II, 4 of july.

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Começou muito mais cedo do que eu poderia acreditar, literalmente.

Passei a madrugada de 4 de julho inteira empenhada em meu mais novo projeto: a sequência do meu primeiro romance. Até poucos minutos antes das sete da manhã, tudo estava correndo muito bem, o grande objetivo da minha viagem para Minessota, buscar inspiração para escrever, tinha sido alcançado com sucesso. Os primeiros dias na cidade foram tão agradáveis que em questão de pouco tempo, eu sentia que minha mente estava ainda mais desenvolta, cheia de novas idéias e principalmente repleta de motivação.

Mesmo cansada e com sono, eu já estava acostumada com o roteiro que seguia quando trabalhava em meus livros. E mal acreditei na proeza que consegui terminando um rascunho completo durante aquela noite, era um grande adiantamento em meus planos e isso me deixou muito contente. Eu tinha que admitir, todo o esforço valeu a pena. E foi graças a esse contentamento que eu me dei ao luxo de fazer uma pausa para descansar, coisa que eu normalmente não faria, ainda mais tendo em vista tamanha produtividade e satisfação.

Entrei no chuveiro tentando relaxar todo o meu corpo com um banho bem demorado. Escolhi uma roupa quentinha e confortável porque eu pretendia passar o dia todo em casa aproveitando da minha decisão de dar um tempinho e quem sabe, fazer algum programa com a vovó, como ver um filme ou ajudá-la a fazer os seus famosos e deliciosos muffins. Saí do quarto devidamente agasalhada caminhando despreocupadamente pelo corredor em direção à cozinha, era minha hora favorita do dia, o café da manhã.

Abri as cortinas da janela que ficava entre a pia de lavar e o fogão me deliciando com a vista do nascer do sol. Era início do verão e em Minessota as paisagens eram naturalmente lindas não importava qual fosse o clima. Ouvi a porta do apartamento abrir e segundos depois fechar. Era Holly, a cuidadora de Darcy.

— Bom dia Tatum. — a mulher me cumprimentou ao adentrar o cômodo.

— Bom dia Hall. — saudei olhando-a de relance com um sorriso simples no rosto. — Espero que goste de café tanto quanto eu gosto.

— O cheiro está uma delícia. Acabei de tomar uma xícara antes de sair de casa, mas acho que não vou resistir.

— Não são só com palavras que eu sou boa. — eu me gabei rindo. — Dizem que o meu café é um dos melhores.

— Darcy diz isso sempre, Totie é uma cozinheira de mãos cheias.

Totie era como Darcy me chamava desde pequena, e eu sou obcecada por apelidos incomuns, vivo dando vários aos meus amigos e familiares. Bone era o de Corbyn, o Marie era Mer, assim como o de Holly é era Hall e Darcy... bom, Darcy era Darcy. Eu tenho essa coisa de chamar minha avó pelo nome de batismo.

— É um exagero considerando que café e brownies são as únicas coisas que eu sei fazer.

— E não é o suficiente?

— Com certeza! — concordei. Ah, eu adorava Holly como uma verdadeira tia.

— Vou checar a sua avó, ultimamente ela anda acordando um pouco mais tarde do que o de costume e isso me preocupa. Me chama quando estiver pronto?

Acenei que sim com a cabeça. Enquanto Holly ia ver minha avó tratei de por a mesa do café, tentando (e falhando miseravelmente) deixá-la arrumada tão glamorosamente como Christina, a namorada de Corbyn, havia me ensinado. Eu estaria mentindo se dissesse que tinha pelo menos chegado perto de fazer igual, por mais que eu tentasse me organizar desse jeito, esse não era meu forte.

Observação: a mesa chique de café não ia ser a única coisa a dar errado naquela manhã.

Alguns minutos depois, Holly chegou à sala de jantar acompanhada de Darcy que particularmente me parecia muito mais radiante em comparação aos outros dias, ela estava toda arrumada usando um conjunto bonito amarelo e estampado com flores e trajando um chapéu de fita decorado a qual eram sua marca registrada.

who'd have known. | jatum.Onde histórias criam vida. Descubra agora