01.| timbuktu

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───── ℭ𝔞𝔪𝔡𝔢𝔫 𝔗𝔬𝔴𝔫, 𝔏𝔬𝔫𝔡𝔬𝔫
𝟙 . 𝟡 . 𝟚 . 𝟚

JÁ FARIA 5 MINUTOS em que a garota estava sentada encarando o tabuleiro velho de xadrez em sua frente. Ela poderia estar jogando com Ollie – o assistente de seu pai –, mas desde seus oito anos em que aprendera jogar ela sempre o vencia, então sabia que seria muito fácil e não teria um pingo de graça. Jogar com si mesma estava sendo mais divertido, sempre foi. Seu pai lhe havia ensinado as técnicas básicas do jogo antes de partir para guerra em 1914, depois de quatro anos ele já apreciava a forma invencível que sua menina tinha para jogar. Essa era a graça de Esther jogar com ela mesma, descobrir seus pontos fracos, e os vencer.

A morena já tinha perdido a atenção para o tabuleiro em sua frente quando notou seu pai deixando o pequeno escritório e partindo para a entrada da destilaria. Ela não o seguiu, já sabia o que estava prestes a acontecer e sabia quem o pai estava indo encontrar, então pensou que o melhor seria esperar os dois homens.

Na entrada, lá estava ele. Thomas Shelby. O cigano inteligente qual o pai de Esther a precavera sobre o quanto era meticuloso. Alfie também comentara com a menor todas as atividades do homem, sobre as apostas em corridas de cavalo, as brigas com navalhas na boina, os roubos e a queima em massa das fotos do rei que a gangue havia liderado um tempo atrás. Thomas era altamente respeitado pela comunidade local e visto como um homem perigoso, Alfie sabia disso. Mas Alfie Solomons também era muito inteligente e calculista, além de ter criado uma filha tão inteligente quanto.

Seu pai havia lhe pedido para ficar durante a reunião de negócios que o mesmo teria com Tommy Shelby em poucos minutos, pois Alfie gostava de ter a visão da filha. Embora que, na maioria das vezes, o homem não a escutasse em meio às decisões. Então Esther Malka já estava de pé atrás da mesa no escritório de seu pai, e enquanto alisava a seda bege do seu vestido pode ouvir a voz grossa de seu pai se aproximando, até que a porta foi aberta e a mesma ajeitara sua postura depressa.

– Senhor Shelby, essa é Esther, minha filha. Esther, esse é o Senhor Thomas Shelby. – Ao adentrar o escritório, Alfie fez as breves apresentações enquanto não parava seus passos em direção a sua cadeira. A morena sorriu em direção ao homem devido em forma de cumprimento, em resposta o homem apenas a analisou de cima a baixo rapidamente e acenou com a cabeça de maneira discreta. Thomas Shelby tinha noção da existência da menina graças as suas pesquisas sobre o homem que estava para fechar negócio, apenas não sabia que Alfie deixava a garota participar de suas reuniões.

Alfie já se acomodava em sua cadeira, enquanto Tommy se sentava e Ollie já observava tudo do lado de fora do escritório enquanto Esther procurava a imagem do homem calculador e cruel que as bocas alheias diziam sobre, no entanto, ela só encontrava uma expressão neutra e alguns machucados na maça do rosto, sem mencionar a vermelhidão intensa em um dos olhos, destacando o azul de suas orbes.

– Então, eu ouvi falar muito mal mesmo do seu pessoal lá de Birmingham. – Alfie começara. – Vocês são ciganos, não? – Thomas abria uma pequenina caixinha que Esther pode reconhecer ser onde o homem guardava seus cigarros. – E então, você mora na merda de uma tenda ou em uma caravana?

– Vim aqui para falar de negócios com o senhor, Senhor Solomons – Respondeu Tommy com sua garganta rasgando de dor e ignorando completamente os comentários do homem em sua frente.

– Bom... – Alfie batera as palmas e inclinara-se sob a mesa de madeira presente no cubículo. – Rum é só pra se divertir e trepar, mas uísque? – Esther não ficava afetada com o termo utilizado pelo pai, quando o mesmo voltara da guerra ele abriu os olhos da menina de maneira arrasadora e falar a palavra "trepar", não chega nem perto das outras coisas quais Alfie lhe dissera. – Sim, uísque é para negociar... – O ruivo já abrira a sua gaveta para pegar a garrafa de uísque.

𝓑𝓪𝓫𝔂𝓵𝓸𝓷 | 𝔉𝔦𝔫𝔫 𝔖𝔥𝔢𝔩𝔟𝔶 :..✟Where stories live. Discover now