Pretexto

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PARTE II

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PARTE II

Algumas semanas depois da festa na casa dos Ribeiros, Gabriella e Gerson iniciaram um tipo de relacionamento, que apesar de não saber como nomear, estavam aproveitando muito cada momento em que podiam estar juntos. O casal se falava todos os dias por mensagens ao longo do dia enquanto a médica estava em sua rotina corrida de plantões, e quando o jogador encontrava intervalos em seus treinos e compromissos com o time rubro-negro.

Gerson fazia questão de ligar para a morena sempre que podia, pois havia adquirido um novo vício: ouvir o sotaque mineiro da garota. A cada palavra que ouvia saindo da boca de Gabriella, ele sorria. A cada risada que a mulher dava, sentia todo seu corpo arrepiar. Ele sabia o que era tudo aquilo que estava sentindo, e estava decidido a descobrir se a médica sentia o mesmo. Ele torcia pra que sim.

Assim que teve um intervalo durante um atendimento e outro, Gabriella pegou seu celular e viu uma mensagem do jogador enviada há quase uma hora que dizia "assim que puder me liga", e assim fez.

— E ai, linda, tudo bem? — Disse Gerson assim que aceitou a ligação da mulher.

— Tudo bem, estou numa pausa e vi sua mensagem agora, tá tudo bem por aí? — Perguntou levemente aflita pela resposta.

— Tudo ótimo, só queria falar contigo pra te fazer um convite. — Ao dizer essa frase o jogador ouviu um leve suspiro que parecia ser de alívio vindo da mulher do outro lado da linha. — O que acha de um jantar hoje só pra nós dois aqui em casa? — Gerson torcia a cada segundo para que a médica não recusasse, pois já havia planejado tudo.

— Claro! Só vou passar em casa antes pra me arrumar, pode ser? — E ao proferir tais palavras, Gabriella já pensava em todo seu planejamento do que usaria naquela noite.

— Pode sim, linda, eu te busco às nove no seu apartamento. — O jogador falava mais relaxado e tranquilo ao saber que todos os seus planos para a noite estavam caminhando de forma positiva.

O casal se despediu e assim voltaram a fazer suas atividades, Gabriella a atender seus pacientes de maneira focada e dedicada, enquanto Gerson estava em sua casa já planejando cada vez mais perfeitamente cada detalhe da surpresa que faria para a mulher que estava apaixonado.

Quando a médica notou já era hora de ir para casa, e durante o trajeto do trabalho até seu apartamento pensava no que Gerson estaria planejando para aquela noite. Enquanto se arrumava, Gabriella imaginava desde cenários normais em que seria apenas um jantar romântico, até momentos em que ele desejaria terminar com ela. O barulho da campainha fez com que ela expulsasse esse último pensamento de sua mente para abrir a porta e se deparar com o jogador ainda mais lindo do que já havia o visto, ele usava uma camisa social preta acompanhada de jeans escuros e tênis brancos.

— Você tá lindo, nossa! — Disse após dar um selinho no homem. — Deixa só eu pegar a bolsa e podemos ir.

— Nem consigo dizer o quanto você tá maravilhosa, sério. — O jogador dizia enquanto a olhava de cima a baixo com aquele vestido branco colado ao corpo, observando cada detalhe de seu rosto que levava pouca maquiagem e um brilho natural, e por fim o cabelo cacheado que era tão apaixonado. — Parece que a cada vez que te vejo você tá ainda mais linda.

Gabriella sabia que estava sorrindo como uma boba, mas não podia evitar, era assim que se sentia a lado de Gerson, a todo o momento ele a conquistava e não apenas com palavras, mas com muitas atitudes, o que fazia com que a médica se sentisse cada vez mais confortável em arriscar ter sentimentos pelo homem e se entregar de forma verdadeira.

Durante o caminho até a casa do jogador, o casal conversava de coisas cotidianas, ambos gostavam de saber como havia sido o dia do outro, fazia com que eles se sentissem ainda mais próximos, e gostavam muito disso.

Assim que chegaram ao destino final, Gerson estacionou o carro e pegou na mão da mulher ao seu lado, a guiando para a parte externa da casa fazendo com que ela estranhasse e ficasse cada vez mais ansiosa a cada passo que dava, segurando fortemente a mão do jogador.

Quando chegaram ao gramado próximo à piscina, Gabriella notou alguns homens sentados segurando instrumentos e então começaram a tocar uma música que a morena conhecia muito bem.

— Presta atenção, tá? — Gerson sussurrou no ouvido de sua amada segundos antes do grupo em frente ao casal começar a cantar a música "Pretexto" do grupo Imaginasamba.

Já não era segredo que Gabriella era apaixonada por pagode, ainda mais pelas músicas românticas, mas o que era segredo é que a mulher tinha um sonho bobo que consistia em ter alguma daquela músicas que tanto amava sendo dedicada para ela. Assim que percebeu o que estava acontecendo, o que sentia pelo homem que estava a abraçando e cantando "eu não tenho mais pretexto pra não te chamar de amor" em seu ouvido, sabia que aquilo era amor, e pela primeira vez em sua vida não estava com medo de onde aquele sentimento a levaria, pois tudo o que queria é poder amar Gerson sem nenhuma barreira.

— Linda, a gente encaixou tão bem desde o começo, todo mundo vê que o que nós temos não é fácil de ser encontrado por aí, mas nós encontramos, e ainda bem! Desde aquele dia na casa do Everton eu me sinto o homem mais feliz do mundo por saber que uma mulher tão incrível como você está me dando uma chance, mesmo depois de falar que era muito ocupada para relacionamentos, — a mulher soltou uma leve risada enquanto tinha seus olhos inundados por lágrimas — você ainda tá me deixando entrar na sua vida, e me sinto honrado por isso. Eu queria saber se você me deixa fazer ainda mais parte da sua vida, se você me deixa te chamar de amor, te chamar de minha namorada, me deixa te apresentar pra minha família e ser apresentado para sua?

Gerson falava tudo aquilo de forma tranquila, quem o via por fora não imaginava que estava surtando internamente, que estava segurando o choro há bons minutos porque queria falar todo aquele discurso que havia planejado há dias para a mulher que amava. Mas apesar de todo o nervoso, o sorriso de Gabriella em sua frente o deixava mais tranquilo, pois ao olhar para ela sabia que todo aquele sentimento de ansiedade valeria a pena. Tudo valia a pena por ela.

Gabriella não tinha palavras suficientes para responder todo aquele discurso à altura, então apenas beijou Gerson, esperando que o mesmo entendesse que aquela era sua forma de dizer "sim, eu quero te chamar de amor, quero ser sua namorada".

Dentro daquele beijo e do abraço que compartilhavam Gerson e Gabriella sabiam que aquele era o lugar que eles pertenciam, ao lado um do outro. Também tinham certeza de que o destino já havia planejado todos os momentos para que eles pudessem ter se encontrado naquele momento. Para que pudessem compartilhar suas vidas ao lado um do outro para sempre. Para que pudessem amar cada detalhe da pessoa amado todos os dias.

"Tava desacreditando do amor, quando de repente num olhar o meu mundo parou, parecia filme, coisa de cinema, mas até que enfim você chegou". - Pretexto - Imaginasamba 

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