Como veio parar aqui?

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LUCIUS WALKER

Eu queria quebrar cada osso daquele verme, queria que Arlequina estivesse aqui e torturasse-o da pior forma possível. Eu posso ser tudo de ruim, talvez já tenha meu lugar no inferno reservado por causas de maldades que já fiz e faço, mas estupro não. Eu abomino essa crueldade.

Pela madrugada eu sempre saia acompanhado de Taz do quarto para fazermos uma ronda, garantindo que estou seguro aqui. Metade do país quer minha cabeça em uma bandeja de prata, ser Dom tem lá seus pontos negativos.

Até então tudo ok, seguro ao meu ver. Mas enquanto voltávamos ouvi alguns gritos e logo ficamos alertas. Andamos pelos corredores em direção ao som até pararmos em uma porta. Imediatamente chutei a fazendo cair no chão, e ao entrar me deparei com uma cena horrível. A garota do jardim com a blusa rasgada em um canto do quarto enquanto tentava se livrar de um homem em cima dela.

Sai daquele quarto furioso, andava de um lado para o outro no meu quarto enquanto tentava ligar para o idiota do Enrico.

LIGAÇÃO ON

- Já estou por dentro das últimas! - Diz com deboche.

- Eu vou arrancar sua cabeça Enrico! Eu vou embora entendeu? Já deu desse teatrinho todo! Você tem noção que minha vida está em risco aqui nessa espelunca? - Grito com raiva no telefone.

- Lucius! Você é um exagerado!

- Você vai se virar entendeu? Em dois dias eu vou voltar para casa. Organize minha saída desse hospício. - Digo e desligo.

LIGAÇÃO OFF

Ja havia amanhecido e eu não conseguia tirar o olhar aterrorizado de Liv da cabeça.

- QUE MERDA! - Grito dando um soco certeiro na TV, logo a tela partiu. Porque eu não conseguia tirá-la da cabeça? Porque nossos caminhos estavam se cruzando mais que o normal? Que merda aquela garota fez? Sou interrompido por batidas na porta logo revelando Taz.

- Senhor, duas mulheres querem ve-lo. - Diz abaixando a cabeça em respeito.

- Não quero ver ninguém. - Digo seco. Mas a porta é aberta devagar e o rosto de Liv aparece com um sorriso tímido.

- Oi... - Diz nervosa. - Eu só queria agradecer... -

- Liv! - É interrompida e logo puxada e pela voz tenho certeza que era a enfermeira idiota.

- Manda a garota entrar. - Taz obedece e sai, logo a porta é aberta e entram Liv e Angelina.

- Você. - Digo apontando para a enfermeira. - Sai. Agora.

- Senhor... - Diz também nervosa. - Não é recomendado que o senhor fique a sós com uma interna, pode haver acidentes.

- O único acidente que vai acontecer é um tiro que vou dar na sua cabeça. - Tiro a arma da cintura e aponto. Ela se rende com as mãos e sai do quarto rápido.

Liv observava tudo assustada, enquanto encarava a arma em minha mão. Eu precisava ficar a sós com ela para entender o porque do meu fascínio.

- É uma arma. - Digo a encarando, respondendo sua pergunta do jardim. - Serve para matar pessoas. Já usou uma?

- Não... - Diz apreensiva.

- Como veio parar aqui? - Pergunto e indico para que ela sente na ponta da cama.

- Eu não sei. - Diz enquanto senta. - Minha mãe se matou... - Vejo tristeza em seu olhar. - Homens entraram no meu quarto e depois eu não lembro mais de nada. - Mordia os lábios apreensiva. Puxo uma cadeira sento a sua frente.

- Qual é o lance com a lua?

- Eu gosto dela... - Mexia nas mãos nervosa. - Gosto de olhá-la. - A encaro por alguns minutos, procurando algum indício de mentira nela mas foi em vão. - Eu trouxe seu casaco de volta. Está com Angelina. - Diz quebrando o silêncio.

- Fique com ele. Quantos anos você tem? - Sou direto.

- Acho que 19... - Diz confusa. - É... isso! Angelina disse que tenho 19!

- Acha? Sabe ao menos o seu nome? - Pergunto debochado.

- É Liv.. só Liv... eu não sei mais... - Diz com o olhar vazio.

- Estou vendo que é doida de pedra. - Digo encostando as costas na cadeira e rindo. Ela levanta de uma vez aparentemente irritada.

- Eu não sou louca! - Diz seria. - Eu não sou louca! Você me magoou. - Diz e sai em direção à porta a batendo em seguida.

Quer merda foi isso? Ela me enfrentou? Essa garota é louca, não é possível! Saio logo em seguida e a encontro caminhando pelo corredor junto com Angelina, provavelmente indo para o quarto. Agarro o braço de Liv e ela me olha assustada.

- Você sabe com quem está falando sua idiota? - Grito e seguro seu pescoço. - Sabe quem eu sou sua vadia? - A suspendo no ar e vejo seu ar faltar. - Da próxima vez que sequer falar comigo, eu mato você. - A jogo no chão e volto em direção à meu quarto.

Jogo tudo que vejo pela frente no chão, sentia um misto de emoções. Raiva por ela ter me enfrentado e remorço por ter a tratado daquela maneira. Que merda está acontecendo comigo? Nunca me arrependi de nada e agora sinto culpa. O que essa garota está fazendo comigo?

- Lucius! A que devo a honra? - A voz de Arlequina ecoa do outro lado do telefone.

- Você vai me ajudar a sair desse hospício! Agora! - Grito irritado.

- Porque eu faria isso? - Diz com deboche. - Se bem me lembro, você me proibiu de aprontar qualquer merda!

- Porque se não fizer, eu corto a sua mesadinha de todo mês. E nós dois sabemos que sem ela você não é nada! - Digo com ironia.

- Não precisa apelar irmãozinho! - Diz irritada. - O que você precisa?

-  Quero um incêndio nesse hospital pela madrugada.

- Tá maluco?! - Ela grita do outro lado da linha. - Você quer morrer em grande estilo seu idiota?!

- Vejo que não me conhece bem irmãzinha... - Digo irônico. - Eu e Taz sairemos pelos fundos, antes do fogo chegar até lá.

- Tudo bem, eu gosto do perigo... - Diz dando uma risada. - Só um minuto. - Diz e posso ouvir o barulho das teclas de seu notebook. - Prontinho. Estarei nos fundos esperando por você as 3:00 da manhã. Tenho que desligar, preciso organizar um incêndio. - Guardo o telefone no bolso e vou atras de Taz para explicar o plano.

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