Prólogo

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"As pessoas as vezes machucam as outras pelo simples fato de estarem machucadas."

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Os flashes não paravam.

Estávamos há cerca de vinte minutos parados em frente à delegacia. O palanque estava montado, o microfone bem posicionado enquanto atrás dele, o delegado, e responsável pela delegacia da região, limpava suas têmporas com um pano branco, que ele sempre carregava no bolso.

— Mas o senhor poderia nos explicar melhor a situação? — A jornalista de terno vermelho mais uma vez se pronunciava.

Ela, assim como os outros, tinha seu microfone apontado na direção do palanque.

— Eu.. — Ele respirou fundo, tentava manter o controle e a boa postura. — acabei de retornar de uma viagem para resolver uma investigação, não tenho conhecimento de muita coisa e com isso peço para que se retirem da entrada da delegacia, isso apenas nos atrapalha.

E sem mais delongas e com apenas um acenar de mãos, ele dispensou os jornalistas.

— Isso é tudo que vamos receber como resposta? — Um homem ergueu a voz, balançando os braços para mostrar sua indignação.

— Eu preciso dessa matéria na capa da revista. — Uma ruiva se pronunciou.

Suspirei.
Eu sabia bem que aquela não seria a última vez que os jornalistas iriam entupir as entradas da delegacia.

Puxei um pouco a gola da minha blusa branca antes de arrumar a pasta que estava no meu braço e me aproximar dos policiais que estavam garantindo que os jornalistas não ultrapassassem.

— Não deixe que nenhum deles entre. — Pedi para Yunho, responsável pelo turno naquela manhã.

Ele acenou, sabia que a eficiência dele era sua melhor qualidade.
Com isso, segui para dentro da delegacia, sabendo que o barulho lá dentro não seria tão diferente do de fora.

Passei pela entrada, as pessoas estavam meio desconfiadas e murmuravam, certamente espalhando os rumores.
Continuei meu caminho até a sala de reuniões, onde eu sabia que a verdadeira confusão estava acontecendo.

— Que se foda! — Foi a primeira coisa que ouvi quando entrei.

O delegado estava parado em frente ao grande telão de imagens. Seus cabelos estavam despenteados e seu semblante cansado.

— Senhor, realmente-

O jovem foi interrompido antes que começasse a falar.

— Não existem desculpas. — O delegado apontou para a imagem no telão. — Ele faz essas coisas, nos afronta e ainda sai impune? Nem o nome do desgraçado nós temos.

Troquei o peso de um pé para o outro.
Aquelas reuniões eram recorrentes, ao menos uma vez no mês nos reuníamos pelo mesmo motivo: RJ

Essa pequena sigla fazia referência a um dos maiores grafiteiros da atualidade, ou como o nosso chefe gostava de falar: um arruaceiro.
Ele tinha sido o responsável por criar inúmeros problemas, sendo afrontando autoridades, perseguindo políticos com suas obras públicas chocantes ou até mesmo desafiando a polícia.

E dessa vez ele tinha ido longe de mais.
Cerca de cinco viaturas tinham sido completamente grafitadas por ele, e as imagens...digamos que um pouco obscenas. Ele gostava de sacanear, e não poupava esforços.
E ainda que suas obras fossem conhecias e seu apelido circulasse por todo o país pelas obras impactantes, atos de coragem e ataques a pessoas públicas abertamente, ninguém sabia seu nome, como era seu rosto, nada, nenhuma pista, ele era como um fantasma.

Amor Criminal ||KSJ||Onde histórias criam vida. Descubra agora