Eu Preciso De Você

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A verdade é que Malfoy não estava dormindo. Como ele poderia, em um quarto, plenamente sozinho com Harry Potter? Em parte, ele se culpava, pois foi sua idéia trazer as bebidas alcoólicas e fazer Harry bebê-las. Por que não se lembrou que o grifinório não estava nada acostumado com isso, e obviamente cairia no sono após alguns goles?

O moreno dormiu pesado, conformado de que Draco não falaria mais com ele. E com razão. Desmaiar em horas como aquela não era exatamente um elogio para o loiro... Maldito álcool... Por que os trouxas inventaram uma bebida tão alucinógena afinal?

Malfoy perturbado com a inatividade de Harry cochilando, levantou da cama e dirigiu-se para o toalete no fundo do quarto para tomar um banho. É óbvio que ele jamais pegaria no sono sem um banho.

Despiu-se jogando a roupa em cima de uma cômoda e apoiou os braços na pia, olhando seu rosto no espelho.

Quem era aquele garoto olhando para ele... E porque Potter agora mexia tanto com suas entranhas de uma forma tão... Diferente dos anos anteriores?

Era tudo uma brincadeira... Tudo um jogo.

Ele estava apenas brincando com Harry... Brincando de provocá-lo... De deixá-lo fora de si com coisas que grifinórios não faziam... Não era motivo para se envolver... Não estava nas regras do jogo se envolver com o protagonista... Por que diabos estava se sentindo tão mal? Por que era tão estranho quando Harry dormia ou estava longe? Por que todas essas coisas se reviravam de uma forma tão tenebrosa dentro de seu estômago durante a noite.

Fechou os olhos e respirou fundo com dificuldade. Draco estava se sentindo péssimo. Ele sabia que essa brincadeira estava indo longe demais e sabia no perigo que isso resultaria. Encostou a cabeça na parede atrás de si e escorregou até o chão, entrelaçando os dedos pelo cabelo.

Não sabia mais o que fazer. As coisas estavam indo longe mais, a maior prova disso era o jeito como estava se sentindo nesse momento. Jamais alguém conseguira fazê-lo sentir-se dessa forma. Como se um crucius estivesse o torturando sorrateiramente por dentro, prendendo sua alma aos poucos, segurando seu coração ao ponto em que este não conseguisse mais pulsar.

''... Garotos não choram Draco... Não choram... ''

Seus olhos ardiam, seu rosto queimava e por mais que mantivesse seus olhos fechados... as lágrimas escorreram.

Cobriu sua boca com a mão para abafar os soluços, apertando os olhos com força. Levantou-se trêmulo e entrou na enorme banheira de água quente. Mais uma vez respirou fundo e tentou controlar-se para não fazer barulho. Conforme seu corpo afundava, sentia o calor da água aquecer seu corpo gelado e a dor interna parecia ceder um pouco.

Afundou o bastante para cobrir o rosto todo e abriu os olhos debaixo da água observando as luzes difusas nas ondas que o movimento de seu corpo produziam. Ficou ali o tempo que aguentou, imerso. De alguma forma os problemas pareciam um pouco mais leves, ali os pensamentos não pesavam tanto em sua mente.

Voltou a superfície para respirar, levando as mãos aos cabelos para ajeitá-los para trás, piscando seguidamente conforme passava a mão no rosto e voltou a fechar os olhos. O silêncio era tão relaxante, o bastante para que ele pudesse até dormir ali. Sentia-se tão cansado, tão exausto do peso que o sobrenome Malfoy tinha em sua vida.

Seus olhos azul-marinho se abriram com o pesar dos seus devaneios.

Seu pai jamais poderia saber, seus amigos muito menos, e ao mesmo tempo, não conseguiria viver uma mentira. Seria uma tortura muito pior que ser exilado em Azkaban. Não havia escolha no mundo em que vivia, fosse mágico, fosse trouxa o preconceito ainda predominava as mentes pequenas da maioria das pessoas, jamais poderia ser o que seu corpo , sua alma e seu espírito tanto almejavam.

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