|16h15m|
Estamos neste preciso momento a caminho de San José, por onde vamos pernoitar por apenas uma noite. Depois de pararmos em Malibu para almoçar e termos aproveitado para tirar algumas fotos, mal entrámos no carro Miró entreteve-se com qualquer coisa no banco de trás, provavelmente acabando por adormecer e Noa provavelmente perdeu-se nos seus pensamentos, visto que mantém o olhar fixo no seu caderno enquanto rabisca qualquer coisa e que não refere uma única palavra há algum tempo.
- Já pensaste o que seguir na faculdade? - dirigo-me a Noa, na esperança de que a mesma acorde dos seus pensamentos.
- Hum? - tal como suspeitava, Noa andava perdida nos seus pensamentos.
- E se nos candidatássemos para uma universidade de cá?
- É uma hipótese. Não te digo que não. Mas não me consigo decidir em relação a isso.... Tenho pensado e pensado, mas só me confundo mais. - Noa responde-me sinceramente levando-me a refletir por míseros segundos.
- Não temos ninguém em especial que nos prenda em Portugal, a não ser a família... - apresento de caras um dos meus argumentos, que por não ser o melhor, tratei de arranjar mais uns quantos.
- Sim. E isso ainda tem algum peso. Se não tivéssemos mesmo ninguém, dizia já que sim, nem exitava ahahah! - caímos as duas nas gargalhadas após Noa deixar escapar um pouco do seu espírito de aventureira, que por sua vez ainda anda muito escondido.
- É um esforço de dois ou três anos a visitá-los apenas uma ou duas vezes por ano... Depois voltamos e volta tudo ao normal! A não ser que arranjes cá uma âncora... - Noa sabe perfeitamente a que me refiro, caso cá ficássemos a fazer faculdade e se por acaso algum de nós arranja-se cá alguém, podia tornar as coisas mais difíceis na hora em voltássemos a Portugal.
- Não é tão simples quanto uns míseros anos.... Especialmente porque nunca mais será o mesmo que agora. Em três anos muita coisa muda, principalmente durante o início da vida adulta, em que tanta coisa começa a marcar. - Noa contrapõe e pensa em voz alta.
- Eu sei que não, mas podíamos pensar no assunto... Até porque convém falar ali com o Sr. Sestinhas que vai no banco de trás... - aponto para o banco de trás onde vem, desde o início da viagem, o Kal a dormir a "sesta".
- Pode ser que a viagem esclareça as coisas. - digo.
- Depende do que tu queiras esclarecer... Ahahah! Quem eram aquelas peças na bomba de manhã menina Noa? - arranjo finalmente uma oportunidade para lhe questionar sobre os rapazes com quem se cruzara na bomba de gasolina.
- Já te respondi a isso... - Noa mantém-se misteriosa quanto ao grupo de rapazes com quem trocou meia dúzia de palavras esta manhã nas bombas de gasolina.
- Mas eu continuo sem acreditar como é que não aproveitaste... - continuo a insistir na esperança de que lhe consiga arrancar alguma coisa.
- Há pessoas que ainda não vês, mas já sentes que não são propriamente... Madres Teresas. - Noa constata dando-me a entender que aqueles rapazes não eram realmente boas peças.
- É assim que queres arranjar um namorado?! Maria Noa, vais voltar para Portugal acompanhada! E não é só por nós.
- Sempre ouvi dizer, "Mais vale só que mal-acompanhada".
- Ahhh isso é porque não sabes escolher a companhia... - gozo com Noa na esperança de conseguir convencê-la a sair e conhecer novas caras.
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HUMBOLDT | S.O.S
AventureUMA AVENTURA QUE SURGIU DO NADA E QUE PODE MUDAR TUDO Os meus amigos chamam-lhe "Gap Year" mas eu, prefiro chamar-lhe "Adventure Year". Três amigos que, após terem terminado os estudos obrigatórios decidem fazer uma pausa de um ano e partir para o...