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"Pessoas caladas têm mentes barulhentas."

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Fui dormir tarde, fiquei muito tempo no telefone com Jackson. Ele arrancou boas risadas minhas dizendo o quanto eu era louca por ter trazido uma criança que nem conhecia para a minha casa, mas ao mesmo tempo, o quanto era boa e tinha um coração grande. Mas..bem, o que eu poderia fazer a não ser ajudar uma criança que estava —sozinha— no meio de um beco sujo e escuro?

Quando acordei no dia seguinte fiquei surpresa ao ver que meu despertador nem tinha tocado. Levantei e aproveitei para dar uma olhada em Don, no quarto de visitas, ele continuava dormindo como um anjinho.

Caminhei para a cozinha quando ouvi um barulho vindo de lá, não me surpreendi quando vi minha mãe parada atrás do balcão cortando algumas frutas, ela era sempre a primeira a acordar naquela casa.

Quando entrei na cozinha, arrumando a barra da minha camisola, ela apenas ergueu o rosto para me olhar com seu típico sorriso de "bom dia".
Minha mãe não era uma pessoa que falava muito.
Tinha os cabelos curtos, na altura do pescoço, os olhos destacados e tão escuros que pareciam um universo sem fim. Ela sempre era assim, calada, observadora e uma ótima ouvinte.
Enquanto eu mal a ouvia falar...o meu pai tagarelava todo dia, ele realmente gostava de se expressar por palavras.

— Bom dia — Bocejei e me sentei em uma das cadeiras da cozinha.

— Certo.. — Ela terminou de cortar a maçã que estava em suas mãos. — Primeiramente, bom dia. — Inclinou a cabeça. — E em segundo, tem algo a dizer sobre aquela criança no quarto de visitas? Eu tenho quase certeza de que tive apenas três filhos e eles já estão todos adultos..

Acabei rindo enquanto observava sua cara pensativa.

— É uma longa história. — Ela apenas ergueu as sobrancelhas, esperando que eu continuasse falando, e foi o que fiz, contei como encontrei Dongyul.

Minha mãe continuou preparando suas frutas enquanto eu falava, ela até mesmo me entregou um copo de vitamina para que eu tomasse (todas as manhãs ela fazia uma vitamina para mim, reclamando de como eu trabalhava muito e me esquecia de comer direito).

— Então, meio que foi isso.. — Dei de ombros, passando o dedo pela borda do copo. — Eu trouxe ele para casa porque não sabia mais o que fazer, vou levar ele comigo para a delegacia e tentar entrar em contato com a família dele.

— Você fez certo, meu amor. — Ela sorriu e deu um tapinha na minha outra mão, que estava sobre a mesa.

Confirmei com a cabeça, apenas esperava conseguir resolver a situação dele.

Virei-me um pouco na cadeira a tempo de avistar o corredor, por onde vi Don saindo do quarto. Ele estava com a cara amassada de sono, os cabelos bagunçados.
Dongyul coçou os olhos e virou a cabeça de um lado para o outro, sorrindo ao me ver ali.

— Veja só quem acordou. — Foi inevitável não sorrir para ele também, que veio andando até mim.

Apresentei ele para a minha mãe e ela ficou contente por ter mais alguém para mimar com suas comidas, já que desde que meu irmão mais velho começou a preparar a mudança, eu, que era a do meio, estava afundada em trabalho e meu irmão mais novo ocupado com o último ano da escola, ela não tinha mais tantas pessoas para quem cozinhar.

Minha mãe realmente amava cozinhar.
Na verdade, ela e meu pai gostavam de fazer isso juntos, principalmente nos finais de semana.

Deixei o Don na cozinha com ela e aproveitei para me arrumar.

Amor Criminal ||KSJ||Onde histórias criam vida. Descubra agora