Capítulo 34

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Não sei quanto tempo fiquei ali, sentada na cadeira, ao lado de Malfoy. Eu só fiquei ali esperando até Dumbleodore aparecer. Draco estava dormindo tão profundamente que eu tinha pena de deixá-lo sozinho na enfermaria. Ele podia estar dormindo, mas agarrava em minha mão como se tivesse medo de eu não estar mais ali. Eu queria que Dumbleodore me desse respostas concretas, não respostas ambíguas, queria poder ser ciente desses grandes detalhes da minha vida. Parecia que todos sabiam, menos eu.

Eu precisava beber um pouco de água, então delicadamente me solto de sua mão para não acordá-lo. Me levanto da cadeira e me estico um pouco, ficar sentada em uma mesma posição não era nem um pouco confortável, andando até a porta da enfermaria atrás de um copo de água ou uma garrafinha. Depois de achar e saciar a minha sede, volto para a cama onde ele estava dormindo. Vejo que Draco estava já acordado, sentado ereto e me encarando.

"Ei, vejo que já acordou, quer um pouco de água?" pergunto me sentando na cadeira. Ele estava com o cabelo todo bagunçado e não parava de me encarar.

"Não, obrigado. Por que você saiu daqui?" ele fala com a voz baixa e rouca, provavelmente sua garganta estava doendo graças ao tempo gritando.

"Eu, hm, fui pegar um copo de água" digo levantando o copo em minha mão. "Você está melhor? Digo, está mais calmo? Eu cheguei aqui e você parecia não estar muito bem". falo o encarando também.

"Eu.. eu não sei. Quer dizer, eu estou bem.. estava bem.. você pode me dar a mão de novo?" ele fala, mas não o entendo muito bem na primeira parte. Estico as minhas mãos e seguro as dele, apoiando meu braço em seu colo. "Quando estou com você , quando você me toca a dor para. eu não sei o que está acontecendo".

"Muito menos eu, acredite. Parece que por aqui todos sabem de tudo, menos a gente" digo rindo fraco, enquanto ele dá um pequeno sorriso.

Alguns segundos se passam e um pensamento vem a tona; você está segurando as mesmas mãos que estavam fazendo não sei o que lá com a Pansy Parkinson no armário de vassouras. Uma onda de nojo me tomou e eu quase recuei com as mãos, sendo impedida por Draco, que as segurava firmemente. Graças a Deus que nossa atenção é concentrada nas portas que são abertas pelo diretor.

"Que bom que já acordou Sr Malfoy. temos que dar uma palavrinha com vocês dois" Alvo fala e podemos ver as senhoras Malfoy e Weasley atrás dele.

"Primeiramente, tudo é muito novo para vocês dois, então devemos ser os mais claros possível. O Senhor Draco pode carregar um gene em seu sangue, que pode ou não se manifestar ainda mais, capaz de hm.. mudar algumas coisas em seu comportamento. Esse gene está ligado a Srta Eduarda, que veio a ser o gatilho dessas manifestações nesses meses. Os dois ficarão em observação por mais um período, para ver se teremos que interferir drasticamente" Dumbleodore começa e dá uma pausa para respirar. " Em um outro momento oportuno, eu os irei chamar para dar algumas ordens aos dois, para que haja uma harmonia. As Sra's Molly e Narcisa ficarão responsáveis pelos dois fora de Hogwarts" ele termina e milhões de perguntas surgem.

"Senhor, mas como? Por que comigo? Como foi que isso aconteceu? Há alguma coisa que eu possa fazer para romper ou quebrar essa ligação?" eu pergunto rapidamente desesperada. Eu não queria estar ligada a ninguém, muito menos ficar sendo observada por algo que eu não fiz ou não tive escolha.

"R-romper? Por que?" Malfoy pergunta baixo com a voz tremendo.

"Por que eu não quero isso! Eu não escolhi, não tive opções, não tenho UMA resposta concreta. Isso pode ser perigoso, assim como tudo que envolve esse mundo. Eu estou cansada de ter minhas escolhas sendo tiradas de mim" começo falando baixo mas logo aumento o tom. Todos me encaravam e Draco parecia estar a beira de lágrimas.

Estava cansada dessa loucura toda, só queria voltar para meus pais e chorar a tarde inteira. Minhas emoções estavam tão bagunçadas e embaralhadas que não conseguia separar o que frustração, raiva e medo. Talvez um pouco dos três. Largo as mãos dele e me levanto, precisava tomar um pouco de ar puro.  Me sento em um dos diversos bancos espalhados pelos corredores do castelo, parando para pensar direito em tudo. Seguro a minha cabeça e fecho os olhos, algumas lágrimas rebeldes saiam dos meus olhos, molhando minhas bochechas. Tudo acontecia comigo! 

"Posso me juntar a você?" ouço a melodiosa voz da Sra Malfoy em minha frente. Seco o meu rosto com as costas da mão.

"Claro" respondo mesmo sabendo que ela não queria estar ali.

"Tudo o que disse lá dentro, sobre não estar tendo nenhuma opção, eu entendo o seu lado. Eu não consigo imaginar uma.. nascida-trouxa.." não gostei da hesitação em sua voz. "ser jogada em meu mundo. Mas entenda, você não é a única a não ter escolhas. Acha que meu filho queria estar nessa situação? Tente entender o outro lado também".  Eu sabia daquilo, sabia que Malfoy estava sofrendo tanto quanto eu.

"Eu só queria um pouco de paz, tentar ter a minha vida o mais normal que eu poderia conseguir. Eu sou uma porra de uma sangue-ruim" falo cuspindo com nojo essa palavra. "que foi parar na pior casa de Hogwarts para pessoas como eu. Eu sou a aberração que fala com as cobras, a amiga de Harry Potter esquisita que desmaia e grita, a menina que do nada apareceu em Hogwarts, a que deveria ter morrido no máximo com 11 anos de idade, a outra campeã da escola, a estranha que tem que dormir em um quarto separado e agora ganhei mais uma nomenclatura! para agregar na minha coleção agora eu também sou a menina que é perseguida pelo maluco do Malfoy. Tem razão, ele está sofrendo muito" digo tudo de uma vez, com uma raiva desconhecida por mim.

Ela apenas me encara com seus grandes olhos, se despede e segue pelo corredor. Fico ali mais um pouco, mas depois decido ir para o meu quarto para dar uma relaxada. Passo todo o tempo que podia dentro da banheira, saio e me arrumo. Eu precisava falar com Dumbleodore, ele querendo me dar respostas ou não.




My Little Mudblood [D.M]Where stories live. Discover now