───── Camden Town, London
𝟙 . 𝟡 . 𝟚 . 𝟚ASSIM QUE DARBY SABINI tinha deixado a companhia de Alfie pelos fundos, Esther Malka marchara em passos pesados de volta para a casa e desde então não dirigira uma palavra se quer ao pai. Estava indignada, onde já se viu? Fazer acordo com um italiano que menospreza a etnia de sua família desde sempre, tio dos garotos que a traumatizaram ainda pequena, fechar negócio com o demônio! Esther tinha aversão a Thomas Shelby, não confiava plenamente no homem, na verdade, ela achava que ninguém confiava cegamente no homem citado, porém ela preferiria o senhor Shelby ao lixo de Sabini.
Naquele momento Esther estava trancafiada no quarto lendo um livro de Freud, um dos muitos que a garota possuía. Sua admiração pelo medico neurologista e psiquiatra começou quando alguns amigos de seu pai tinham retornado a guerra com traumas e tinham sido levados para alas psiquiátricas, sendo mais direta, para celas estofadas com colchões nas paredes e no chão, com o pobre homem amarrado em uma roupa sufocante que prendiam seus braços e mãos. Esther Malka gostaria de ser uma psiquiatra, como Freud é, queria desvendar os segredos extraordinários e sombrios da mente humana. Pensava em fazer faculdade, mas nunca comentara com seu pai. Muita coisa pode acontecer daqui até seus 18 anos, até ter idade para fazer faculdade, então ela não vinha necessidade de conversar sobre isso com ele agora. Não agora.
Porém a vontade da garota de analisar e entender as pessoas não a deixaria tão cedo. Quem sabe se estudasse psicologia não poderia entender os pensamentos de seu pai?
– Só queria saber por que raios ele fechou acordo com aquele babaca... – Divagava sozinha, sentada encostada na cabeceira da cama quando alguém bateu três vezes na porta de seu quarto. Sabia que era sei pai, quem seria? Alfie despedira as babás quando Esther completara doze anos e as empregadas só ficavam por lá em específicos dias da semana na parte da manha para arrumar a casa.
– Eu bati na porta e você não me respondeu, portanto, estou entrando. – Pronunciou-se Alfie do outro lado da porta com o tom de voz levemente elevado para que a filha pudesse ouvir. – Entrei.
– Uhum. – Murmurou a filha, virando a página com uma expressão neutra em relação à tentativa de conversa do pai.
– Vai me ignorar, é isso? – Questionou apoiando-se na porta e deixando suas duas mãos sob a bengala.
– Sim. Pelo menos até o Sabini não cumprir com o combinado e eu me sentir obrigada a te dizer "eu avisei". – Alfie sorriu ao ouvir a fala da garota, o homem tinha muito orgulho da garota emburrada a sua frente.
– Se lembra do campo que costumávamos ir caminhar antes do seu pai partir para a guerra? – Questionou à menina enquanto começava a andar pelo quarto.
– Vagamente.
– Você adorava, adorava ficar em contato com a natureza, amava até a merda dos mosquitos. – Fez uma expressão de nojo. – E quando eu matei o veado pra gente comer você chorou por três horas seguidas e me ignorou por duas semanas. – Esther franziu o cenho, agora fechando o livro.
– Aonde quer chegar?
– Aonde quero chegar? – Resmungou a mesma frase de Esther duas vezes enquanto mexia numa estatueta de bailarina que tinha em sua cômoda, ao lado da enorme janela que tinha no quarto de estilo minimalista. – Durante a janta, você sabia da onde tinha vindo a carne. E mesmo sabendo que era a carne do veado, você comeu. Continuou brava comigo!... Mas comeu. – Silêncio. – Não gosta de ver o veado sendo morto, mas gosta de comer a carne. – Naquele momento Esther começou a raciocinar qual que era o objetivo do pai. E também começou a perceber o quão hipócrita era a respeito da carne. – Você pode não concordar com algumas coisas, mas você aceita os resultados. As pessoas fazem isso, aceitam o que são mais favoráveis a elas. E estando como estamos agora, fazer um acordo com Sabini é mais favorável para nós do que fazer um acordo com Thomas Shelby.
– Não será favorável quando você for traído.
– E o que assegura você de que o Sr. Shelby não nos trairá? – O ruivo encarava a menina, Malka passou a olhar para os dedos em seu colo, não sabia o que responder. – Pois é. – Caminhou até o lado da cama e sentou-se próximo às pernas da menina. – Faz tempo que a gente não vai praquele campo, quer ir? – Esther sorriu abertamente e afirmou com a cabeça.
Era um lugar com a grama cortada desregulamente, com árvores secas e um vento suave. Um judeu conhecido de Alfie morava nas redondezas e eles costumavam ir com bastante frequência para a região – toda vez que Esther pedia, os dois iam, Alfie gostava de mimar a filha o quanto pudesse, tinha medo de que seu bebê crescesse o odiando pelas coisas ilegais que pratica. No entanto, com o passar dos anos ela parou de pedir para ir até lá.
– Vamos antes da pascoa judaica. – Data comemorativa dos judeus que seria dali cinco dias.
O pai queria que ele e sua filha fossem antes que acontecesse o que estava para acontecer.
– Já escovou os dentes? – Esther assentiu. Alfie pegou o livro que estava jogado ao lado da figura da menina, levantou e beijou sua testa. – Boa noite, então.
– Boa noite. – Escorregou para frente e conseguiu se deitar em baixo dos lençóis da cama de casal, observando o pai colocar o livro na prateleira.
– Ah! – Soltou como se lembrasse de algo. – E tem mais, filha...
– O que foi?
– Quando você faz negócios você não pode deixar sua história pessoal escurecer os fatos.
– Quais fatos?
– Os fatos de que qualquer um pode trair você. – Puxou a cordinha enfeitada com pérolas ligada a lâmpada do abajur, assim apagando a luz. – Seja um italiano de merda ou um cigano problemático.
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𝓑𝓪𝓫𝔂𝓵𝓸𝓷 | 𝔉𝔦𝔫𝔫 𝔖𝔥𝔢𝔩𝔟𝔶 :..✟
Action❝ ʏᴏᴜ ᴋɴᴏᴡ ᴛʜɪs ɪs ɪᴍᴘᴏssɪʙʟᴇ... ɪ ᴋɴᴏᴡ. sᴏ ᴡʜʏ ᴀʀᴇ ʏᴏᴜ ʜᴀᴘᴘʏ ᴀʙᴏᴜᴛ ᴛʜᴀᴛ? ʙᴇᴄᴀᴜsᴇ ʜᴇ sᴀɪᴅ ʜᴇ ᴡᴏᴜʟᴅ ᴅᴏ ᴛʜᴇ ɪᴍᴘᴏssɪʙʟᴇ ᴛᴏ ᴍᴀᴋᴇ ɪᴛ ʜᴀᴘᴘᴇɴ. ❞ Onde Esther Solomons é arrastada pelo pai par...