Peter Murray
O dia estava ensolarado, percebi isto quando a governanta Amy, abriu as enormes cortinas de meu quarto.
— Levante, Sr. Murray — disse, pegando as roupas sujas de uma cadeira próxima a minha porta. — seus amigos, colegas ou algo do gênero estão lá embaixo.
Meus pais me emanciparam, tive o alívio de poder ser independente, mas tudo com a única condição de eu ser monitorado por Amy.
Levantei-me, dando alguns tapinhas em meu rosto de aspecto sonolento.
— Hora de acordar. — falei para mim mesmo dando um suspiro cansado.
Caminhei até a janela, e tive vista de Melanie Stuart, que acenou.
A mesma tinha uma queda de anos por mim, o que eu compreendia, afinal, já havíamos ficado algumas vezes.Sem mais enrolação, tomei um ligeiro banho e logo coloquei meu uniforme do colégio. A gravata um tanto frouxa e deixando o blazer preto de lado.
Agarrei minha mochila, um tanto bagunçada, e a coloquei em meu ombro esquerdo.Desci com pressa, afinal, não aguentava mais a buzina estrondosa de Sam soar em meus ouvidos.
Ao chegar à frente do Opala Conversível dos anos 70, vermelho, fui puxado por Melanie, logo em seguida recebendo um abraço seu.
— Ai meu Deus, solte ele Melanie! Temos de chegar ainda hoje. — gritou Sam do volante.
Sam e Melanie eram irmãos, Melanie era um ano mais nova que o irmão, porém estavam cursando o mesmo ano escolar, devido a incompetência do mesmo, o qual repetiu.
Ela exibia os cabelos ruivos, e lábios carnudos, era alta e um tanto previsível. Seus olhos eram de cor castanha escura que sempre chamavam atenção, caso prestassem atenção em suas maçãs rechonchudas e marcadas.
Seu irmão por outro lado, tinha olhos verdes, rosto magro e esguio, além de lábios finíssimos. Sua única familiaridade entre ambos, eram os cabelos ruivos.
Demos passos familiarizados aos bancos de trás do carro, até eu ser interrompido por Chandler Sanchez, sentado no banco do passageiro.
— Espero que você dê outra festa hoje, Peter! Não aguento mais essa porcaria de tédio. — disse tombando a cabeça.
— Mas as aulas estão voltando hoje, e ainda é segunda... — comentou Melanie.
— E o que há? — seu irmão a questionou, o que a fez revirar os olhos.
Chandler sempre foi egocêntrico e descolado, tudo lhe dava tédio, seus últimos namorados e namoradas lhe davam tédio, sua família também, e até mesmo um dia relaxante. Mas nunca uma festa.
Ele tinha o cabelo crespo, o qual frequentemente deixava curto, sua orelha esquerda possuia três furos, com brincos os quais ele trocava todos os dias.
A pele negra e olhos grandes, com cílios levemente aparentes.Ao entrar com a ruiva, no mesmo banco, se apoderava de um dos lugares, Katerina Presscott, Kat.
Ela tomava sol apoiada no carro, usando um óculos de sol do estilo Ray Ban aviador, com os sapatos sociais no banco.— Katerina está sujando os seus bancos, Sam! — exclamei quando o mesmo deu partida.
— Ela pode, ela pode. — respondeu umedecendo seus lábios e colocando um de seus óculos de sol assim como a garota.
— Isso serve para você não se meter na maneira que as pessoas sentam, Murray — ela disse, ainda olhando para frente. — Na verdade, seria um favor você não se meter na vida de ninguém.
Revirei minhas pupilas enquanto o vento forte batia em meu rosto desprotegido e o sol queimava minhas orelhas.
Em todo o caminho todos conversamos, menos Presscott, que parecia indiferente.
Em meio às risadas e gargalhadas, ela mostrava um sorriso. Logo, entre perguntas e respostas suas palavras eram curtas.Seu cabelo louro e médio, o qual chegava abaixo de seus ombros, balançava entre a brisa.
A silhueta estrutural que se abrigava em uma estatura na casa dos cento-e-sessenta centímetros, era exibida.O seu blazer era diferente, um pouco curto e estilizado à sua maneira. A saia não era tão curta quanto a de Melanie, e sua camisa branca nunca estava amassada.
Em meio aos meus devaneios, o carro foi parado em uma das poucas vagas livres, sai do banco, com o trabalho de aguentar algumas horas esquecendo que eu estava em meu período barderneiro, e me esforçar para não dar corda à meu pai.
Haviam alguns alunos novos, maioria bolsistas, os quais — curiosamente — não possuíam habilidade alguma em, no mínimo, "socializar".
Muitas pessoas pareciam eufóricas com a idéia de não dormirem até a hora que realmente gostariam, ou de estarem bêbados em suas casas chiques.
Não que eu fosse algum tipo de exemplo decente, nunca havia sido, mas o colégio, de acordo com os meus pais, não era lugar de farra, mas sim de construção, e como bem minha mãe já havia me dito:
"Transforma idiotas irreparáveis e rudes".
— Então, você acolheu a idéia de Chandler? A festa? — questionou Sam, enquanto entrávamos, rumo aos corredores ocupados.
— Não sei bem, mas provavelmente. — respondi, ajeitando a mochila às costas.
Os celulares das pessoas as minhas voltas, receberam algo parecido como uma notificação, em um só segundo, como um coral bem ensaiado.
Meu celular não ficou fora, é claro, arranque-io do bolso traseiro e a notificação pertencia à um número desconhecido, indecente.Antes de eu ter oportunidade de abrir o conteúdo, Polly Adams corria, empurrando um de meus ombros, foi possível ouvir seu choro prematuro, acompanhado de um misto de pessoas surpresas e outras quais riam disfarçadamente.
Abri logo o que tinha ali, não era uma foto, mensagem escrita ou áudio de voz. Era um vídeo. A qual Polly, um pouco mais nova, pegara um gatinho e jogara dentro da privada.
Não entendi as risadas das pessoas, mas sim o espanto de poucas.Aquilo era nojento, cruel e inaceitável.
Mas com o que eu mais me preocupei no momento — além da horrível e óbvia morte do felino —, fora a mensagem. Nenhum número de identificação ou algo semelhante, apenas um vídeo.Alguma amiga ou namorado de Polly havia mandado aquilo para ela ser odiada? Eu nunca descobriria.
— Ótima maneira de começar as aulas. — se pronunciou Kat, saindo da companhia de nosso pequeno grupo fechado.
A diretora Francinni, logo após Katerina "desaparecer" de minha vista, apareceu furiosa em nossa frente, todos se calaram, assim que a mesma pisou forte no piso caro.
— Eu quero todos os celulares! — berrou impaciente, apontando para um grande saco azul.
Algumas pessoas apagavam conversas, outras fotos comprometedoras e coisas do gênero.
Foi um belo primeiro dia.
"Se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve".
— Alice No País Das Maravilhas.
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A Verdade Ou A Morte
Misterio / SuspensoKaterina Presscott, tem uma boa vida, estuda no colégio de elite de Westmoore, tem uma irmã mais velha que lhe dá conselhos e popularidade. Tudo isso é bom, exceto pelo casamento acabado de seus pais e o vício em drogas da irmã. Peter Murray é popu...