu Hinata, colocando uma mexa escura de cabelo atrás da orelha.

— Tenho certeza que sim, mas se eu não fizer nada vou enlouquecer. - respondi, tentando não ofendê-la com a minha ajuda.

Para minha surpresa ela sorriu.

— Me sinto assim também, preciso ocupar a cabeça. - devolveu e eu tomei coragem de chegar mais perto.

— O que posso fazer? - eu quis saber, torcendo para que fosse algo que pudéssemos fazer juntos, de preferência bem pertinho um do outro.

— Pode me ajudar a trazer os vasos de flores para cá, são muitos e eu me ofereci para ajudar. - respondeu calmamente, mantendo os olhos lunares fixos nos meus.

Estremeci com o contato visual prolongado e fiz que sim com a cabeça, a partir daí passamos a carregar os vasos com vários tipos de flores. A senhora Yumi deveria ter uma estufa para armazenar aquelas espécies que gostavam do inverno. Duas horas depois, eu estava um pouco cansado de tanto carregar aqueles vasos pesados, mas estava feliz por ter Hinata ao meu lado.

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